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Tite volta, supera eliminações e conduz o hexa do Corinthians

Equipe chegou ao seu sexto título brasileiro depois dos fracassos no Paulista, na Libertadores e na Copa do Brasil

1 jan 2016 - 10h59
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O ano de 2015 marcou o retorno de Tite ao Corinthians. Após se dedicar aos estudos com a expectativa de ser o sucessor de Luiz Felipe Scolari na Seleção Brasileira, o técnico campeão mundial de 2012 aceitou o desafio de ampliar a sua história no clube do Parque São Jorge. E conseguiu, com outro título brasileiro – o sexto corintiano, o segundo sob o comando do gaúcho.

Antes de consagrar a temporada por meio do Campeonato Brasileiro, no entanto, Tite precisou superar alguns percalços. Os reforços de início de ano foram escassos, até porque o Corinthians enfrenta dificuldades financeiras desde que investiu em um estádio bilionário e no atacante Alexandre Pato. Desta vez, a principal contratação demorou a chegar e mais ainda a entrar em forma – Vagner Love, trazido pelo novo presidente, Roberto de Andrade. O volante Cristian, também badalado, era outro com problemas físicos.

Mesmo sem tantas opções quanto gostaria, Tite tentou mudar o jeito de jogar do Corinthians desde janeiro, na pré-temporada realizada nos Estados Unidos, e no amistoso festivo com o britânico Corinthian-Casuals. Já na Copa Flórida, ele esboçou a sua equipe ofensivamente. Abriu mão do volante Petros, muito querido pelo antecessor Mano Menezes, para colocar mais um armador no meio-campo. Esse homem era o uruguaio Nicolás Lodeiro, que preferiu atuar pelo argentino Boca Juniors e ofereceu a chance para Jadson se transformar em um dos grandes destaques da equipe.

Além de entrosar Jadson e Renato Augusto, Tite deu liberdade a Elias no esquema tático que passou a alardear como “4-1-4-1”, com Emerson aberto do lado esquerdo e o peruano Paolo Guerrero como referência do ataque. Na defesa, a novidade foi a presença de Felipe, que herdou a vaga de Anderson Martins ao lado de Gil. O veterano Edu Dracena acabou contratado para repor a baixa de última hora, porém não se firmou como titular.

Com esse time e essa filosofia, o Corinthians largou bem na temporada. Na Copa Flórida, perdeu por 1 a 0 para o Colônia e fez 2 a 1 sobre o Bayer Leverkusen, os dois adversários da Alemanha. Na Copa Libertadores da América, não tornou o colombiano Once Caldas um novo Tolima na fase eliminatória – avançou para o grupo 2 com uma goleada por 4 a 0 dentro de casa e um empate por 1 a 1 fora. E, no Campeonato Paulista, os resultados também começaram a aparecer com facilidade.

A sucessão de vitórias fez do Corinthians de Tite o centro das atenções do futebol brasileiro. O técnico passou a falar com orgulho em programas de televisão sobre aquela que era apontada como a melhor equipe do País. Ainda mais depois da vitória por 2 a 0 sobre o rival São Paulo, em Itaquera, no primeiro duelo da fase de grupos da Libertadores. No Estadual, a liderança da chave B foi selada com 37 pontos ganhos, nove de vantagem para a Ponte Preta.

Chegava a hora de o Corinthians ser testado em jogos eliminatórios. No primeiro deles, contra a Ponte Preta, a oponente reclamou bastante de um gol anulado de Renato Cajá, e o xará Renato Augusto garantiu o suado triunfo por 1 a 0. O time de Tite estava classificado para as semifinais do Paulista, apesar de o técnico preferir concentrar as suas forças na Libertadores.

Foi por priorizar o torneio continental que o Corinthians deixou Elias e Renato Augusto fora do primeiro tempo do mata-mata contra o Palmeiras. A partida terminou empatada por 2 a 2, e a vaga na decisão precisou ser definida nos pênaltis. Nas cobranças, Elias e Petros desperdiçaram pelo time da casa e decretaram a primeira grande dor em Itaquera para o clube alvinegro.

A segunda estava por vir. De forma surpreendente. Diante do modesto Guaraní, o Corinthians teve atuação bastante apática e foi derrotado por 2 a 0 no Paraguai, com gols de Santander (em falha do goleiro Cássio) e Contreras. Na Zona Leste paulistana, o time de Tite pagou o preço do nervosismo para reverter o resultado adverso e teve dois jogadores expulsos, Fábio Santos e Jadson. Fernández anotou nos acréscimos e fez os paraguaios saírem classificados com mais uma vitória, desta vez por 1 a 0.

“A má apresentação nas oitavas de final da Libertadores pesou. No Paulista, ter sido eliminado pelo Palmeiras é do jogo. Mas jogar mal contra o Guaraní balançou”, lamentou Tite, que não aceitava a comparação entre essa decepção e o vexame da eliminação para o colombiano Tolima, na pré-Libertadores de 2011. Tal qual daquela vez, contudo, o Corinthians se reergueria e conquistaria o Brasileiro no mesmo ano.

As adversidades ainda aumentariam em 2015. Com menos dinheiro do que no princípio da temporada, o Corinthians começou a perder os seus destaques. O peruano Paolo Guerrero manchou a sua história no clube ao quebrar a promessa de só atuar como corintiano no futebol brasileiro e foi ganhar dinheiro no Flamengo (não quis nem enfrentar o Palmeiras, mesmo sob contrato, antes de ir embora). Emerson Sheik seguiu o mesmo caminho, mas porque o clube não tinha interesse em sua permanência. Fábio Santos rumou para o Cruz Azul, do México. Petros, para o Real Betis, da Espanha.

