Filha Sophia é inspiração para Maurren Maggi no esporte
Maurren Maggi, campeã olímpica de salto à distância se viu em uma situação delicada da carreira no ano de 2003. Ao mesmo tempo em que era sua a melhor marca do mundo na temporada (7,06 m) no salto em distância, um exame antidoping que deu positivo mudou completamente seus planos.
Maurren ficou dois anos afastada, sem contato com atletismo ou qualquer outro esporte. Foi nesse período que tomou a decisão de ser mãe. E hoje, Sophia, de 7 anos, é filha da atleta que conquistou o primeiro ouro individual feminino no salto à distância da história brasileira.
Terra: Você acha que há um momento certo para uma atleta decidir ser mãe? Qual é esse momento?
Maurren Maggi:
Se eu soubesse que seria tão bom pra minha carreira, teria tido antes. Sempre um ano que é vago que tem o mundial, é um bom ano para engravidar tranquila. O nosso calendário anda junto com o das Olimpíadas, de quatro em quatro anos podemos engravidar.
Terra: Como foi a sua gravidez? A situação do doping ajudou na decisão de ser mãe naquele momento?
Maurren:
Minha gravidez foi perfeita, sem náusea, sem desejos, foi ótima. Mas com certeza o meu afastamento por causa do doping deu o empurrãozinho que faltava para eu ter a Sophia. Hoje,me programaria mesmo no meio da carreira, tenho uma vida estável, seria menos difícil.
Terra: E como foi voltar para a pista com a Sophia pequena?
Maurren:
Foi fácil. O esporte que escolhi permite que ela venha para a pista ficar perto durante os treinos. Meus técnicos me ajudavam a olhá-la enquanto estava treinando. Tê-la ao meu lado foi fundamental para o meu retorno ao esporte.
Terra: Você acha que sua performance mudou depois da gravidez?
Maurren:
Mudou com certeza. Hoje, brigo para fazer o melhor pra ela, e tudo acaba sendo consequência disso: saltar melhor, ficar bem, vencer, enfim. Brigo pela medalha para mostrar para ela. Tudo gira em torno dela. Inclusive nas derrotas, quando ela está lá para me abraçar.
Terra: Como a Sophia encara as competições que você disputa?
Maurren:
Ela participa, gosta, vibra e dá palpite. Ela já é uma entendedora, fala se eu queimei ou não.
Terra: Ela quer ser atleta também?
Maurren:
Ela gosta de fazer atividade. Aqui na pista a Sophia salta, coloca barreira, pega tempo, entra na minha frente pra saltar. Ela é apaixonada por esporte. Quando chegou da escolinha a primeira coisa que me contou foi "Nossa mamãe, tem uma quadra. A gente pode jogar". Nessa idade eles fazem Educação Física, quando tudo é bem educativo, com jogos de queimada etc. Ela fez balé, mas não gostou, disse que nunca mais quer fazer na vida. A Sophia é igual a mãe, gosta de dança mais gesticulada, clássica não é com ela, nem comigo.
Terra: O que o esporte trouxe de positivo para você desempenhar seu papel de mãe?
Maurren:
Tudo. Até a fase que morei no alojamento, na qual vivi durante quase sete anos, foi tudo lição de vida. Aprendi e ensino o que passei, o quanto sofri, o que tive de benefício, e a Sophia admira. Para mim, ver que ela respeita e admira tudo isso é muito legal. O esporte traz para sua vida valores como educação, respeito, ética, trabalho em grupo, determinação - valores que acho fundamentais para a minha filha. Ela me vê saindo cansada para treinar, e aprende o que é ter força de vontade e, o mais importante, me acha ótima.
Coletânea Editorial
Especial para o Terra