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Esportes Aquáticos

André Brasil se irrita com limite paralímpico e sonha com vaga olímpica

13 ago 2013 - 16h23
(atualizado às 16h31)
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Conquistar a medalha de ouro nos 100 m S10 do Mundial Paralímpico de natação em Montreal, no Canadá, não foi suficiente para André Brasil. Em uma prova que gosta e sabe como nadar, o dono do recorde mundial fez tempo de 51s57 e deu indícios de que atingiu o limite de desempenho, algo que o deixa inconformado. Por trás da irritação está o desejo de, um dia, derrubar as barreiras existentes e competir com atletas convencionais.

A marca registrada na segunda-feira deixou o brasileiro incomodado porque há três anos ele não apresenta evolução nesta prova: em 17 de agosto de 2010, quebrou o recorde mundial ao cravar 50s87. Atualmente, admitiu, está difícil nadar na casa dos 51s. Atual campeão paralímpico dos 100 m livre S10, ele esperava manter a melhora para chegar à casa dos 49s. “Ganhei a medalha, fiquei feliz, mas a gente quer sempre mais, e eu fico um pouco desapontado por ter essa vontade, mas não acontecer”, afirmou.

André compete pela classe com a menor limitação físico-motora da natação: S10. Sua lesão, difícil de identificar no dia-a-dia, foi causada por uma poliomielite aos 3 anos de idade, por reação à vacina: sua perna esquerda é mais fraca, mais fina e menor. Por isso, seu desempenho tem condições de ser mais próximo do apresentado por atletas convencionais, embora alcançá-los signifique um avanço que, no mundo Paralímpico, apenas dois atletas foram capazes: os sul-africanos Natalie du Toit, que perdeu a perna esquerda em um acidente e disputou a maratona aquática de 10 km na Olimpíada de 2008, e Oscar Pistorius, biamputado que foi a Londres 2012 no revezamento 4x400 m.

“Pelo que faço no treino, esse 49s já era para ter saído há muito tempo”, afirmou André Brasil. Soma-se a isso o fato de, após a Paralimpíada de Londres, ele ter abdicado de provas mais longas como as de 400 m para focar nas de velocidade. “Eu me sinto preparado para nadar 50s ‘baixo’ ou 49s ‘alto’. Não quero falar que almejo nadar com atletas olímpicos, mas a vontade de mostrar o meu valor é grande”, disse, denunciando suas intensões, embora elas estejam claramente travadoa pelo fato de, por enquanto, ter atingido seu limite paralímpico.

Com o tempo do recorde mundial de 2010 (50s87), por exemplo, André teria ficado em último lugar na primeira eliminatória dos 100 m livre no Mundial de Barcelona, disputado em julho – o campeão foi o australiano James Magnussem, com 47s71. O recorde mundial é de Cesar Cielo, com 46s91. “Não sei onde o esporte vai me levar, mas que tenho a vontade de mostrar meu valor, eu tenho. É isso que tenho feito”, despistou o brasileiro.

Sua meta anunciada, por fim, é mais crível. “Ainda tenho o sonho de pegar uma final A em um Troféu Maria Lenk”, disse, esperançoso. Em 2013, sua melhor marca teria sido suficiente para não só ir à briga por medalhas como para terminar com o bronze, à frente de Renner Silva Lima, que fez 51s01 – a vitória foi de Bruno Fratus, com 49s13. “Sei quanto doloroso seria, mas se tiver que sangrar a cabeça, vai sangrar; se tiver que doer, vai doer; e se tiver que voltar para a água e fazer tudo de novo, vou fazer”, prometeu André Brasil.

O repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro

Fonte: Terra
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