PUBLICIDADE
Logo do Corinthians

Corinthians

Favoritar Time

Antigo parceiro de ataque acha “meio complicado” torcer por Emerson

23 nov 2012 - 18h10
(atualizado às 18h14)
Compartilhar

Um dos primeiros companheiros de ataque de Emerson não partilha de sua irreverência. Com uma voz mansa e poucas palavras, o ex-jogador Tuto atendeu o seu telefone celular quando foi procurado pela GE.net com a surpresa de quem já desfruta do anonimato no interior de Santa Catarina. "Como? Você quer falar comigo?", perguntou, desconfiado. Os quase dez anos de carreira construídos no Japão, onde o Corinthians disputará o Mundial de Clubes em dezembro, fizeram com que ele se distanciasse um pouco mais da torcida brasileira.

Tuto formou dupla de ataque com Emerson entre 2001 e 2002, quando ambos estavam no Urawa Reds. "Jogamos dois anos juntos. Os dois eram titulares, claro! Os japoneses gostavam muito da gente", comentou o ex-atleta, com um saudosismo que não foi suficiente para reforçar a torcida pelo Sheik no Mundial de Clubes. "Vou acompanhar o torneio, sim. É um campeonato de prestígio no Japão, onde o Emerson foi bem. Mas daí a torcer pelo Corinthians... É meio complicado. Por mais que seja um clube brasileiro, é o Corinthians. Vou ficar em cima do muro nessa, ouviu?", avisou, sem cerimônia.

Mesmo sem o seu apoio, Tuto acredita que o ex-companheiro tem condições de ser decisivo no Mundial de Clubes. O que não seria uma novidade para o público japonês. "O Emerson cadencia mais o jogo hoje em dia. Ele estava no auge quando atuamos juntos. Era bem mais rápido", contrapôs. O Sheik, que ainda nem havia ganhado este apelido na época, tinha 23 anos quando passou pelo Urawa Reds - ou 21, pois o seu delito de adulteração de idade não havia sido descoberto na época.Ser "gato" foi apenas uma das polêmicas em que Emerson se envolveu ao longo da carreira. Em sua volta ao futebol brasileiro, por exemplo, atacante que é dono da macaca Cuta já deixou o Fluminense após entoar o funk "Bonde do Mengão sem freio" em homenagem ao rival Flamengo, faltou e chegou atrasado a treinamentos (recorreu até a um helicóptero em uma dessas ocasiões) e acostumou-se a provocar os adversários (o Palmeiras é uma "formiguinha" para ele) e a enfrentar processos judiciais. "Ah... Ele já era assim no Japão", resumiu Tuto, não muito disposto a alongar o assunto sobre as extravagâncias de seu antigo vizinho na cidade de Saitama. "Não há nenhuma história nossa de que eu me lembre assim, agora. Entre nós, a relação sempre foi boa. Mas, como ele foi jogar no Catar, acabamos perdendo contato."

Diferentemente de Emerson, Tuto preferiu permanecer mais tempo no Japão. Ele já havia chegado ao país asiático em 1998, quando deixou o Glória de Vacaria e as categorias de base do Grêmio com destino ao Kawasaki Frontale. Passou dois anos no clube antes de se transferir para o FC Tokyo do amigo Amaral, outro brasileiro com longevidade no futebol japonês. "Fiz dupla com o Emerson, mas, posso dizer que, no geral, o melhor parceiro que tive foi o Amaral. Dentro e fora de campo, ele foi incomparável", elogiou o ex-atacante, que ainda defendeu Shimizu S-Pulse, Omiya Ardija e, mais tarde, Shonan Bellmare.

"Fiquei sete temporadas seguidas no Japão, voltei e passei um tempo no Brasil (na Ponte Preta, no São Caetano e no Sertãozinho) e em Israel (no Beitar Jerusalém) antes de jogar de novo no futebol japonês. Fui para lá a primeira vez por intermédio do Beto Almeida, naquele convênio que o Grêmio mantinha no Japão. Foi bom. Até comecei a falar um pouquinho de japonês para me virar. Mas não dá para dizer que aprendi o idioma de verdade", sorriu Tuto, que ainda atuou pela Chapecoence antes de encerrar a sua trajetória pelo esporte profissional em 2010.Enquanto Emerson levará as experiências que teve com Tuto no Japão em sua bagagem para o Mundial de Clubes, o ex-companheiro continua a guardar aquelas histórias do passado para contar - reservadamente - em meio às suas novas atividades fora do futebol.

"Ainda bato uma bolinha de vez em quando e estou cuidando das minhas coisas em Dionísio Cerqueira, a minha cidade. Comprei uns negócios aqui. Eu me preparei para parar de jogar. Sou um cara bastante tranquilo", garantiu, com a sua calma interiorana - talvez até oriental - característica. Parece ser realmente difícil irritar o calejado antigo parceiro do Sheik no futebol japonês. Desde que Tuto não seja chamado pelo verdadeiro nome, Livonir, seu sossego seguirá inabalável como o de alguém que jamais precisou marcar o herói corintiano da decisão da última Copa Libertadores da América.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
Compartilhar
Publicidade