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Inglaterra

Corinthians desafiou pela 1ª vez o "antijogo" do Chelsea há 83 anos

2 ago 2012 - 07h00
(atualizado às 09h35)
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Possível adversário do Corinthians na final do Mundial de Clubes, em dezembro, o Chelsea já enfrentou a equipe brasileira uma vez. O duelo ocorreu em 4 de julho de 1929, e, se foi campeão europeu em 2012 "com a bunda lá atrás", na opinião do atual treinador corintiano Tite, o time londrino fez antijogo muito pior no amistoso de 83 anos atrás (um 4 a 4, disputado no Parque Antarctica, em São Paulo).

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Jornais da época relatam que o Chelsea abriu três gols aproveitando estado de saúde do goleiro Tuffy, que se dispôs a jogar mesmo sem condição física ideal e, ao contrário do habitual, teve péssima atuação. Após jogos no Rio de Janeiro, Buenos Aires e Montevidéu, a equipe se valia de atos de indisciplina e violência, além de "truques pouco limpos".

Mesmo vencendo o campeão paulista, o Chelsea apresentava "futebol medíocre", digno de seu posto na segunda divisão da Inglaterra. A cada falta assinalada pelo árbitro, os adversários chutavam propositalmente a bola para fora de campo. Também respondiam com um "sorriso cínico provocador" aos protestos da torcida, que compareceu em bom número ao Estádio do Palestra Itália, mesmo a partida sendo em uma quinta-feira à tarde.

Linha semelhante seguiu a crônica da Folha da Manhã, que definiu que o oponente do Corinthians não ia "além da violência de jogo e de alguns arroubos de indisciplina". "Sem fintas, os atacantes passam a bola sofrivelmente e investem como verdadeiros tanques. Os médios são obscuros", acrescentou o jornal, condenando também os "chutes 'viva São João' (para o alto)" e o "mau vício de correr para frente, a fim de colocar os adversários em impedimento. Mas os gols de Jackson, Walsin e Elliot não foram suficientes para segurar a vitória. Em seis minutos, Gambinha (duas vezes) e Grané balançaram a rede de Millington e empataram antes do intervalo.

"Nunca mais a meta teve sossego, desde a reação até o fim do jogo. (...) Tomados em velocidade, os ingleses atiravam-se às tontas. (...) Vários pontos (gols) foram perdidos, não por falta de bom chute ou de oportunidade, mas foi infelicidade", informou a publicação.

O quadro corintiano até chegou à virada na etapa final, com De Maria, porém o triunfo escapou depois de Tuffy ser vazado mais uma vez por Elliot: 4 a 4. "Mas o adversário foi virtualmente batido. E tratava-se do Chelsea", ponderou A Gazeta. "Pena é que o resultado final de uma partida (...) nem sempre deixa bem gravado no público a impressão real da atuação".

Aquele foi o penúltimo compromisso da pré-temporada do Chelsea na América do Sul. Três dias depois, perderia por 3 a 1 para um combinado paulista e encerraria a excursão com saldo negativo entre derrotas e vitórias. Passado hiato de 83 anos, agora financiado pela fortuna do russo Roman Abramovich, o clube poderá ter de novo pela frente o Corinthians, atualmente o mais poderoso representante do futebol brasileiro e campeão da Copa Libertadores.

O possível duelo no Japão só existirá caso ambos passem pelas semifinais. Ocasião em que Tite poderia provar que "o Corinthians não joga igual ao Chelsea, não faz o antijogo, não fica com a bunda lá atrás esperando o adversário", como declarou em certo momento da temporada. Ou a chance de o Chelsea de contrariar o treinador e, de quebra, refazer a imagem deixada aos sul-americanos depois de desembarcar em Santos, em 1929, vindo a bordo do navio Asturias.

Com o título da Liga dos Campeões, o Chelsea é o principal rival do Corinthians no Mundial
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Foto: Reuters
Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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