Depois de ser superado por rival "engasgado", Daniel Dias mira revanche

Daniel Dias não começou bem o Mundial Paralímpico de natação: saltou mal, foi muito fundo ao cair na piscina e não teve eficiência na primeira braçada dos 50 m borboleta S5. O resultado foi uma inesperada, porém reincidente, derrota para o americano Roy Perkins, que ficou com ouro após tempo de 34s55, contra 34s71 do brasileiro. Entre palavras de mea-culpa pelos erros e o discurso de bom derrotado, o maior atleta paralímpico brasileiro admitiu: trata-se de uma rivalidade que se reascende, prometendo esquentar o evento em Montreal, no Canadá.

"Não tenho nem o que falar. Não estou satisfeito com o que fiz. Poderia nadar bem melhor, mas tenho que parabenizar o Roy, que nadou super bem. Vi ele crescendo e não consegui buscar. Parabéns para ele", disse Daniel, de forma resignada, logo após a prova.

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A medalha de prata encerra um período de dois anos sem derrota, entre o qual o brasileiro brilhou na Paralimpíada de Londres 2012, conquistando o bicampeonato da distância e alcançando o recorde brasileiro de 15 medalhas em Paralimpíadas.

A então última derrota, curiosamente, foi justamente para Roy Perkins, em  2011. "Foi aqui no Canadá, em Toronto, no Pan-Pacífico. Perdi nessa mesma prova, desta mesma maneira, e aconteceu de novo. Faz parte", relembrou Daniel Dias, que tem no adversário um dos grandes "fregueses" nas principais competições. Muito do destaque que o brasileiro obteve foi depois de vencer Roy consecutivas vezes. O americano comemorou muito o resultado e já fez projeção para os Jogos do Rio 2016.

"Eu posso definir a minha carreira em ser um rival do Daniel Dias. Tenho me divertido muito ao longo dos últimos anos, e no Rio, em 2016, vai ser incrível", previu, animado com a vitória: "ela significa muito. Estou feliz por ter sido capaz de vencê-lo nesta noite (segunda)". Roy tem um final de prova de muita força, e Daniel sabe disso. Largar mal, portanto, foi preponderante, já que nos últimos metros da final ele não conseguiu alcançar o rival. Além disso, o brasileiro notou uma postura diferente na arena de competições.

"Ele nem falou comigo antes da prova. Percebi que ele estava bem concentrado, assim como eu também estava. Mas normalmente ele fala comigo. Acho que estava engasgado por há um bom tempo não ganhar de mim, e desta vez aconteceu", contou. Uma coisa é certa: o resultado esquente a rivalidade entre os dois. "Vai ser uma competição muito bacana. Ele nada muitas provas, e eu também. Espero poder dar o troco, se a gente puder dizer assim", afirmou Daniel, aos risos.

O repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro