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Keirrison nega falta de raça e avisa que ainda busca melhor fase

11 jul 2012 - 08h45
(atualizado às 10h23)
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O atacante Keirrison surgiu no Coritiba como uma das grandes promessas do futebol brasileiro. Com o início fulminante, o jogador se transferiu para o Palmeiras, mas o fim da curta passagem pelo time paulista, em 2009, marcou o início de um período de incertezas em outras equipes.

Hoje, o jogador avisa que ainda tem condições de atingir um nível acima do que já mostrou e afirma não ter se arrependido das escolhas. O atleta ainda rebate as críticas dos torcedores palmeirenses, de que não tem raça, e revela que já superou a mágoa pelas críticas que recebeu do técnico Vanderlei Luxemburgo, pela transferência para o Barcelona.

Agora, de volta ao Coritiba por empréstimo, pois ainda tem vínculo com o clube espanhol, Keirrison está em processo final de recuperação da terceira cirurgia no joelho direito, sofrida no ano passado, quando ainda estava no Cruzeiro. Das arquibancadas, torce pela vitória dos paranaenses sobre o Palmeiras na decisão da Copa do Brasil, nesta quarta, no Couto Pereira.

Confira a entrevista com Keirrison:

Os dois clubes em que você se destacou se enfrentam nesta decisão de Copa do Brasil. Como está sendo acompanhar de fora?

Keirrison:

Jogador ficou triste por não ser convocado para a Olimpíada, mas espera disputar a Copa do Mundo de 2014
Jogador ficou triste por não ser convocado para a Olimpíada, mas espera disputar a Copa do Mundo de 2014
Foto: Heuler Andrey/ Agif / Gazeta Press

Dá uma vontade muito grande de ajudar o Coritiba. É difícil não poder estar lá dentro, pois todo atleta sonha em decidir um campeonato grande como este. Se no Brasileiro já fico ansioso e suando as mãos, agora mexe ainda mais. Estarei lá passando energia positiva e torcendo pelo título. O clube tem todas as condições, até por jogar em casa. Já reverteu outras situações e, com a torcida, pode revirar esta também.

Você saiu do Coritiba em alta e rodou por grandes clubes, mas sem se firmar. Agora que voltou, é a chance de um recomeço?

Keirrison:

É a oportunidade de voltar e me sentir feliz, em casa, com minha família por perto, o que é mais importante. Não me arrependo das oportunidades que tive fora, conhecendo o mundo todo. Foi uma experiência muito grande, aprendi bastante, mas era o momento de retornar para cá.

No Palmeiras, você teve um ótimo início, com 16 gols em 14 jogos. Acha que o período no clube foi curto ou era impossível recusar a oferta do Barcelona?

Keirrison:

Há muitos fatores envolvidos, e o Palmeiras também gostou bastante da proposta. Sempre deixei claro que os clubes deveriam conversar antes de mim. Depois, entramos em acordo juntos e era um sonho meu também de ir ao Barcelona. A oportunidade não aparece sempre. Eu tinha quatro anos de contrato com o Palmeiras, mas aconteceu de eu ser vendido em seis meses. O clube gostou do valor oferecido, e a Traffic (que detinha os direitos) também.

No período em que esteve no Palmeiras, uma parte da torcida cobrava de você mais raça e empenho. O que acha disso?

Keirrison:

Cada um tem sua característica e é difícil de explicar. Quem tem um conhecimento de futebol sabe que sempre fui assim, mais técnico. Não é que não tenha raça, mas sou mais frio e calmo. Lógico que mudei algumas coisas, mas não minha característica, que me fez chegar onde estou hoje. Sou um atacante mais técnico e não de ficar brigando lá na frente com aquela loucura toda. Não falo para criticar os outros atacantes, apenas para dizer que é meu jeito de ser.

A frieza pode ter sido confundida em algum momento com falta de vibração?

Keirrison:

Acho que sim, até porque sempre estive muito concentrado. As pessoas achavam que eu não queria correr, mas estava focado porque sabia que podia ter um lance só. Tinha de estar preparado e bem posicionado para executar.

A que você se refere quando diz que mudou?

Keirrison:

Aprendi muito na Europa, taticamente, com movimentações diferentes do brasileiro. Procuro aprender as coisas novas para sair da marcação nas partidas.

A artilharia do Brasileiro de 2008, pelo Coritiba, e a passagem pelo Palmeiras foram os melhores momentos na carreira?

Keirrison:

Com certeza, 2008 foi um ano muito bom. Depois, pelo Palmeiras, também foi bem legal. Carrego as lembranças e sempre digo que minha melhor fase ainda não chegou. Falta pouco para eu voltar e sei que estou perto de chegar a um momento melhor do que naqueles dois anos.

Quando você saiu do Palmeiras, o Luxemburgo reclamou e falou que você não deu satisfação para ele e nem para o elenco. Ficou chateado com ele?

