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"Fantasma" e tabu de 20 anos; veja marcas que perturbam Corinthians

3 jul 2012 - 08h07
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Diego Garcia
José Edgar de Matos

"O brasileiro se sente incomodado contra o argentino, as estatísticas do Boca pesam". A declaração do goleiro Agustín Orión na semana da decisão da Copa Libertadores entre Boca Juniors e Corinthians pode ser interpretada como soberba. Entretanto, pelo menos nos números, o torcedor corintiano deve levar em consideração às palavras do camisa 1 xeneize. O time alvinegro, em busca da conquista inédita, precisará derrubar um "fantasma" que atinge o futebol nacional desde o ano de 1992.

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Há vinte anos, o São Paulo superou o Newell's Old Boys nos pênaltis e se consagrou pela primeira vez campeão da América do Sul. A partir da histórica vitória são-paulina no Morumbi, o futebol brasileiro incorporou o papel de "freguês" dos argentinos. Desde então, os dois países rivais disputaram diretamente cinco finais, e em todas a língua espanhola predominou na festa de comemoração.

A alegria dos comandados de Telê Santana em 1992 (e 1993, ano do bicampeonato contra o Universidad Católica) terminou dois anos depois. Em um cenário semelhante, repleto de tensão no Morumbi, o São Paulo não conseguiu o tri. Contra o Vélez Sarsfield, Palhinha parou em José Luis Chilavert na disputa por pênaltis e viu os argentinos iniciarem uma hegemonia que o Corinthians poderá quebrar em 2012.

O Morumbi, em São Paulo, aliás, é um dos palcos preferidos dos argentinos na competição sul-americana, especialmente do Boca Juniors. O adversário corintiano se tornou o maior algoz das equipes nacionais. Em 2000, no primeiro encontro entre Brasil e Argentina na decisão da Libertadores após a vitória do Vélez em 1994, os torcedores xeneizes comemoraram o título diante do Palmeiras, em triunfo conquistado somente na decisão por pênaltis, e calaram o Cícero Pompeu de Toledo.

Depois de impedir o bicampeonato palmeirense em 2000, o Boca Juniors voltou a promover uma festa argentina no Morumbi três anos depois. Mesmo enfrentando a geração sensação de Diego e Robinho, o clube xeneize estragou a festa do Santos na capital paulista: vitória de 3 a 1, com grandes exibições de Delgado e um tal de Carlos Alberto Tevez, ou Carlitos, um dos maiores ídolos recentes da história do Corinthians.

As vitórias sobre Palmeiras e Santos em pleno Morumbi transformou o nome Boca Juniors em algo extremamente temido no futebol brasileiro. Toda a mística criada sobre o clube novamente entrou em campo no ano de 2007, mas no Estádio Olímpico, em Porto Alegre. Com Juan Román Riquelme, principal nome do atual elenco, inspirado, o time de Buenos Aires venceu o Grêmio por 2 a 0 e levou a sexta taça de Libertadores para o bairro de La Boca.

A decisão diante do Corinthians em 2012 é a primeira do Boca Juniors desde a vitória no Olímpico. Contudo, mesmo sem a presença do "temido" adversário, os argentinos voltaram a comemorar em uma decisão contra os brasileiros em 2009, e novamente fora de casa. Comandado pelo veterano Juan Sebástian Verón, recentemente aposentado, o Estudiantes de La Plata venceu o Cruzeiro por 2 a 1, no Mineirão, e voltou a subir no topo do continente sul-americano depois de 29 anos.

Protagonista neste período de total freguesia brasileira, o Boca Juniors carrega consigo esse retrospecto positivo para a decisão. Resta ao Corinthians, que já entrará no Pacaembu pensando em uma conquista tão sonhada, na qual jamais esteve tão perto, derrubar mais um tabu (ou "fantasma" como alguns gostam de ressaltar) para se consagrar campeão da Copa Libertadores pela primeira vez na história.

Histórico favorável aos argentinos vem de antes da freguesia:

A invencibilidade dos argentinos em decisões contra brasileiros nos últimos 20 anos serviu apenas para aumentar a diferença entre os dois países na principal competição das Américas. O Brasil, desde o início da Copa Libertadores em 1960, não possui bons números quando o assunto é a final do torneio diante do maior rival futebolístico.

A primeira decisão entre as duas nações ocorreu em 1963, quando o Santos, de Pelé, superou o Boca Juniors em dois jogos, com incontestáveis vitórias por 3 a 2, no Maracanã, e 2 a 1, em plena La Bombonera. Ainda na mesma década, os argentinos responderam. Em 1968, o Estudiantes venceu o jogo desempate contra o Palmeiras por 2 a 0, no Estádio Centenário, e impediu o primeiro título palestrino, que viria somente em 1999.

Outro clube paulista que também sofreu diante de uma equipe do país rival na decisão, antes de vencer pela primeira vez o torneio, foi o São Paulo. Em 1974, o clube tricolor caiu para o Independiente, chamado na Argentina como o "Rei de Copas", em virtude das sete conquistas de Libertadores (as quais podem ser igualadas pelo Boca em 2012). Após uma vitória para cada lado, o clube de Avellaneda superou os brasileiros por 1 a 0, em Santiago, no jogo desempate.

A primeira conquista de um brasileiro sobre um argentino ocorreu no ano de 1976. Mesmo debutando em uma decisão, o Cruzeiro superou o River Plate por 3 a 2, em Santiago, e se tornou o primeiro time campeão da Libertadores pós-Era Pelé; e o último a superar um adversário do País rival em finais até o histórico São Paulo de Telê Santana.

Vencedor em 1976, o Cruzeiro ainda retornou à final no ano seguinte, mas caiu nos pênaltis justamente para o Boca Juniors. O Grêmio, em 1984, um ano depois de se consagrar campeão da Libertadores pela primeira vez, não resistiu ao Independiente, e acabou com o vice depois de perder em casa por 1 a 0, e não passar de um empate sem gols em Avellaneda.

O Boca Juniors é o principal "fantasma" dos brasileiros em decisões de Libertadores
O Boca Juniors é o principal "fantasma" dos brasileiros em decisões de Libertadores
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Fonte: Terra
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