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Gilvan admite que por pouco não renunciou à presidência do Cruzeiro

31 ago 2015 - 22h50
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Nesta segunda-feira, o presidente Gilvan de Pinho Tavares iria falar apenas da contratação do volante Uillian Correia, junto ao Ceará, porém as demissões de Vanderlei Luxemburgo e do diretor de futebol mudaram todo o panorama na Toca da Raposa.

Em uma entrevista franca, o Gilvan de Pinho Tavares explicou as saídas de Luxemburgo e Tinoco, apresentou o vice-presidente de futebol, falou sobre a pressão da torcida e comentou a crise vivida pelo clube dentro e fora dos gramados no clube. O mandatário chegou a afirmar que, na manhã desta segunda, deixou a sua permanência como presidente do Cruzeiro nas mãos dos conselheiros que o convenceram a não renunciar.

“Não temos tido bons resultados, então tenho dormido pouco. Convoquei meus parceiros de diretoria. Me reuni, hoje pela manhã, com os conselheiros e disse para eles que a coisa havia tomado um rumo no Cruzeiro que eu não entendia se parte da imprensa e grande parte da torcida, através das redes sociais, estavam querendo a cabeça de alguém e ela seria a do presidente. Falei que estava disposto a deixar essa decisão nas mãos deles. Não aceitaram de forma alguma, achando que seria a pior solução para o Cruzeiro. Tem muitas pessoas da imprensa falando que sou teimoso, velho, que não devo ser mais gestor do Cruzeiro, como se a idade pudesse fazer a pessoa não ter a capacidade de exercer certas funções”, colocou o presidente cruzeirense.

Confira abaixo o restante da entrevista coletiva de Gilvan, nesta segunda, na Toca II:

Saídas de Luxemburgo e Tinoco

Hoje tive a incumbência de, como presidente do Cruzeiro e gestor do clube, de tomar a decisão de conversar com nosso ex-treinador agora, Vanderlei Luxemburgo, e com o diretor de futebol Isaías Tinoco e expor para eles que havia uma tendência muito grande da torcida não aceitá-los como treinador e diretor de futebol do clube. Essa repugnância recaía sobre o treinador e o diretor de futebol.

Perder do Palmeiras e do Santos foram pontos importantes. Futebol, você vive de resultados. Se tivéssemos ganho esses dois jogos, ninguém pediria cabeça de ele (Luxemburgo). Estaríamos em uma situação diferente. Foi isso que aconteceu. Ele entendeu. Ele enxergou que era justo a diretoria tinha de tomar essa atitude, porque futebol vive de resultados. Presidente não pode ficar à mercê disso tudo se resultados não vêm.

Trabalho de Luxemburgo

O Luxemburgo eu já o conhecia de muito tempo, quando eu era presidente do conselho, e, em 2003, ele ganhou a Tríplice Coroa. Aqui no Cruzeiro, poucas vezes vi um treinador tão dedicado e trabalhando tanto. Ainda assim, era acusado de não dar treinos. Diziam que o Deivid (auxiliar técnico) dava os treinos. Quantas vezes vi o Luxemburgo sait do lugar que estava para fazer recomendações aos jogadores. Os resultados não estavam chegando, mas não era o momento de trocar o treinador, mas eu não podia deixar as coisas dessa forma. Vim na Toca mais cedo conversei com ele, entendeu a minha atitude, assim como o Tinoco, e nem falaram em multa rescisória. Disseram que eu era uma pessoa de bem e que não merecia o que estava passando. Conversamos e concordamos em deixar o Deivid (auxiliar técnico) e o Antônio Mello (preparador físico) para que eles comandem a equipe até contratarmos outro treinador.

Protestos e pressão da imprensa

Neste dia (eliminação para o Palmeiras na Copa do Brasil), eu, arrasado com os resultados negativos do Cruzeiro, depois de receber ofensas nos camarotes, ser alvo de moedas e ser chamado de ladrão, algo que eu era considerado intocável, e não aguentando aqueles desaforos, saí do estádio. Cheguei a ouvir que saí correndo do Mineirão e ontem ouvi um entrevistado falando que isso era absurdo. São coisas que me deixam amargurado, perdendo o sono. Não é só a derrota, são as formas que a imprensa e as redes sociais colocam as coisas, deixando meus familiares intranquilos. Torcida pedindo para fazer movimento na minha casa, na porta da sede. Depois disso, achei melhor me afastar, e esse ódio criado sobre o presidente que, ganhou dois Campeonatos Brasileiros, fez com que tudo que a gente fez não valha nada. Depois disso, você é velho, teimoso e rabugento.

Novo vice-presidente de futebol

Tomei hoje de manhã outra decisão. Bruno Vicintin é um companheiro que está comigo na diretoria desde o princípio, mas trabalhando na base e com grande experiência. Convidei o Bruno para ocupar o cargo de vice-presidente de futebol profissional, para ajudar a dividir com o presidente o fardo pesado que é comandar o futebol do clube. Sobre o novo treinador, já conversei com o Bruno, vamos estudar um nome. Uma pessoa como o Bruno, vice-presidente de uma grande empresa, não pode estar à disposição toda hora, atrás da gente, viajando toda hora. Mas ele vai dividir comigo essa função. Quando ele puder, ele vai, quando não puder, eu vou. Ele vai me ajudar a decidir o nome do treinador de futebol.

