Com Copa, CBF triplica receitas e desbanca até times grandes
Muitos lucros para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), nem tantos para os clubes brasileiros. Desde que o Brasil foi anunciado sede da Copa do Mundo 2014, há sete anos, as receitas da entidade saíram de R$ 119,8 milhões em 2007 para R$ 451,5 milhões em 2013: 451,5% de salto em faturamento.
Donos da maior receita entre os clubes do País, Corinthians, Flamengo e São Paulo foram ultrapassados pela entidade já em 2009 e tiveram resultados menos animadores. Os números completos estão na sequência do texto.
A conclusão é fruto de levantamentos realizados pelo consultor especializado Amir Somoggi com base nos balanços oficiais divulgados pelos três clubes e também pela CBF. A forma como a entidade à frente da Seleção Brasileira domina o mercado publicitário esportivo ajuda a explicar, em partes, a realidade de orçamentos apertados até nas maiores equipes do País.
Na avaliação de Sommogi, a CBF consegue oferecer às empresas um produto de dimensão internacional, enquanto os clubes brasileiros não conseguiram romper as fronteiras do País para chamar a atenção de novos mercados. Esse detalhe, crê o consultor responsável pelo estudo, faz toda diferença nos resultados financeiros tão distintos no ciclo da Copa do Mundo. E também evidenciam uma dificuldade administrativa.
"Os clubes vivem do mercado nacional e poucos têm projetos de internacionalização. As receitas não acompanham as despesas. O São Paulo teve um lucro grande pela venda do Lucas (R$ 87,2 milhões), então a diferença está no produto, não na gestão", compara Amir.
Se já não bastasse receber mais, a CBF também tem despesas absolutamente inferiores em relação aos clubes cuja folha salarial é de alguns milhões. "Ela (Seleção) tem os maiores jogadores do mundo sem o custo de formá-los ou de pagar salários. Os custos estão todos com os clubes. Independente de mérito próprio, a CBF é uma marca global com partidas transmitidas no mundo inteiro", justifica o consultor.
Romário tentou levar recursos da CBF para projetos esportivos
Durante a votação do ProForte, programa do governo federal para fortalecimento das finanças dos clubes brasileiros, o deputado federal Romário tentou emenda para destinar receitas da CBF para um fundo para projetos de iniciação desportiva.
No começo, o previsto era que 10% do arrecadado em patrocínios fosse destinado a um fundo de iniciação desportiva. Romário ampliou a proposta ao tentar incluir no pacote parte dos direitos de transmissão, os jogos da Seleção e a venda de produtos licenciados, entre outros. O projeto, entretanto, foi barrado.
CBF tem 16 patrocinadores dos mais diferentes segmentos
A lista de empresas que contemplam a CBF em contratos têm: EF Englishtown, Nike, Itaú, Vivo, Guaraná Antártica, Sadia, Master Card, Samsung, Nestlé, Extra, Gillette, Volkswagen, Gol, Seguros Unimed, Parmigiani e Tenys Pé.
2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | Evolução 07/13 | |
CBF | 119,8 | 152,5 | 232,6 | 271,2 | 313,4 | 381,8 | 451,5 | 276,8% |
Corinthians | 134,6 | 117,5 | 181,0 | 212,6 | 290,5 | 358,5 | 316,0 | 134,7% |
Flamengo | 89,5 | 117,9 | 120,0 | 128,6 | 185,0 | 212,0 | 272,9 | 204,9% |
São Paulo | 190,1 | 160,6 | 174,8 | 195,7 | 226,1 | 284,1 | 364,7 | 91,8% |
* Valores em milhões de reais
2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | Evolução 07/13 | |
CBF | 65,0 | 104,8 | 164,9 | 193,5 | 219,2 | 235,6 | 278,1 | 355,5% |
Corinthians | 19,1 | 24,7 | 37,6 | 47,3 | 44,4 | 64,6 | 60,1 | 214,6% |
Flamengo | 16,7 | 21,0 | 15,2 | 44,2 | 43,9 | 34,4 | 53,3 | 219,1% |
São Paulo | 19,6 | 18,3 | 31,3 | 17,9 | 30,6 | 11,1 | 33,0 | 68,3% |
* Valores em milhões de reais