No patamar do futebol, Cielo deixa Londres com números históricos
- Emanuel Colombari
- Direto de Londres
Cesar Cielo se despediu das piscinas de Londres na noite da sexta-feira, quando conquistou a medalha de bronze na final dos 50 m livre da Olimpíada de 2012. Foi a única medalha do nadador paulista, que buscava repetir o ouro conquistado na prova quatro anos antes, em Pequim. Mesmo sem conseguir, Cielo ficou com uma certeza: a pressão sobre ele reflete o crescimento da modalidade no Brasil.
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Os resultados da natação brasileira em Olimpíadas têm sido consistentes ao longo dos anos - desde 1988 que o País não termina a competição sem subir ao pódio. No entanto, por ter sido o primeiro campeão olímpico brasileiro nas piscinas, Cielo enfrentou uma situação semelhante à de modalidades como futebol e vôlei, que lidam frequentemente com o favoritismo e com a pressão por títulos.
O próprio Cielo constatou tal mudança de cenário ao ser questionado em entrevista sobre o assunto. "É bom saber que vocês (jornalistas) comparam a gente com o futebol e com o vôlei. É uma grande evolução", brincou o nadador, descartando decepção com o bronze, segunda das medalhas da natação brasileira em Londres após a prata de Thiago Pereira nos 400 m medley.
"Olha aonde a gente chegou: uma prata e um bronze não são o que a gente esperava. É uma evolução muito grande mesmo. Eu e o Thiago podemos dizer que somos nomes da profissionalização que a natação teve nesses anos", completou Cielo.
Foi apenas a terceira vez na história que a natação do Brasil conquistou mais de uma medalha em uma Olimpíada, o que só havia acontecido antes em 1996 (com duas pratas de Gustavo Borges e um bronze de Fernando Scherer) e 2008 (quando o próprio Cielo conquistou ouro nos 50 m livre e bronze nos 100 m livre). Além disso, Cielo se tornou o terceiro nadador a conquistar medalhas em duas edições diferentes dos Jogos, somando-se a Gustavo Borges (1992,1996 e 2000) e Fernando Scherer (1996 e 2000).
Com números que o colocam entre os melhores nadadores olímpicos do Brasil em todos os tempos, Cielo deixa Londres também com uma constatação: mesmo sem o bronze, fez seu melhor, e poderá continuar brigando por resultados no topo nos próximos anos.
"Você faz sua prova na sua raia, bate na borda e torce para o placar apontar o número um, o melhor tempo da sua vida. Não necessariamente vou fazer sempre o melhor tempo da vida. Mas tenho certeza de que todo mundo deixou tudo o que podia", disse. "Dentro da nossa raça, da nossa vontade, tenho certeza de que a gente deixou tudo dentro da piscina."
A reação foi semelhante à do técnico do nadador, Alberto Silva. Apesar do tom abatido do discurso, Albertinho fez um balanço positivo do desempenho da modalidade.
"De maneira geral, a comissão técnica e o staff que eu tive nessa preparação toda teve todo o apoio. Teve tudo que a gente precisou, fez a melhor preparação em que a gente acreditou. Chegamos aqui bem preparados. Chegamos para o melhor resultado que a gente pudesse ter. Agora, a gente tem que estar feliz, aceitar o resultado que a gente teve, aceitar o resultado da competição", disse.