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Keirrison e Ronaldo, semelhanças e diferenças

7 mar 2009 - 09h18
(atualizado em 9/3/2009 às 20h10)
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Keirrison e Ronaldo estarão divididos no clássico deste domingo, entre Palmeiras e Corinthians, não apenas pela linha do meio-de-campo mas também por estilos distintos, como argumentam analistas à reportagem do Terra. Mas há semelhança entre eles: o alto número de gols no início de carreira.

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Em menos de dois meses no Palmeiras, Keirrison cravou a fantástica média de 1,3 gol por jogo: 13 em dez partidas. A marca faz dele o jogador com melhor desempenho neste período da temporada em toda a história do clube paulista. O recorde, que era compartilhado por Federici, Moacyr e Echevarrieta (com 12 gols em dez jogos), foi superado na derrota por 3 a 1 para o Colo Colo, na Copa Libertadores. Foi do jovem artilheiro o gol de honra palmeirense.

Impressionante é que seus números em 2009 superam também a campanha de Ronaldo no Cruzeiro - uma campanha que fez eco pelo País. Na época, todos queriam saber quem era aquele menino franzino que fazia tantos gols pelo Cruzeiro. Mas Ronaldo, computados apenas os dez primeiros jogos oficiais, tem média de 0,6 gol. Indo mais longe, dados do clube mineiro mostram que ele entrou em campo 58 vezes como profissional e balançou a rede 55 vezes (o levantamento inclui dez amistosos). E essa média de 0, 94 é, de fato, impressionante. Apenas para efeito de projeção, se Keirrison mantiver a média de 1,3 gol por jogo, em 58 partidas terá feito 75 gols - um novo fenômeno.

O melhor jogador do mundo

"Os estilos são diferentes. O Ronaldo era mais a explosão, o arranque em velocidade. O Keirrison volta mais, é um centroavante mais móvel e leve", diz Celso Unzelte, autor dos Almanaques de Palmeiras e Corinthians e jornalista da ESPN Brasil. "A semelhança é o grande número de gols. O Ronaldo chegou a ter uma média de gols superior à do Pelé em início da carreira". A análise é a mesma de Henrique Ribeiro, também jornalista e autor do Almanaque do Cruzeiro.

Para Ribeiro, que trabalhou na assessoria de imprensa do time celeste de 1999 a 2007, "Keirrison já chegou consagrado ao Palmeiras". E Ronaldo era uma promessa que poucos tinham visto jogar, vindo de uma equipe de pouca expressão, o São Cristóvão, do Rio de Janeiro. A contratação do jovem com 16 anos em 1993 foi motivada pela indicação de Jairzinho, ex-ponta-direita da Seleção Brasileira.

"O Jairzinho dizia ter descoberto o melhor jogador do mundo. Só por ter falado isso, a diretoria do Cruzeiro foi até a Europa, onde o Ronaldo estava jogando pela Seleção Brasileira de juniores, para vê-lo e depois contratá-lo. Por isso, ele chegou a Belo Horizonte debaixo de muita expectativa", disse Ribeiro, que viu o fenômeno estrear sem gol entre os profissionais na vitória sobre a Caldense, por 1 a 0, no Campeonato Mineiro daquele ano.

Em circunstâncias totalmente diferentes, Keirrison chegou ao Palmeiras como artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2008 pelo Coritiba, aos 20 anos e pelo valor de US$ 6 milhões, pagos pela Traffic. Fora o adiantamento de R$ 2 mi do próprio Palmeiras. Três anos mais novo, Ronaldo já havia sido campeão mundial com a Seleção Brasileira em 1994, pouco tempo antes de deixar o Cruzeiro para defender o PSV Eindhoven, da Holanda, por US$ 6 mi. A rápida ascensão do jovem atacante surpreendeu a todos. Ninguém tinha receio de perdê-lo para a tentadora e cruel Europa.

A explicação é que o limite a estrangeiros ainda não abusava do passaporte comunitário europeu como saída. Atualmente, os empresários correm com as papeladas para facilitar o processo de negociação dos atletas assim que surgir interesse estrangeiro. "Não existia esse medo da Europa naquela época", diz Ribeiro. Os tempos são outros, como sustenta Unzelte: "futebol é negócio, de uma maneira que não era tanto no início dos anos 1990. A ocasião em que ambos explodiram é diferente".

Até quando?

A certeza da transferência de Keirrison para o exterior só desperta uma dúvida: quando será? Assim como a transferência do meio-campista chileno Valdívia para os Emirados Árabes e a de Alex para o Parma, a futura venda de Keirrison fará com que a torcida do Palmeiras passe a pensar em um possível retorno. "Vai ser uma saudade em vão. Ele vai para a Europa com status muito próximo de Kaká, Alexandre Pato e Ronaldinho - esses não voltam mais. A esperança é de talvez encerrar a carreira no Brasil", acredita Unzelte.

Acima de todas as diferenças apontadas, Keirrison e Ronaldo ainda são opostos pessoalmente. Quando começou a brilhar, aquele que viria a se tornar três vezes o melhor jogador do mundo - como já previa Jairzinho - tinha 17 anos e uma imagem bastante infantil nas entrevistas. Keirrison é mais centrado, tem declarações mais lineares e não gosta de falar de si.

"Tinha um narrador (Fernando Sasso) que, a cada vez que o Ronaldo fazia um gol, dizia 'ééé goool do menino Ronaldo'. E o Ronaldo nunca conseguiu tirar essa imagem". Além disso, o discurso de Ronaldo, ao contrário do de Keirrison, era infantilizado. "Ele dizia nas entrevistas coisas como 'eu gosto de chocolate'", fala Ribeiro. Talvez por ser filho de jogador - o pai atuou profissionalmente no Mato Grosso do Sul -, o discurso de Keirrison é bastante diferente e maduro. Keirrison se mostra mais preparado para o cruel mundo do futebol e parece ter total noção de que é um produto do meio.

É só o começo

Unzelte defende a tese. "O Keirrison é uma pessoa mais madura que aquele Ronaldo. O tempo está mostrando que ele talvez nem tenha amadurecido tanto. Ele me parece preparado desde o começo para ser atleta profissional. O Ronaldo era prodígio", diz o jornalista, que vê a possibilidade de o atacante sair do Palmeiras como ídolo intacto, qualquer que seja o desempenho da equipe. "Aconteceu isso com o Mazzola, que jogou de 56 a 58 no clube e se transferiu para o Milan. O Palmeiras tinha um time muito ruim na época, e ele, uma média altíssima de gols".

Mas o jovem atacante tem muito a aprender no futebol. Ele já se apresenta como um dos melhores do seu tempo: em 2008, foi o artilheiro do Campeonato Paranaense e o mais jovem do Campeonato Brasileiro. Keirrison também já foi algumas vezes campeão e revelação. Só que, em contrapartida, Ronaldo sempre se mostrou um dos grandes de todos os tempos, com títulos mundiais e na Europa. O dado triste é que ambos aumentam a lista de grandes jogadores que fazem as novas gerações apagarem a referência do ídolo antigo. Assim como os melhores de outras épocas, Keirrison iluminará o futebol brasileiro por pouco tempo.

Ronaldo e Keirrison se encontram em clássico deste domingo em Prudente
Ronaldo e Keirrison se encontram em clássico deste domingo em Prudente
Foto: EFE/Gazeta Press / Redação Terra
Fonte: Terra
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