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“Produto de um Brasil que não existe mais”, Rivellino ganha biografia

27 ago 2015 - 18h56
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Unanimidade no Fluminense, Roberto Rivellino divide opiniões entre torcedores do Corinthians até hoje. Autor do livro que leva o nome do ex-jogador, o jornalista Maurício Noriega deixou sua análise sobre a escassez de novos “Rivellinos” nos campos brasileiros em tempos de 7 a 1.

“O final do livro tem alguma coisa nesse sentido. O País da época dele e do Pelé não existe mais. O Rivellino era fã dos jogadores de várzea e ia de canoa para vê-los em ação. Ele foi criado nesse ambiente diferente do atual. Jogava na rua, na terra, no campo de várzea...”, divagou Noriega, cuja obra “Rivellino” será lançada em evento na Livraria Cultura nesta sexta-feira, pela Editora Contexto.

“Ele desenvolveu a habilidade do drible jogando descalço com a molecada. Hoje a coisa mudou, não existe mais tanta força nessa cultura do futebol de rua e a especulação imobiliária acabou com os campinhos de várzea. O Rivellino é produto de um Brasil que não existe mais”, explicou o jornalista, que se reuniu diversas vezes com o campeão mundial de 1970.

Segundo o autor, a figura idolatrada de Rivellino ainda tem um sonho a realizar no futebol: a formação de novos craques. “Ele gosta de revelar jogadores, de identificar o talento e trabalhar em cima disso. Ele falou que nunca foi chamado para uma função dessas, nem mesmo pelo Corinthians, que tem um bom trabalho de base”, destacou Maurício, que colheu depoimentos exclusivos de Pelé, Zico, Michel Platini, Beckenbauer, Tostão e Neto.

Embora o “Bigode” nunca tenha defendido outra camisa no Brasil que não fosse a alvinegra ou tricolor carioca, o jornalista não vê a rivalidade como um obstáculo para procurar a realização do sonho em outros clubes, como Palmeiras, São Paulo ou Flamengo. “Eu acho que ele não veria problema em trabalhar para um rival. Talvez ele gostasse mais se fosse no Fluminense ou no Corinthians, mas também não vejo a rivalidade como um fator impeditivo”, ponderou.

“O Rivellino sente muita falta das conversas de vestiário, da convivência com os jogadores. Eu senti isso nas nossas entrevistas, ele tem saudade desses ambientes. Talvez por isso ele tenha esse sonho antigo”, prosseguiu. Segundo Noriega, Rivellino garante ter sido procurado apenas pelo Fluminense após o fim do Paulistão de 1974.

“Ele afirma que o Fluminense foi o único time que o procurou depois do Paulista de 74. Não houve uma procissão de clubes atrás do passe dele. É um período da vida dele que ainda o machuca. Até recomeçarem os jogos, ele foi o único assunto de tudo, levou porrada de todo lado”, revelou o comunicador, que também aponta a mágoa do ex-atleta com o ex-presidente do Corinthians, Vicente Matheus, e até com o ex-repórter J. Hawilla, hoje empresário do futebol – e citado nos relatórios do FBI que investigam a corrupção na Fifa.

“O Rivellino culpa o J. Hawilla pela saída do Corinthians por causa de uma matéria feita para a Rádio Bandeirantes que considera maldosa. E o próprio J. Hawilla admitiu que foi maldosa, reconheceu que errou. Não houve uma reconciliação propriamente dita, e sim uma festa promovida pelo Fausto Silva na qual o J. Hawilla se desculpou pela reportagem”, adianta o autor.

“Ele tem mágoa do (Vicente) Matheus pela forma como saiu do Corinthians. O jogador tinha direito a 15% do passe e o Matheus não quis pagar. Ele não disfarça que ainda sente isso, que ainda guarda essa mágoa. O torcedor do Corinthians ainda tem mágoa, dá para notar que uma geração ainda tem muita bronca dele. O clube tem tentado reaproximar a imagem do Rivellino nos últimos anos para reatar os laços, mas vamos ver. Em relação ao torcedor do Fluminense, é um carinho muito grande, muito forte e unânime”, afirmou.

“Seguramente, ele está entre os cinco melhores da história. Ele é marcante para outras gerações de jogadores também. O Maradona, o Zidane e o Neto têm o Rivellino como ídolo. O Neto não se cansa de dizer que o Messi e o Cristiano Ronaldo não limpam as chuteiras do Rivellino. Pessoalmente, ele sabe que foi grande e tem noção de que era diferente. Mesmo assim, ele toma cuidado com as palavras para não passar uma imagem de arrogância, mas o Rivellino sabe que teve uma carreira digna de poucos”, finalizou Noriega, que lançará o livro “Rivellino” de forma oficial nesta sexta-feira, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.

*especial para a GE.net

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