Fittipaldi festeja ouro de Zanardi e lembra disputa "roda a roda"
- Henrique Moretti
Bicampeão mundial da Fórmula 1 e das 500 Milhas de Indianápolis, Emerson Fittipaldi agora festeja uma medalha de ouro que não foi ganha por ele. Em visita à redação do Terra em São Paulo nesta quinta-feira, o brasileiro comemorou a conquista de Alessandro Zanardi, ex-piloto italiano que nesta quarta venceu a prova contra o relógio da categoria H4 do ciclismo na Paralimpíada de Londres (para atletas paraplégicos que utilizam bicicleta especial impulsionada com as mãos).
» Zanardi perdeu as duas pernas em acidente na Indy; veja fotos da carreira
» Acompanhe o quadro de medalhas dos Jogos Paralímpicos
» De bocha a goalball, conheça os esportes da Paralimpíada
Em 1996, Fittipaldi e Zanardi competiram juntos na Cart, categoria surgida a partir da cisão da Fórmula Indy. Foi o último ano no campeonato do brasileiro, que se despediria depois de um grave acidente em Michigan, e o primeiro do italiano, que estreava no automobilismo dos Estados Unidos.
Logo na primeira etapa daquela temporada, no circuito de Homestead, em Miami, os dois realizaram uma disputa ferrenha, conforme lembrou Fittipaldi em entrevista ao Terra.
"Fiquei disputando com ele a corrida inteira, roda a roda, vi que tinha muito talento", disse o brasileiro, que a bordo da Penske terminaria a prova no 13º lugar. Já o italiano, que iniciava a sua trajetória na Ganassi depois de competir na Fórmula 1 entre 1991 e 1994, ficaria em 24º.
"Ele veio da Europa com resultados muito bons, era um piloto excelente. Ele se adaptou muito bem aos ovais e ao estilo do americano de corrida, ele se divertia muito e gostava", completou Fittipaldi, 65 anos.
Zanardi, 45, foi o terceiro colocado em sua temporada de estreia na Cart e conquistou o bicampeonato da categoria em 1997 e 1998. Ele defendeu a Williams na F1 no ano seguinte e, de volta à série americana em 2001, sofreu no autódromo de EuroSpeedway Lausitz, em Klettwitz, na Alemanha, o acidente que mudaria a sua vida. "Foi uma tragédia na Alemanha quando ele perdeu as duas pernas, não foi culpa dele o acidente", relembrou Fittipaldi.
Com a amputação das duas pernas, o italiano ainda voltou a correr, competindo com um carro adaptado no Campeonato Mundial de Carros de Turismo (WTCC) entre 2005 e 2009. Mas encontrou no ciclismo paralímpico um grande desafio para se tornar "um exemplo para todos nós", nas palavras de Emerson.
"O Alex é assim... uma pessoa tão positiva que quando fui visitá-lo na Itália após o acidente ele reconstruiu a vida dele dentro das dificuldades, sem se abater", disse o brasileiro, que durante a quarta-feira já havia prestado homenagem ao medalhista de ouro com mensagens no Twitter e no Facebook.
"E vai lá e ganha a medalha de ouro, então é espetacular, fantástico, é um exemplo para todos nós", prosseguiu Emerson, fazendo questão de ressaltar que a vitória de Zanardi na prova contra o relógio veio em Brands Hatch. O circuito localizado em Kent, próximo à Grande Londres, recebeu o GP da Inglaterra de F1 entre as décadas de 1960 e 1980. Fittipaldi já triunfou ali em 1972, justamente o ano de seu primeiro título mundial, a bordo da Lotus.
