Amigos e ex-rivais, canadense e André Brasil esquentam briga para 2016
André Brasil se recusa a falar de Benoit Huot como rival. Sempre que eles se encontram nas competições de natação paralímpica pelo mundo, mantêm uma relação de carinho mesmo antes de caírem na água, algo inabalável apesar da impressionante disputa que travam desde os Jogos Paralímpicos de Pequim, em 2008. Muito amigos, eles prometem briga boa para 2016, no Rio de Janeiro, quando tentarão estragar a festa um do ouro.
“Desde o princípio, ele sempre foi um cara que me trouxe de alguma forma para o esporte. Ele sempre me falou uma coisa bacana antes das provas: divirta-se”, contou André Brasil. Nem sempre foi assim. Com 29 anos, Benoit Huot começou a se destacar na Paralimpíada de Sydney, em 2000, com três pratas. Quatro anos depois, em Atenas, conseguiu cinco ouros. Em 2008 apareceu André, que ficou com quatro ouros e uma prata, destronando o canadense em Pequim.
“Quando eu apareci, não era o cara mais feliz na piscina. Em alguns meses, ele quebrou todos os meus recordes. Eu costumava ser ele antes. Fiquei frustrado, mas ele é um cara tão legal que ficamos amigos”, disse Benoit. O canadense nunca mais conseguiu se firmar como hegemônico na maioria dias provas da classe S10, embora vença o brasileiro principalmente nos 200 m medley. A amizade evoluiu muito, a ponto de se visitarem.
“Ele veio para cá (Montreal) para cá depois de Pequim para treinar por três semanas. Foi a primeira vez que o André viu neve. Foi em janeiro, e ele chegou só com uma jaqueta. Estava -30 °C. Ele não conseguia entender quão frio Montreal pode ser no inverno”, relembrou Benoit, aos risos. “Tivemos bons momentos, e nos tornamos amigos ao longo do tempo. Eu também fui para o Brasil treinar com ele.”
Em Montreal, André Brasil ficou atrás do destaque local na natação paralímpica, ao lado de Valerie Grand’Maison: ficou com a prata justamente nos 200 m medley. Benoit garantiu as comemorações canadenses. Por outro lado, ajudou a tirar o amigo do pódio dos 100 m costas, no qual também foi prata - Benoit terminou em 4°. “Espero que ele não estrague a festa em 2016, já que a gente vai estar lá, na minha casa. Espero que ninguém estrague”, disse André. Já Benoit é esperançoso: “estive no Pan-Americano do Rio, em 2007 e venci ele. Talvez eu consiga de novo em 2016”.
O repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro