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"Moeda de troca", corintianos presos citam desesperança e pedem Dilma

Refugiado no Brasil, senador que faz oposição ao presidente Evo Morales seria reivindicação para liberdade dos torcedores

3 abr 2013 - 14h29
(atualizado em 4/4/2013 às 02h09)
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<p>Corintianos estão presos há mais de 40 dias em Oruro</p>
Corintianos estão presos há mais de 40 dias em Oruro
Foto: AFP

“A gente mesmo que está tentando fazer alguma coisa, mas para falar a verdade estou sem esperanças. Ninguém em Brasília faz nada pela gente”. O depoimento de Reginaldo Coelho, um dos 12 torcedores corintianos presos em Oruro há mais de 40 dias, resume o sentimento que têm enquanto recebem visita do Terra, na terça-feira, na Penitenciária San Pedro, em Oruro. A interpretação deles, dos diplomatas brasileiros e dos advogados envolvidos no caso é que só uma intervenção direta do Governo Federal pode aproximá-los da liberdade.

Enquanto uma parte dos presos prefere não dar entrevistas por orientação de advogados, dois dos torcedores corintianos tentam resumir o sentimento atual. Cinco deles asseguram que estavam fora do estádio quando um sinalizador disparado pelos brasileiros acertou e vitimou o jovem Kevin Espada, 14 anos, boliviano. Episódios contados por eles dão tom de descaso. Por exemplo, na decisão que fez ser decretada a prisão preventiva.

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“No nosso julgamento, a assessora da juíza estava dormindo. Dormiu mesmo, por várias vezes. Para piorar, a juíza disse que não se sentia competente para julgar um caso de tanta repercussão”, conta Reginaldo, que acrescenta. “Quando chegamos aqui, disseram para assinar alguns papéis que eram nossa liberdade. Cobriram a folha. Não sabemos o que era, mas não nos deu liberdade”, denuncia. E segue.

“Depois quando olhamos o processo, o mesmo número de RG estava no nome de três pessoas. O meu RG voltou para o Brasil dentro do ônibus, por exemplo. Isso aqui é uma várzea, companheiro. Dentro desse presídio, tem até cachorro e galinha”, exclama. Fábio Neves Domingos aponta a sensação de que são moeda de troca em função do refúgio concedido pela Justiça brasileira ao senador boliviano Roger Pinto, oposição ferrenha ao presidente Evo Morales, mas que responde a processos por corrupção e chacina de indígenas.

“Nosso advogado brasileiro tinha que estar aqui, mas ele não vem aqui. Também temos um advogado boliviano e ele nos confirmou que o governo (boliviano) quer o (Roger) Pinto para nos soltar. É na mesma hora. Se o Brasil solta o senador, eles soltam a gente. Nós fomos sequestrados e agora somos moeda de troca”, exclama Fábio.

Em contato com o Terra, o Itamaraty negou que os bolivianos estejam usando os corintianos presos como poder de barganha. "Em momento algum houve qualquer menção neste sentido por parte do governo boliviano...O cidadão brasileiro não é moeda de troca em nenhum caso", afirmou a assessoria.

De acordo com o embaixador Tovar Nunes, porta-voz do Itamaraty, não tem a mínima possibilidade de relacionar um caso ao outro. "As negociações estão sendo conduzidas por pessoas diferentes. É como se misturasse a atuação da Procuradoria-Geral da República com a promotoria de Cuiabá, por exemplo. São instâncias diferentes", disse. Sobre a falta de auxílio do advogado brasileiro aos presos, Nunes afirmou que o Itamaraty não se responsabiliza pela defesa dos corintianos. "Nós recomendamos, sugerimos. Não existe qualquer advogado contratado pelo governo brasileiro", completou.

Nesta quarta-feira, o presidente corintiano Mário Gobbi vai a Brasília e tem audiência marcada com dois ministros: José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Antônio Patriota, das Relações Exteriores. O resultado das conversas desperta ansiedade entre os presos em Oruro. Mais até do que a visita de deputados brasileiros na próxima quinta ou a reconstituição do acidente que vitimou Kevin, marcado para segunda-feira.

“Para mim vai ser outra piada, como foi o julgamento. Como podem fazer reconstituição se cinco de nós nem estávamos dentro do estádio?”, reclama Reginaldo.

* Colaboraram Diogo Alcântara e Gustavo Gantois, de Brasília.

Fonte: Terra
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