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Esportes Aquáticos

Rival de Cielo, Manaudou imita a irmã e chega ao topo da natação mundial

7 dez 2014 - 19h37
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Com apenas 24 anos, o jovem francês Florent Manaudou está seguindo os passos da irmã Laure, rainha da natação na década passada, e trava com o brasileiro César Cielo uma das maiores rivalidades do esporte atual.

No Mundial em piscina curta de Doha, Manaudou conquistou nada menos de seis medalhas, três delas de ouro. Ele impressionou nas provas de velocidade ao faturar os títulos dos 50 m nado livre e 50 m borboleta com dois recordes mundiais.

O francês também se sagrou campeão mundial do revezamento 4x100 livre, ficou com a prata no 4x50 m medley e com o bronze nos 4x100 m medley.

A medalha mais frustrante, porém, foi a prata nos 100 m livre. Manaudou não conseguiu cumprir sua meta de conquistar três ouros em provas individuais e viu Cielo dar o troco depois dos 50 m.

Foi nesta distância que o francês deixou o anonimato, em 2012, quando se sagrou campeão olímpico em Londres, derrotando pela primeira vez Cielo, então o grande favorito da prova, que se contentou com o bronze. A cena acabou se repetindo em Doha.

Na capital inglesa, uma das imagens mais marcantes foi o abraço que Manaudou deu na irmã, recém-aposentada das piscinas, depois da conquista do ouro olímpico.

Laure e Florent são os únicos franceses a ter conquistado duas medalhas de ouro num Mundial. A irmã, hoje com 28 anos, fez o mesmo em 2007, em Melbourne, em piscina longa.

A maior nadadora da história da França conquistou três medalhas olímpicas, uma de cada cor, em Atenas-2004, e seis em Mundiais (três de ouro, duas de prata e uma de bronze).

"Durante oito anos, ele foi comparado à irmã. Dentro da família, nunca foi um problema, mas ele sempre teve que lutar para ser reconhecido pela mídia", comenta o pai das duas estrelas, Jean-Luc Manaudou.

O que Florent e Laure têm em comum é algo que costuma faltar a atletas franceses: o ódio pela derrota e a determinação para chegar à vitória a qualquer custo.

Filhos de mãe holandesa, os dois não passaram toda a infância juntos. Laure deixou a casa dos pais, na região de Lyon, aos 14 anos, para treinar em Melun, perto de Paris. Florent tinha dez anos.

Enquanto a menina treinava com o badalado Philippe Lucas, conhecido por ser 'linha dura', quem cuidou da formação de Florent foi o irmão mais velho Nicolas.

Desde as primeiras braçadas na piscina, todos os observadores diziam que ele era mais talentoso que Laure, mas pecava por ser 'preguiçoso'.

"Sempre falei para ele que era mais polivalente do que Laure. Florent é bom em tudo", resume o pai.

Laure brilhava nas provas mais longas, principalmente os 400 m livre, enquanto Florent se destaca como velocista, tanto no nado livre quanto na borboleta.

"Quando competia no juvenil, já sabia fazer praticamente de tudo. Nada bem em todas as modalidades. Ele entende a água de forma extraordinária", enfatiza seu treinador, Romain Barnier.

Além do enorme talento, a principal arma de Florent é a força física. Com 1,99 m e 99 kg, ele é mais alto e pesado que Cielo (1,95 m e 88 kg).

Nem sempre foi assim. "Eu cresci tarde, entrei na puberdade mais tarde que os outros. Meus amigos começaram a ter barba com 14 anos e tinham o corpo formado, mas eu não. Foi meio complicado", revela Florent, que deu um boa encorpada quando começou a treinar em Marselha, em 2011.

"Ganhei 15 kg de músculos desde minha chegada a Marselha. Até os 19, 20 anos, não fiz musculação e acho que foi a escolha certa", lembra.

Sua primeira grande competição profissional foi em 2011, no Mundial de Xangai. Ele terminou em quinto dos 50 m borboleta, e ninguém imaginava que um ano depois acabaria se consagrando nos 50 livre das olimpíadas.

O ano de 2013 foi uma grande decepção, com o quinto lugar nos 50 m livre, quando Cielo teve sua primeira revanche depois da derrota de Londres.

Como os Jogos do Rio-2016 caem num ano par, é de se esperar que Manaudou seja novamente a pedra no sapato do brasileiro.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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