Em jogo com sinalizadores, Gobbi dedica conquista a presos de Oruro
A conquista do Campeonato Paulista pelo Corinthians teve a volta dos sinalizadores. O modelo é o tradicionalmente usado nos estádios brasileiros -- não aquele que matou o garoto boliviano Kevin Beltrán, em fevereiro, em partida do Timão na Bolívia --, mas a partida teve de ser interrompida, já aos 41 minutos do segundo tempo, quando os visitantes em festa pelo iminente título atiraram alguns deles no gramado da Vila Belmiro.
"Não é mole, não, a liberdade depende do Timão", cantaram os torcedores pouco após o apito final. Era uma referência aos 12 torcedores presos até hoje em Oruro, acusados de participação na morte de Kevin. A detenção é considerada arbitrária por autoridades brasileiras e pela direção do clube do Parque São Jorge.
O presidente Mário Gobbi incluiu os corintianos que seguem na Bolívia em sua dedicatória do título estadual. "É difícil ser campeão, meu amigo, vocês não sabem o que a gente passa. Sangra na pele, na carne. Quero agradecer a Deus e dedicar à torcida e aos torcedores que estão presos ilegalmente na Bolívia", afirmou.O dirigente viu a conquista do 27º Paulista na da história alvinegra como uma boa maneira de abrandar a revolta pela eliminação na Copa Libertadores. Até a família do árbitro Carlos Amarilla sabe que foi histórica a sua atuação no jogo que desclassificou o atual campeão sul-americano.
"Quero dedicar o título à torcida do Corinthians como desagravo pelo que ela passou na quarta-feira. Aliás, o que passou a torcida do Corinthians e o futebol mundial", acrescentou Mário Gobbi, satisfeito com o primeiro semestre do Timão.
"Foi altamente positivo. O Corinthians fez uma Libertadores muito boa e saiu por circunstâncias que todos conhecem. Chegou à final do Paulista e foi o campeão. Esse grupo ganhou tudo. Qual é o título que falta? Se você me disser, a gente vai lá buscar", concluiu o presidente.