A presença em massa da torcida do Corinthians no Hotel Hilton, onde a delegação alvinegra está hospedada em Nagoya, no Japão, tem deixado a direção do local totalmente desnorteada. Foi por essa razão que um segurança foi especialmente designado para segurar uma placa em português para espantar os brasileiros invasores, ficando totalmente maluco e provocando risos dos corintianos.
O segurança carregava uma placa com uma frase em português nitidamente preparada neste sábado, após a invasão de corintianos no Hilton ocorrida nos últimos dias desde a chegada da delegação. "Entrada permitida somente para hóspedes deste hotel", dizia a publicação, que era totalmente ignorada por dezenas de torcedores que circulavam livremente pelo saguão.
Um grupo de fãs com camisas de uma organizada do Corinthians aproveitava até para ridicularizar o segurança, que foi apelidado de "japonês da placa" pelos brasileiros. Desesperado com o entra e sai de intrusos, o guarda gritava inúmeras palavras no idioma nativo e ficava até vermelho de tanto reclamar, em vão.
"Ele parece uma barata andando para lá e para cá", ria um corintiano, que carregava uma cerveja e apontava o dedo em direção ao segurança. "Ele está pedindo para que a gente saia daqui há quase uma hora, mas só vejo entrarem mais torcedores", disse um outro, empolgado.
O acúmulo de corintianos aliviou após o gerente de futebol Edu Gaspar deixar o saguão depois de dar autógrafos e tirar fotos com os fãs. Ainda assim, diversas pessoas com camisas do clube circulavam livremente pelo hotel, mesmo sem ser hóspedes, o que ia deixando o segurança cada vez mais desesperado, enquanto os brasileiros apenas riam do fato.
Em meio ao frio intenso, à mão inglesa nas ruas e à culinária exótica que marcam o Japão, bairro em Toyota tem placas em português e concentra brasileiros: é Homi Danchi, conhecida como "Cohab brasileira" na cidade
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Estima-se que mais de cinco mil brasileiros vivam na comunidade da cidade, onde Corinthians jogará na semifinal do Mundial
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Em Homi Danchi, todas as placas têm instruções em português, é fácil encontrar nas bancas gibis da Mônica e revistas brasileiras, cartazes espalhados divulgando as baladas da semana, feijão em fartura e até picanha
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Apelido de Cohab brasileira" no Japão vem do fato de conjunto de 67 prédios - todos com apartamentos de espaço reduzido, com mais de dez habitações por andar (o número varia entre cada edifício) - em muito se assemelha aos conjuntos habitacionais difundidos pelo Brasil, principalmente em SP
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Por lá, vivem muitos brasileiros que chegam ao Oriente em busca de uma melhor condição de vida e veem no "Rômi", como é mais conhecido o local, oportunidade certa para juntar dinheiro necessário para ter um carro próprio e realizar o sonho da casa própria no Brasil
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"Por isso que brasileiro quando chega no Japão quer morar aqui, onde todo mundo fala português, tem acesso a produtos que o deixam perto de casa. Tudo isso ajuda a matar a saudade", explica Paulo César Santos, paulista que mora há sete anos na comunidade
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A convite de Ronaldo Ihigashi, morador da Homi Danshi e corintiano, corintianos têm se concentrado nos prédios esperando pelo Mundial de Clubes; todos ajudam no almoço, no supermercado e nas tarefas diárias do apartamentotos
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"Aquí todo mundo fala portugués", alerta Roberto Inoue, paulista, dono de uma lanchonete que faz misto quente e vende esfiha
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Roberto Inoue cobra "módicos" 300 ienes (R$ 9, sendo que ele paga pela importação dos produtos, como a carne) pelo salgado feito com muito carinho"
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"Vai lá, conta para os seus leitores que bem longe, mas bem longe mesmo como diz a música, existe um pouquinho de Brasil, iá, iá", diz Inoue
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Além de possuírem, gratuitamente, um sistema de van, que leva os operários brasileiros diretamente para as fábricas, quem vive no Homi Danchi ainda tem a oportunidade de pagar um aluguel muito mais em conta num país onde tudo custa "os olhos da cara"
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Conjunto é dividido entre os apartamentos Kodan (42 edifícios), cujos aluguéis têm preço médio de 55 mil ienes (R$ 1650), e são todos particulares (da Agência Nacional de Planejamento Urbano - UR Toshi Kiko), com contrato via imobiliária
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Chamados "Ken-ei", pertencentes ao governo de Aichi que, a partir de um atestado de baixa renda e certificação de que os postulantes possuem crianças para criar e sustentar, mesmo a distância, os concede por irrisórios 6.500 ienes (R$ 195)
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Pelos elevadores dos prédios, "jeitinho brasileiro" consegue emitir som de rádios do Brasil captadas pela internet
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Da sacada do apartamento, é possível avistar o Estádio de Toyota, onde na próxima quarta-feira todos estarão juntos para acompanhar a estreia corintiana no Mundial
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Pelos estabelecimentos da região, camisas e outros itens do Corinthians fazem sucesso às vésperas do Mundial
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Em dezembro, segundo moradores (e torcedores), região de Homi Danchi se transformará com a concentração de corintianos
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Luciano França, há 11 anos na "Cohab nipônica", comemora: após muito trabalho, enfim, possui há 18 meses o próprio salão de beleza
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Natural de Registro (SP), Luciano comemora o fato de que "aqui a gente faz preço que as pessoas possam pagar"
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Serviços na Homi Danchi têm preços inferiores aos de outras regiões. São os casos de agências de turismo, locadoras e escolas de música e aulas de reforço de português, para que as crianças não esqueçam a língua
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Pelas paredes da comunidade, até mesmo cartazes divulgam eventos para os brasileiros da região
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Região de Homi Danchi reúne brasileiros há décadas na cidade de Toyota
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Cidade de Toyota, onde fica Homi Danchi, receberá quatro partidas pelo Mundial de Clubes 2012, sendo as últimas delas no dia 12
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Produtos de origem brasileira são muito procurados pelos moradores da Homi Danchi
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Estreia do Corinthians no Mundial será em 12 de dezembro, contra o vencedor do jogo entre Sanfrecce Hiroshima (Japão) e Al Ahly (Egito)