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Fé e sonhos a caminho do Japão: Terra mostra intimidade de Gobbi

28 nov 2012 - 09h43
(atualizado às 09h43)
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Há uma parada obrigatória para Mário Gobbi, todas as manhãs, entre a casa dele no Sumaré e o Parque São Jorge. Por volta das 8h, o presidente do Corinthians procura a paz nas orações a Nossa Senhora de Fátima em uma Paróquia que fica no caminho. "Deus é uma fé. Ou você tem ou você não tem. E para quem tem, se aprofunda e se alimenta dessa fé, dá um retorno de muita paz", conta com exclusividade ao Terra em sua ampla sala com mais de 100 metros quadrados localizada no quinto andar da sede social corintiana.

Sucessor de Andrés, Gobbi apresenta um bom trabalho na presidência do Corinthians
Sucessor de Andrés, Gobbi apresenta um bom trabalho na presidência do Corinthians
Foto: Terra

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Por 90 minutos, Gobbi explicou algumas de suas características mais marcantes. A resistência às entrevistas, a incessante busca pela descentralização do poder, o desejo de contar com Tite também em 2014, a viagem pelo Mundial de Clubes da Fifa e, principalmente, a fé, expressa em cada centímetro do ambiente de trabalho. De Nossa Senhora Aparecida, Fátima, São Jorge e São José, todos eles presentes em imagens na mesa do presidente.

Os quadros que expõe logo atrás da cadeira, por outro lado, mostram um Gobbi com tendência à resignação. As frases são de José Saramago: “estou convencido de que há de se seguir dizendo não, ainda que se trate de uma voz predicando no deserto" e "(...) são os pessimistas os únicos que querem mudar o mundo, para os otimistas está muito bem. Deveria se fazer profissão e militância do pessimismo".

Durão e sensível

As frases ajudam a explicar melhor a personalidade múltipla de Mário Gobbi, nome indicado por Andrés Sanchez para a sucessão e eleito presidente em fevereiro. Delegado de polícia, ele é suficientemente duro para erguer voz contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e recusar a cessão de Tite para a vaga de Mano Menezes. Ligado à família, por outro lado, se diz sensível e se emociona durante alguns momentos da entrevista. Como com a carta escrita pela mãe, Marlene, em 1979, quando deixou Jaú para morar em São Paulo. "Boto uma fé danada nele", escreveu para Gerson, tio de Gobbi.

A confiança foi a mesma que 1.920 sócios (60%) tiveram ao selecioná-lo para administrar o maior orçamento entre todos os clubes do Brasil. Aos corintianos, apresentou um modelo de gestão bem diferente ao de Andrés Sanchez, a quem descreve como "mestre e líder". Distante das entrevistas e com discurso claro, pausado e educado.

"Desde que nos conhecemos aqui no clube, começamos a trocar ideias de política, de gestão, de como fazer esse Corinthians. Eu sou o ponto e ele é meu contraponto. Ou sou o contraponto dele. Deus nos fez cada um com características próprias, virtudes e defeitos. Não sei dizer no que sou diferente, mas temos os mesmos princípios que achamos imprescindíveis a uma gestão. Cada um age a seu estilo porque cada um tem uma vida, uma história e uma personalidade".

Um clube hermético

Outra diferença marcante de estilo diz respeito à centralização. Até 2011, as decisões passavam pela sala da presidência, o que já não é uma rotina exclusiva de Gobbi, que fez algumas mudanças importantes em cargos de confiança. "O cargo me foi conferido para administrar o clube. Devo aparecer quando for necessário. Do contrário, cada diretor fala por sua área. Ele é o presidente da área. É uma descentralização que implantamos aqui no clube", resumiu.

Entre as razões para o sucesso na parte administrativa, Gobbi também sabe que a coesão tem sido importante. Três movimentos cruciais ao longo deste ano não vazaram à imprensa antes da hora, o que mostra um clube hermético: a renovação de Tite, o patrocínio da Caixa Econômica Federal e a sensível reformulação das categorias de base. "As pessoas não têm ideia do valor de uma informação".

Se Andrés Sanchez e ele divergem em alguns aspectos, há um ponto essencial com o qual concordam. Em cinco anos no Corinthians, Adilson Batista foi o único treinador demitido. Mano Menezes chegou à Seleção e de lá só saiu, por sinal, com a discordância do diretor de seleções Andrés. É nesse raciocínio que Gobbi se escora para confiar que Tite, ao fim de 2013, renovará contrato por mais um ano.

"Pensamos que o técnico pode ir mais longe do que em três anos", explicou. Em entrevistas recentes pós-renovação para 2013, Tite disse ver com dificuldades a chance de um novo contrato em função do desgaste natural do cargo. "No fim do ano, vamos sentar com o professor e convencê-lo a permanecer conosco por mais um ano", sorri Gobbi.

Sonhador, religioso e muitas vezes cético, o presidente corintiano fica com a voz marejada e perde as palavras ao ser perguntado sobre o que traz emoções e o que mais lhe deixa irritado nos últimos tempos. "Me emociona ver o clube campeão, poder entregar benfeitorias, fazer melhor do que peguei. Me emociona ver o Corinthians bem. Me irrita querer fazer algo e não conseguir, ter um entrave".

Fonte: Terra
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