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Esportes Aquáticos

Com turismo e futebol, Montreal contesta "legado maldito" de 1976

17 ago 2013 - 10h57
(atualizado às 13h16)
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Jean Drapeau nomeia o parque que, desde a última semana, recebe o Mundial Paralímpico de Natação, em Montreal, no Canadá. A homenagem remete ao homem que, em 1971, ajudou o Canadá a se tornar sede da Olimpíada de 1976, apesar das contestações. Sua frase mais marcante, ironicamente, simbolizou a falência do sonho olímpica canadense: “as Olimpíadas não podem causar prejuízo tanto quanto um homem pode parir um bebê”. Hoje, em 2013, as palavras continuam a ecoar, enquanto o Parque Olímpico local sobrevive de turismo e futebol, rogando contra esse legado maldito.

<p>A nadadora Camille Rodrigues não tem a perna direita por conta de uma má formação congênita, mas nem por isso deixou de ser vaidosa. Ela mostra no seu corpo e na sua prótese o cuidado que tem com a beleza e se orgulha disso</p>
A nadadora Camille Rodrigues não tem a perna direita por conta de uma má formação congênita, mas nem por isso deixou de ser vaidosa. Ela mostra no seu corpo e na sua prótese o cuidado que tem com a beleza e se orgulha disso
Foto: Washington Alves/ Fotocom / Divulgação

Em uma tarde de sexta-feira, o local usado nos Jogos há 37 anos começa a ficar movimentado às 12h locais. Centenas de pessoas circundam o Estádio Olímpico, fotografando a Torre de Montreeal, inclinada em 45°, a mais disforme do mundo. Lá de cima, é possível vislumbrar boa parte de Montreal, incluindo a universidade próxima e o novo porto – substituto do antigo, que agora é ponto turístico. Por 25 dólares canadenses, é possível usar o elevador panorâmico parra alcançar o topo da construção.

A Torre de Montreal é um dos objetos que ajudam os defensores dos Jogos de 1976. Esse tenha sido, talvez, o primeiro fracasso público de uma Olimpíada: as dívidas pela construção do Estádio Olímpico chegaram a US$ 2 bilhões, sendo que um imposto municipal foi criado para dar conta do pagamento. Ao todo, a cidade franco-canadense levou cerca de 30 anos para quitar o débito, com tempo e dinheiro mais que suficiente para gerar críticas.

Hoje em dia, o apoio ao que se transformou o Parque Olímpico está no futebol e nas atividades culturais. O local é a casa do Montreal Impact, time renascido das cinzas pelo empresário Joey Saputo, dono de diversas indústrias no país e entusiasta da Major Leagiue Soccer, liga americana da qual a equipe faz parte. O Saputo Stadium é uma arena quase anexa ao Estádio Olímpico.

É por isso que há contestação quanto ao “legado maldito” da Olimpíada de 1976, constantemente apontada como case de fracasso antes mesmos dos Jogos de Atenas 2004. A população local levou três décadas para pagar a conta da competição, mas o Estádio Olímpico, apesar de diversos problemas – principalmente com seu teto retrátil -, se mantém lucrativo, com as visitas da torre e muitas outras como as piscinas públicas e o biodome.

Há quem negue que os Jogos de 1976 tenham sido prejudiciais ao Canadá. A cidade presenciou, por exemplo, o primeiro 10.0 da romena Nadia Comaneci na ginástica, Hoje em dia, é palco de jogos da Major League Soccer, uma liga crescente principalmente no Canadá. A franquia é nova, mas pode render, o que seria um grande aditivo ao Parque Olímpico.

O repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro

Fonte: Terra
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