Mano relata dificuldades no Cruzeiro com troca de técnicos
Terceiro técnico do Cruzeiro na temporada, Mano Menezes convive com as dificuldades de comandar uma equipe ainda em formação na segunda metade de 2015. O empate para o Vasco por 2 a 2, na última quarta-feira, foi explicado pelo treinador como uma infelicidade, já que a Raposa tinha condições de ter virado o placar nos minutos finais. Diante da instabilidade atual no clube, o comandante relata ter aceitado o cargo por respeito aos dirigentes celestes.
“Eu aceitei em função de ser o Cruzeiro – pela relação do passado e por respeito ao clube. Por tentativas anteriores que não conseguimos levar à finalização e acerto de contrato, porque não havia responsabilidade na época. E eu não estava trabalhando. O Cruzeiro me abriu a possibilidade de continuar trabalhando por mais duas temporadas além dessa. Mesmo que se tenha uma dificuldade nesse momento, se há a possibilidade de fazer o trabalho a longuíssimo prazo, é algo além da realidade dos nossos colegas no futebol brasileiro”, contou em entrevista ao canal Sportv.
Dentre os problemas internos, Mano citou a grande quantidade de jogadores contratados como um empecilho nos treinos. “As dificuldades são de trocas sucessivas, que cria um ambiente instável para os jogadores. O fato de ser o terceiro treinador da temporada me leva a conviver com um grupo de 42 atletas – isso faz com que a gente tenha dificuldades de qualidade de treino. Na segunda feira eu programei um segundo treino com a equipe sub-20, e quando fomos organizar o treino dividimos em dois tempos pela quantidade excessiva de jogadores”, disse.
“A falta de um conhecimento maior sobre os jogadores atrapalha, porque é um curto espaço de tempo e não temos muito tempo para perder. A solução foi a manutenção da equipe em um ou dois jogos. Isso limita muito nesse momento aquilo que a gente pode fazer. Vamos com uma atuação de emergência para solucionar um problema momentâneo”, continuou o treinador.
Com tantas mudanças em menos de um ano, o técnico fez um pedido especial à diretoria do Cruzeiro, visando enxugar não apenas os gastos do clube, como aproveitar melhor os atletas disponíveis.
“A primeira coisa que pedi ao presidente e ao vice de futebol quando cheguei é que não contratássemos ninguém nos próximos meses. Precisamos primeiro avaliar aquilo que temos nos últimos meses do ano, projetar o elenco para o ano que vem, estabelecer carências, fazer análises em questões mais objetivas e não só avalições empíricas. Não é possível mais os clubes brasileiros gastarem tanto, desperdiçarem tanto dinheiro contratando sem muito critério. Essa é a parte técnica que precisamos mostrar para os nossos dirigentes”, afirmou.
O resultado de tais observações foi apontado pelo técnico como uma medida preventiva que poderia ajudar não só os jogadores, mas também os treinadores – que vem conhecendo vida curta em seus trabalhos na atual edição do Brasileirão. “É uma verdadeira aberração estar terminando o Brasileiro e já termos esse número de técnicos demitidos. Mais um número vergonhoso para o futebol brasileiro”, finalizou Mano Menezes.
Com o empate diante do Vasco no Mineirão, o Cruzeiro soma 30 pontos e ocupa a 13ª colocação na tabela de classificação. Para aumentar a distância da zona de rebaixamento – de apenas três pontos –, a equipe mineira precisa emendar uma sequência de vitórias, a começar pelo duelo contra a Chapecoense, domingo, na Arena Condá.