Keirrison:

Lógico que por um tempo fiquei, por causa das palavras. Quando a pessoa não fala a verdade, você fica machucado. O elenco todo sabia da negociação e que o Barcelona estava atrás de mim havia um ano. A gente batia papo e eu nem sabia direito da negociação. Não sei o motivo do Luxemburgo ter dito aquilo, mas não guardo mágoa e torço por ele, pois é um grande treinador e me ensinou bastante.

O então presidente Luiz Gonzaga Belluzzo demitiu o Luxemburgo por ter considerado uma quebra de hierarquia às críticas feitas a você.

Keirrison:

Acho que a resposta foi dada pelo presidente. Alguma coisa em mim não estava errada, até porque o presidente aceitou a proposta. Alguém estava errado, e não era eu.

Você o encontrou alguma vez depois disso?

Keirrison:

Encontrei em alguns jogos, mas não conversamos. Está tudo tranquilo, torço por ele e que seja feliz.

Antes desta confusão, qual foi o motivo do bom início no Palmeiras?

Keirrison:

Vinha de uma sequência desde o Coritiba e todo atleta se preocupa com isso. Frisei sempre que preciso de uma série grande de jogos, mas certos clubes não tiveram paciência. Mesmo assim, foi um aprendizado grande. Com certeza, no Coritiba vou ter sequência para jogar futebol novamente.

Quando se transferiu ao Barcelona, sabia que não seria aproveitado de imediato?

Keirrison:

O Ibrahimovic estava sendo contratado naquela época e, quando ele chegou, o empréstimo acabou acontecendo, mas não fiquei bravo e nem nada. Fiquei contente por ter conquistado o sonho de ir a um grande clube. Não posso ficar pensando no que aconteceu.

O primeiro empréstimo foi para o Benfica, mas você não teve a sequência que esperava.

Keirrison:

Não tive porque levei um tempo só treinando até que os documentos estivessem prontos. E eles tinham muitos atacantes também. Cheguei atrasado e isso dificultou um pouco para buscar meu espaço.

Você considera a experiência na Fiorentina melhor, apesar de não ter jogando tanto também?

Keirrison:

Foi melhor na Itália do que em Portugal. Lá, o treinador me deu mais oportunidades e me senti muito bem, pois pude jogar um pouco mais. Mas não tive a sequência suficiente para ficar bem fisicamente. Não adianta só ter técnica se você não está bem na parte física. Você tenta treinar mais, mas precisa jogar.

Depois disso, retornou ao Brasil. Quando você chegou ao Santos, existia a expectativa de dar certo ao lado de Ganso e Neymar. Por que não emplacou entre os titulares?

Keirrison:

Para mim, foi a melhor época (desde o Benfica). Depois de seis meses (iniciais), participei da Libertadores e do Paulista. Pude me recuperar mesmo e tive a melhor sequência de jogos, com gols. Foi uma época boa, lógico que não da forma como queria, mas levo como aprendizado. Muita gente comentou que eu deveria ter oportunidade (na Libertadores) pelo que fiz no Campeonato Paulista, mas levei pelo lado positivo e segui em frente.

Em seguida, houve a transferência para o Cruzeiro e a lesão no joelho, antes que você se firmasse.

Keirrison:

Foi tudo muito rápido. Voltei para a Espanha para treinar lá e depois vim para o Cruzeiro, que estava passando por um momento difícil. Tive muito pouco tempo de treino e já queriam que jogasse, isso complicou um pouco, mas cresci bastante lá também. Tive a lesão e acho que vai ser tudo diferente quando voltar.

Quando você surgiu, passou a ser considerado como um nome praticamente certo para a Olimpíada de Londres. Com 23 anos, você não foi chamado. É uma situação frustrante?

Keirrison:

Fiquei triste, por acreditar que poderia ter a oportunidade, mas não aconteceu e não posso pensar nisso. Tem a Copa do Mundo daqui a dois anos e este é meu sonho. Tenho muito tempo para me preparar e poder mostrar para o treinador meu futebol. Acho que 2013 vai ser um ano muito bom, para mostrar que tenho condições de ir para a Copa.

Sua melhor fase pode ser, então, na Seleção e em um retorno à Europa?

Keirrison:

Tive uma experiência muito grande na Europa e não digo que não esteja motivado para ir de novo, mas o sonho é estar bem em campo, dando meu primeiro passo para ficar confiante. Chegar à Seleção também é um sonho muito grande, de disputar a Copa do Mundo.

Como está a recuperação da cirurgia no joelho direito?

Keirrison:

Está sendo muito boa, com uma evolução bacana. Lógico que preciso melhorar e aperfeiçoar, mas estou chegando a sete meses de recuperação e imagino que estarei em condições de jogar entre agosto e início de setembro. Vou ter dificuldade no começo, porque não é fácil ficar oito meses parado. Mas estou tranquilo e acho que foi importante ter voltado ao Coritiba. Com o tempo, vou pegar meu ritmo e dar uma sequência boa.

Os três problemas no joelho direito atrapalharam a carreira?

Keirrison:

Tenho seis anos de carreira e quase metade desse tempo foi de recuperação. Eu me sinto um vitorioso por ter conquistado tudo isso, mas o melhor está pela frente e basta eu passar por cima das barreiras.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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