Criador de filial do Boca é demitido, gasta R$ 5 mil e bane corintiano
- João Henrique Marques
- Direto de São Paulo
O fanatismo pelo Boca Juniors já levou sérios problemas ao brasileiro Rodrigo Alcantara, 24 anos. O estudante de publicidade criador da filial paulista da torcida do clube argentino foi demitido do estágio em uma agência de comunicação por conta de viagens para acompanhar o time na Copa Libertadores da América deste ano, teve gasto de cerca de R$ 5 mil para isso, e se indispôs com um corintiano participante do fã clube às vésperas da final.
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"A filial é coisa séria, temos estatuto, e o certo é torcer para o Boca Juniors, não ser apenas simpatizante. Um dos nossos membros foi pego apoiando o Corinthians em rede sociais e tive que expulsar", contou Rodrigo, presente no desembarque da delegação do Boca, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na tarde desta terça-feira.
O brasileiro juntou-se aos argentinos torcedores do Boca no saguão do aeroporto, e exibiu orgulhoso a bandeira da filial ao lado dos novos membros do fã clube: "Tivemos a adesão de 13 brasileiros antes da final. Fica claro que temos anti-corintianos aqui, mas eles têm que respeitar o estatuto. Tanto que usam camisas do Boca, e não de clubes brasileiros", destacou o criador do grupo.
"Sou torcedor do São Paulo, e o Riquelme virou meu ídolo por alguns dias. É claro que estou aqui para torcer contra o Corinthians. Nunca serão (campeões da Libertadores)", se empolgou Willian Rodrigues, integrante recente da filial também presente no aeroporto.
O apresso de Rodrigo pelo Boca é diferenciado dos demais membros do fã clube. Começou em 98, quando aos 12 anos o então torcedor do São Paulo acompanhou o pai em um duelo da equipe frente ao Palmeiras pela Mercosul no Palestra Itália. "O Boca perdeu o jogo (3 a 1), mas a torcida não parou de gritar mesmo assim. Aquilo me fascinou. A partir de então resolvi deixar o São Paulo de lado. Se os dois times jogarem, sou Boca", avisou.
Com o passar do tempo, a admiração virou idolatria. Tanto que em 2010 criou a filial do clube em São Paulo, que hoje conta com 57 integrantes, sendo 46 brasileiros e nove argentinos, sendo seis residentes no Brasil.
A filial em São Paulo não tem sede, e a mensalidade do associado é de R$ 25 mensais, utilizados em churrascos e partidas de futebol para confraternizações, explica o fundador.
Para fortalecer o relacionamento com os torcedores argentinos do Boca, Rodrigo optou por acompanhar o time em jogos válidos pela Libertadores, perdeu o emprego e contabilizou cerca de R$ 5 mil em viagens, alimentação e hospedagem.
"Fui duas vezes ao Rio de Janeiro para acompanhar os jogos contra o Fluminense (primeira fase e quartas de final), em La Bombonera ver a primeira semifinal contra a La U (Universidade de Chile-CHI), e ao Chile ver o jogo de volta. Fiquei mais de uma semana fora do trabalho e perdi o emprego. Não tem problema. O que vale é o Boca", disse o fanático brasileiro.
No aeroporto, o estudante de publicidade aproveitou para também recepcionar torcedores do Boca vindos de Buenos Aires, e aumentar o coro de apoio ao clube. Aos berros, em castelhano, provocou torcedores do Corinthians presentes no saguão e mostrou ter exportado aos argentinos provocações brasileiras frente aos fanáticos pelo clube paulista. "No tiene cancha (não tem estádio)", gritava Rodrigo como um argentino para irritar os corintianos.