Diretoria errou?

Onde errou a diretoria? Não era para vender Ricardo Goulart e Everton Ribeiro? Para mim, apenas estes dois jogadores estão fazendo falta. A imprensa divulga coisas que não sabe. Disseram que fizemos um desmanche. Não fizemos com Moreno, Egídio, Lucas Silva, sendo que Egídio era jogador do Tombense e havia uma cláusula de rescisão que devíamos cumprir. O Lucas Silva, já cansei de dizer, não tinha o menor interesse em vender, porque só tínhamos 10%. A pressão foi grande e conseguimos tirar dos investidores quase 40%. Do próprio Lucas Silva, conseguimos que ele cedesse 10%. Demoramos quase um mês para encerrar a negociação, porque não queríamos vender. O Everton, foram 15 dias de negociações. Com ele e o empresário exigindo que pagasse a ele o que ia ganhar ou concordasse com a venda, e o contrato dele estava próximo de expirar. Não poderíamos perder esses valores, porque precisávamos pagar a conta desses dois anos e desses dois títulos. Quando montamos aquele elenco, não tínhamos dinheiro, contratamos fiado. Já trazíamos dívidas anteriores. Suávamos sangue para cumprir a folha de pagamento. Tínhamos uma folha que poucos clubes tinham. O próprio Nilton, quando saiu, conseguiu liberação do Vasco. Não tínhamos dinheiro para comprar, ele cedeu 50%, mas não tínhamos dinheiro para pagar. Chegou um momento que o Nilton e a esposa dele conseguiram uma negociação com o Inter, que resolveu pagar mais de 50% que tínhamos e os 50% que devíamos. Com Goulart, foi a mesma coisa. Foram fortunas. Os contratos venceriam.

Negociações fracassadas

Não sei o motivo de eu ser o culpado. Evidentemente que as decisões são tomadas pelo presidente. Se ele não achar peças à altura, tem de ser taxado como corresponsável, mas nunca deixei de procurar. O Robinho, por exemplo, quase estivemos com ele aqui, mas uma proposta estrangeira nos impediu de trazê-lo, porque não conseguimos chegar nem próximo do que foi oferecido de salário. Tentamos o Cícero, mas existia uma dívida da Unimed com o investidor do Cícero, e ele não conseguiu negociar essa dívida com a Unimed. Então, ele retornou ao Fluminense. Tentamos de todas as maneiras trazer o Luca Lima. Íamos fazer um dos maiores sacrifícios do futebol brasileiro. Era um jogador que iria suprir uma dessas lacunas que ficaram. Não tínhamos dinheiro, como não temos agora.

Mudanças na diretoria

Aqui, contávamos com duas pessoas que estão no futebol há muitos anos, no caso Benecy e Valdir Barbosa. Ambos conviveram no setor de futebol há muitos anos e achei que poderia contar com eles, ao invés de correr o risco que corremos com o novo diretor de futebol (Isaías Tinoco). É um cargo extremamente espinhoso. Uma palavra que, às vezes, escapa de um dirigente de futebol pode colocá-lo em dificuldade com a torcida. Alguns são midiáticos, como se todo trabalho fosse deles. O Alexandre Mattos foi uma pessoa que ajudei a formatar no Cruzeiro, porque quando veio não era sequer diretor de futebol do América-MG. Conversei muito antes de trazê-lo, e achei que, com minha experiência, que a gente poderia fazer dele um bom dirigente. Hoje, ele é um dirigente respeitado no país todo e foi para o Palmeiras. Quando ele saiu daqui, fizeram injustiça comigo e disseram que não fiz esforço para mantê-lo. No dia em que ele me comunicou a saída, tentei de todas as formas, mas ele disse que havia vencido o ciclo no Cruzeiro. Disse que o Palmeiras ia ajudar em seu crescimento e afirmou que tinha a esperança de ficar mais próximo da CBF. E a realização dele seria ser diretor da CBF. Ofereci um salário melhor que ele receberia lá, mas ele decidiu sair A mesma coisa aconteceu com o diretor de marketing, Marcone Barbosa. Fui acusado de não ter me esforçado para segurá-lo. E ele me disse a mesma coisa. Eles não têm no Fluminense esse departamento de marketing, ele foi para montar o departamento de marketing.

Falta de um diretor de futebol

O nosso mau momento não se deve à falta de um treinador. O diretor foi o Valdir. O outro contratamos. O Tinoco veio por período de experiência, não chegou a assinar contrato. Depois que chegou, ele não teve atividade de contratação para fazer. Ele só ajudou na contratação do Uillian Correia, mas achei ele pessoa muito humilde, e de capacidade de trabalho incrível. Ele enxerga as coisas. Mesmo hostilizado, principalmente pelas organizadas, ele teve discernimento e coragem de procurar as torcidas organizadas, que queriam entrar na Toca. Ele marcou um encontro, sem segurança, com toda coragem, expôs os problemas do Cruzeiro. Ele conseguiu colocar a torcida para aplaudir o time, só vaiar depois que o jogo terminou. Mas era uma pessoa que teria muito para ensinar a gente. Ele foi acusado de não ser diretor, ser um membro da base. Ele foi diretor do Flamengo, do Vasco. Quem conviveu com ele, a gente via o tanto que ele é estimado no meio do futebol. Recebia muitas ligações no meio do futebol. Acho que ele seria útil.