Com um cenário de desmanche, era natural que o Corinthians iniciasse o Brasileiro sob desconfiança. Ainda mais porque o presidente Roberto de Andrade avisava que não tinha condições de repor as baixas e Tite se mostrava temeroso em apostar em pratas da casa. Mesmo assim, jogadores como Rildo, Lucca e Lincom chegaram ao Parque São Jorge, Rodriguinho retornou de empréstimo e novatos como Malcom, Guilherme Arana e Marciel ganharam espaço no elenco.

“O momento mais instável do ano foi o início do Brasileiro. Havia o peso das duas eliminações e a pressão pelas saídas de atletas importantes. Eu mesmo me questionei”, recordou Tite. “Tínhamos problemas financeiros, mas a diretoria falou que ninguém mais sairia. Aí, foi oferecido um bicho para vencermos o Joinville. Só que eu disse que a equipe retomaria o seu padrão porque precisava, e não por causa do prêmio. Tirei o prêmio dos atletas”, acrescentou, satisfeito com aquela vitória por 1 a 0 em Santa Catarina, com gol de Jadson.

O Corinthians engrenou a partir de então. Tite até encontrou bons substitutos para Guerrero, que não se encaixou no Flamengo. Após o paraguaio Ángel Romero fracassar como sucessor, Luciano emendou uma sequência de boas atuações. E foi parado por uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho direito diante do Santos, pela Copa do Brasil. Seu time acabaria eliminado por outro rival em mais um mata-mata, mas, desta vez, sem tanto sofrimento – as atenções estavam todas voltadas ao Brasileiro.

Na ausência de Luciano, Vagner Love enfim justificou a sua contratação e transformou as críticas em elogios. O Corinthians ganhou corpo a ponto de não sentir nem mais outros desfalques recorrentes. Edílson, mesmo com dificuldades técnicas, e Guilherme Arana firmaram-se nos lugares dos lesionados Fagner Uendel. Ralf recuperou o seu prestígio assim que Bruno Henrique também se contundiu. Rodriguinho vingou recuado, como segundo volante, quando Elias não jogou. Ainda mais atrás, Felipe adquiriu personalidade, fazendo lembrar Leandro Castán, outro zagueiro que despertava receio nos torcedores e evoluiu sob o comando de Tite.

Dessa maneira, o técnico voltou a ter motivos para se gabar em programas de televisão. Tite falava com empolgação da mobilidade ofensiva do seu Corinthians, que primava pelas transições rápidas no alardeado “4-1-4-1”. Os maiores holofotes recaíam sobre Renato Augusto e Jadson, agora completamente afinados para colocar o time na liderança do Brasileiro, mantê-lo no posto e ainda abrir vantagem em relação ao Atlético-MG.

Tamanha consistência calou as teorias de conspiração a que os concorrentes pelo título se apegavam. Depois de bradar que o campeonato estava “manchado”, o técnico Levir Culpi não montou uma equipe páreo para o Corinthians em Belo Horizonte. O Atlético-MG deixou o Independência derrotado por 3 a 0, com gols de Malcom, Vagner Love e Lucca, e só à espera de o vice-campeonato nacional ser confirmado matematicamente.

O título acabou ratificado em São Januário, em 19 de novembro. Sem se importar com o ambiente hostil criado pelos torcedores do Vasco, que lutava contra o rebaixamento, o Corinthians contou com os seus selecionáveis – Cássio, Gil, Elias e Renato Augusto – para alcançar um empate por 1 a 1, suficiente para ser campeão. Julio César abriu o placar para os vascaínos, que tiveram de lidar com a expulsão de Rodrigo, e Vagner Love alcançou a sua redenção definitiva ao igualar o marcador com uma cabeçada.

Após muito festejar o hexacampeonato, o Corinthians ainda teria mais a comemorar. No dia em que o seu time recebeu o troféu, Tite mandou uma série de reservas ao gramado de Itaquera para o clássico contra o São Paulo. E, com grande atuação do até então criticado Romero, comemorou uma histórica e contundente goleada por 6 a 1. Os gols foram do paraguaio (2), de Bruno Henrique, Edu Dracena, Lucca e Cristian (que celebrou com os braços cruzados e os dedos indicadores em riste, relembrando uma antiga provocação). Carlinhos descontou (sob os irônicos gritos de “eu acredito”), e Cássio ainda defendeu um pênalti de Alan Kardec. A superioridade foi tanta que alguns são-paulinos tentaram deixar o estádio já no primeiro tempo, quando o público da casa gritava “olé”.

A temporada do Corinthians poderia terminar ali. Os jogos restantes do Campeonato Brasileiro só serviram para o time se configurar no maior pontuador (81) da história do Brasileiro com 20 clubes, superando o Cruzeiro (80) de 2014. Ao todo, foram 24 vitórias, nove empates e cinco derrotas na competição, com 71 gols marcados e 31 sofridos.

Tite, então, provou que os seus estudos tiveram alguma serventia. “Vejo que a qualificação profissional mexeu muito com os técnicos depois da Copa do Mundo. A gente deve procurar sempre evoluir. Não tem um cara inventor, acima dos outros. Existe um processo de aprimoramento. A criatividade te faz elevar o nível”, sorriu.

O objetivo do renovado Tite agora passa a ser mais uma Copa Libertadores da América, em 2016. “É lógico que não vamos nos acomodar. Iremos para um segundo estádio, que é a Libertadores. Não dá para você se desconcentrar com um torneio desses pela frente. É muita exigência, com adrenalina a mil de novo”, previu o campeão continental de 2012, ano seguinte ao seu penúltimo título de Campeonato Brasileiro.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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