Vindo de rival, Dracena mede as palavras para falar sobre Guerrero
Edu Dracena conhece a sensação de frustrar torcedores de um clube em que construiu história. Também por isso, o zagueiro que decidiu defender o rival Corinthians após capitanear o Santos em conquistas importantes, como a da Copa Libertadores da América de 2011, não faz qualquer juízo de valor sobre a saída do centroavante peruano Paolo Guerrero da equipe do Parque São Jorge.
"O que aconteceu comigo e com o Santos é uma coisa pessoal", diferenciou Edu Dracena, que deixou a Vila Belmiro em comum acordo com a diretoria (ao contrário do volante Arouca, por exemplo) em função de uma desavença com o ex-lateral esquerdo Léo. "Procurei resolver a minha situação com o clube de uma maneira bem clara. No caso do Guerrero, só estou sabendo pela imprensa. É algo que não vivi, que envolve terceiros", desconversou.
Assim como a maioria dos seus companheiros, Edu Dracena foi informado na quarta-feira pelo xará Edu Gaspar, gerente de futebol do Corinthians, sobre a dispensa de Guerrero. Temendo a reação dos torcedores em Itaquera no clássico contra o Palmeiras, no domingo, o atacante cobiçado pelo Flamengo pediu para antecipar a sua despedida do clube com o qual tem contrato até 15 de julho."No Brasil, é difícil a gente fazer jogos de despedida ou alguma festa para os ídolos. São situações que acontecem. Da nossa parte, temos que estar preparados para buscar alternativas para suprir a ausência do Guerrero", comentou Edu Dracena, ainda reticente sobre o assunto.
A primeira alternativa encontrada por Tite foi apostar no antes desprestigiado paraguaio Ángel Romero como titular. O jogador treinou na vaga aberta por Guerrero na tarde desta quinta-feira, deixando Vagner Love na equipe reserva e mostrando bastante disposição. Ele ainda precisará fazer mais, contudo, para conquistar plenamente a confiança de seus companheiros.
"Não acredito que o substituto já esteja preparado. É pouco tempo para suprir a ausência de um jogador que estava aqui há anos. E ele tem uma característica diferente. O Paolo segurava bem os zagueiros, fazendo o pivô, enquanto os outros que estão aqui gostam mais das jogadas de um, dois", comparou Edu Dracena.
Fora de campo, o zagueiro não sentirá tanta falta de Guerrero. "Trabalhei pouco com ele, só cinco meses, então não deu para aumentarmos a relação em termos de amizade. Mas torço bastante por ele. É um grande jogador, uma grande pessoa, e tomara que seja feliz", concluiu o ex-santista, feliz no Corinthians.
O exemplo de Emerson
Ao contrário de Guerrero, que pediu dispensa de seus compromissos profissionais, o Sheik continua trabalhando normalmente no Corinthians. Ele também não terá o seu contrato (vencerá em 31 de julho) prorrogado pela diretoria.
"O Emerson está treinando todos os dias com a gente e continua à disposição do treinador. O mais importante é que em nenhum momento ele deixou transparecer chateação ou quis tumultuar o elenco. Ao contrário. Está brincando e nos ajudando nos treinos. É uma peça importante", avaliou Edu Dracena, seguindo um discurso de Edu Gaspar, que tem visto um comportamento exemplar por parte do irreverente atacante em seus últimos dias de Corinthians.