Volta como presidente no futuro

Jamais serei único dono da verdade. Chega de membros da imprensa terem algo contra treinador e buscar tudo contra ele para derrubá-lo. Vocês deveriam ver que jogar torcida contra a diretoria treinador, só piora as coisas. Foi criado um clima que será difícil definir um presidente nas próximas eleições. Eu não aceito mais nunca (ser presidente do Cruzeiro). Gente de bem não pode mexer com futebol. Não dá para a gente sofrer e passar as coisas que passei. Sou ofendido, mas vou ao campo. Vão me ofender, trarão medo para minha família, mas estarei lá. Sou homem de coragem e de atitudes.

Demissão de Marcelo Oliveira

A demissão do Marcelo não foi um erro. Ele falou que estava na hora de sair mesmo. Ele mesmo admitiu que perderia o comando, afirmando que é isso que acontece quando o treinador fica muito tempo em um clube. O Marcelo só ficou esse tempo todo porque eu trouxe e banquei aqui. Se dependesse dos outros, ele teria caído em 2013. Eu segurei depois de derrotas na Libertadores, banquei enquanto pude bancar. Não foi erro. Mantê-lo foi um acerto do presidente. Fui eu quem trouxe e banquei contra tudo e contra todos, mas chegou determinado momento que não dava para segurar.

Nomes para treinador

Hoje, trouxemos outra pessoa para ajudar no departamento de futebol. Vamos conversar, analisar esse nome (treinador). Não vamos ser precipitados e cometer um erro que pode piorar ainda mais as coisas. O momento para contratar treinador é muito difícil. Todos estão empregados. Tem dois de ponta que não dirigem clubes atualmente. Os dois já negaram convites de diversos clubes. Não sei se poderíamos demovê-los dessa ideia. A gente tem de trazer um treinador que possa desenvolver um trabalho em grande equipe como Cruzeiro. A camisa pesa também em treinadores com menos experiência. Esses dois, Muricy Ramalho e Mano Menezes, são treinadores de ponta que não estão dirigindo nenhum clube no momento, mas já vimos pela imprensa que eles não querem assumir nenhum clube este ano. Não vejo com facilidade a chance de um deles aceitarem o convite do Cruzeiro.

Dinheiro para reforços

Como conseguimos contratar jogadores para sermos bicampeões brasileiros? Nós não tínhamos dinheiro, mas tínhamos credibilidade. O presidente do Cruzeiro consegue trazer, se buscar investidores. Clube brasileiro nenhum tem dinheiro para fazer isso. Quem consegue trazer, é bancado por investidor. E é isso que temos de fazer.

Renovação de Fábio

O contrato do Fábio vai até o fim de março, não sei por que a imprensa está com pressa. O Fábio apresentou uma proposta e nós fizemos contraproposta. O empresário do Fábio já tem mais de uma semana, 15 dias com essa proposta, e não deu retorno ainda. Oferecemos um bom reajuste, reconhecendo o trabalho de longos anos, o prestígio que tem no clube. Agora, quem deve a resposta é o empresário dele.

Comportamento da torcida

Fui torcedor antes de ser presidente, e continuo. Entendo a reação da torcida. A gente sabe que não dá para engolir e ficar calado. Tenho de enaltecer o comportamento da torcida, que não foi tão grande no domingo, mas tiveram um comportamento nota 10, está de parabéns. Agora, tem de aprender a se comportar em um momento crítico como esse, porque é um momento crítico. Tem de apoiar e não xingar. Esperar o resultado primeiro. Fazer pressão sobre jogador na porta da Toca não fará jogador render mais. Eles estão preocupados, mas a gente vê a vontade deles de fazer o melhor.

Promoção de ingressos nos próximos jogos

A torcida tem de ajudar a melhorar. Está na hora deles vestirem a camisa. O presidente é um cargo passageiro, mas o clube continuará. É preciso que eles joguem com o clube. Já conversei hoje com pessoal do Cruzeiro sobre preço dos ingressos. Vamos colocar preço bem mais barato, para colocar a torcida bem grande no domingo contra o Figueirense para colocarmos uma torcida grande no Mineirão.

Precipitação na contratação de Luxemburgo?

A contratação do Luxemburgo já era quase imposição. Muita gente queria ele aqui. Recebia muitos e-mails pedindo a contratação dele, o mesmo tanto que recebi para tirá-lo. A torcida vive de resultados. Assim que acertamos com o Marcelo a saída dele, procuramos o Vanderlei Luxemburgo. Foi rápido o acerto, mas não impensado, porque o nome dele estava aí há algum tempo.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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