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Chinês no Corinthians testa potencial de marketing do futebol brasileiro

16 mar 2012 - 17h52
(atualizado às 18h31)
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Zizao ainda parece meio deslocado circulando entre jornalistas, comissão técnica e os outros jogadores do Corinthians. A cena lembra a do garoto novo chegando à nova escola: observando e sendo observado. O que um desconhecido jogador chinês de 23 anos tem para acrescentar ao clube paulista ainda não está muito claro para ninguém. Nem mesmo para ele.

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"Agora não sei. Vamos ver no futuro", respondeu Zizao depois de uma longa hesitação quando confrontado com a pergunta. "Só sei que vim aqui para jogar futebol."

Na prática ainda deve demorar para que Zizao seja escalado para uma partida. Em um de seus primeiros treinos no clube, o jogador sofreu uma luxação no ombro e agora está em fase de recuperação. E, pra completar, ninguém - nem a torcida do Corinthians - ignora que o chinês chegou ao Brasil bem mais por uma estratégia de marketing do que pelo futebol.

Mas a constatação não chegou a incomodar muita gente: a grande questão é apenas se a ideia vai dar certo e ajudar na estratégia de internacionalização do Corinthians. O especialista em marketing esportivo Rafael Plastina, da Sport Track, dá um voto de confiança ao Corinthians lembrando que o time vem adotando estratégias de marketing bem sucedidas nos últimos anos.

"É uma boa ação de marketing, porém, é parte de um processo. (Para que funcione) É preciso que o Corinthians seja desejado e visto no exterior", disse Plastina.

Sucesso no Campeonato Brasileiro

Plastina insiste que o sucesso do marketing do Corinthians depende de um trabalho ainda mais aprofundado para que o Campeonato Brasileiro atraia atenção no exterior, como os campeonatos europeus atraem no Brasil.

"Temos que mostrar para o mundo que o Campeonato Brasileiro é o mais competitivo do mundo e que assistindo aos nossos jogos eles podem estar vendo os futuros ídolos do Barcelona, do Manchester United".

O Campeonato Brasileiro já está disponível em diversos países de todo o mundo. O público no exterior, no entanto, resume-se aos fanáticos por futebol. Ao contrário da Seleção Brasileira, reconhecida e admirada em qualquer canto do mundo, os times brasileiros ainda são pouco conhecidos fora do país.

Zizao, por exemplo, mal tinha ouvido falar do Corinthians antes de ser descoberto na Ásia pelo clube. "É difícil para a gente conhecer futebol brasileiro na China porque não dá pra ver na televisão, só dá para acompanhar um pouco na internet", explicou.

Tática chinesa

O diretor de futebol do Corinthians, Edu Gaspar, foi quem recebeu a incumbência de encontrar um atleta chinês que ajudasse o clube a entrar neste enorme mercado com grande potencial, mas praticamente sem tradição no futebol.

"Tudo começou quando o departamento de marketing do Corinthians me procurou e perguntou o que eu achava de ter um jogador chinês no grupo. Eu disse que tudo dependia do planos deles", disse o ex-jogador da Seleção.

Edu afirma que não estranhou ao receber o pedido para buscar um atleta não por sua característica técnica - velocidade, por exemplo - mas, sim, pela nacionalidade. "Quando morei na Inglaterra, lembro de um clube que contratou um jogador japonês por este mesmo motivo. Não é uma prática inédita, mas somos os primeiros no Brasil", explicou.

"O futebol é assim mesmo. Os clubes também precisam arrumar maneiras de conseguir dinheiro". Edu afirma categoricamente que, quando saiu na busca de um garoto-propaganda, fez questão de encontrar um jogador que pudesse contribuir para a equipe.

"Zizao é um jogador muito rápido e muito bom no um contra um. Queríamos alguém mais novo, mas não encontramos nenhum com qualidade técnica suficiente", disse.

Os torcedores estão cautelosos a respeito do assunto porque muito pouco se sabe das qualidades técnicas de Zizao, que podem ser vistas em alguns poucos vídeos do futebol chinês disponíveis no YouTube. A diretoria está recebendo, aparentemente, um voto de confiança.

"É mais uma ação de marketing do Coringão, é claro, mas eu acho bacana", disse o músico Gabriel, enquanto assiste a uma partida de seu time em um bar de São Paulo. "Traz o moleque aí, deixa ele jogar e vamos ver no que dá", completou.

O próprio Zizao ainda não sabe qual será aproveitado como jogador
O próprio Zizao ainda não sabe qual será aproveitado como jogador
Foto: Edson Lopes Junior / Terra
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