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Sede, regalias e amizades: 50 minutos com corintianos presos na Bolívia

Reportagem do Terra visita brasileiros detidos na sequência da morte do boliviano Kevin Espada. Eles fazem revelações sobre o cárcere em Oruro

3 abr 2013 - 14h35
(atualizado às 14h57)
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Penitenciária San Pedro, em Oruro, é onde estão presos os 12 brasileiros
Penitenciária San Pedro, em Oruro, é onde estão presos os 12 brasileiros
Foto: Dassler Marques / Terra

Dona Rose é uma senhora boliviana de 65 anos. Tem muitas dores nos pés, mas está com pressa. Com a licença de quem já está na terceira idade, passa adiante das pessoas que fazem fila à frente da Penitenciária San Pedro, em Oruro, na Bolívia. Todos os dias, às 14h, ela chega para a visita diária dos presos. Dona Rose, sozinha, carrega ainda duas sacolas cheias de comida. “Agora eu sou a mamãe deles”, diverte-se enquanto bate à porta do presídio para pedir entrada.

A chegada dela é um raro momento de alegria dos 12 torcedores corintianos presos desde o fim da noite de 20 de fevereiro em função da morte do menino boliviano Kevin Espada, 14 anos, na partida entre San José e Corinthians. Dona Rose se debruça sobre as grades enferrujadas que separam os detentos dos visitantes e começa a passar as bandejas de comida. No cardápio do dia, segundo a boliviana, tem bife. A refeição é custeada sempre pela embaixada brasileira na Bolívia, que contratou Dona Rose.

<p>Reginaldo, à esquerda, e Fábio, à direita, contaram sobre os mais de 40 dias presos na Bolívia</p>
Reginaldo, à esquerda, e Fábio, à direita, contaram sobre os mais de 40 dias presos na Bolívia
Foto: AFP

Na tarde de terça-feira, quando encontraram a reportagem do Terra para uma visita que dura 50 minutos, os presos corintianos tinham é sede. Não só de liberdade, mas de água mesmo. “Estamos sem há três dias. Ali naquele tanque – aponta – fica a água dos presos. Mas aqui eles cortam rabo de vaca para fazer vassoura e lavam isso na água que os presos bebem. Fica um cheiro de carniça muito forte, cheiro de rato morto”, explica Reginaldo Coelho, apelidado de Cabeção.

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Ele e os outros brasileiros sentem alívio por, pelo menos, só se alimentar da comida preparada por Dona Rose. “A comida dos presos aqui é pé de galinha, todos os dias. Com unha e tudo”, diz Fábio Neves Domingos, que é dirigente da Pavilhão Nove e trabalha como vendedor de frutas. Enquanto os brasileiros recebem garrafas de água mineral levadas pela reportagem, dois presos bolivianos se aproximam para também matar a sede e recebem copos d’água entregues por Fábio e Reginaldo.

O gesto dá conta de como a relação atrás das grades têm sido mais pacífica depois de um início complicado, atestam ambos. “Quando chegamos aqui, os bolivianos nos aguardaram no pátio e nos receberam com gritos de assassino. Mas até eles aqui já perceberam a situação. Eles querem que a gente saia. Até os guardas nos tratam muito bem, já não temos mais nenhum problema”, diz Fábio.

Os corintianos tratam como episódio isolado a tortura que seis deles receberam há aproximadamente uma semana. Foram encontrados seis aparelhos de rádio da operadora Nextel em suas coisas, o que é proibido, ainda que não haja cobertura para o sistema na Bolívia. A punição foi passar algumas horas em um pequeno quarto escuro, sem qualquer feixe de luz, com uma série de presos considerados perigosos.

A visita que normalmente é de 10 minutos já chegava a 50 sem qualquer tipo de interrupção pelos policiais bolivianos. Quem interrompe é Fábio, que está apressado para um campeonato de futebol entre os detentos que se iniciaria pouco depois, momento raro de lazer. “Vamos bater uma bola com os bolivianos, até mais”, despede-se.

Fonte: Terra
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