E agora, Luxa? Técnico vive década de demissões e zombaria

Vanderlei Luxemburgo encerrou mais um trabalho sem sucesso nesta segunda-feira. O treinador de 63 anos, maior campeão da história do Campeonato Brasileiro, foi demitido do Flamengo após mau início de temporada e consolidou uma maré negativa que parece não ter fim. O técnico, por exemplo, não conquista taças em âmbito nacional desde 2004, quando comandou o Santos ao título da elite brasileira. E mais do que isto: vem sendo triturado pela máquina de demissões do futebol canarinho. Mas, afinal, o que acontece com Luxemburgo?

É possível encontrar várias respostas para esta pergunta. Há quem diga que ele tem se preocupado mais com questões extracampo do que com futebol nos últimos anos. Outros afirmam que o profissional multivencedor parou no tempo e não se atualizou depois de dominar o Brasil nas décadas passadas. A verdade é que não dá para cravar nada. O que não se pode negar, contudo, é que Luxemburgo precisa se reinventar para voltar a ter bons trabalhos na carreira. Enquanto não fizer isto, terá de continuar sofrendo com piadas e desconfiança por parte dos torcedores.

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Com o fracasso desta segunda-feira, já são cinco os desempenhos questionáveis do treinador desde 2010. Em quatro clubes diferentes. Do início da década para cá, o técnico comandou Atlético-MG, Flamengo (duas vezes), Grêmio e Fluminense. Só conquistou dois títulos: do Campeonato Mineiro em 2010 e do Carioca em 2011. De resto, quase sempre foi mal e teve saídas antecipadas pelas diretorias.

No Atlético-MG, em 2010, por exemplo, Luxemburgo foi campeão estadual, mas acabou eliminado nas quartas de final da Copa do Brasil. Depois de levar 5 a 1 do Fluminense pelo Campeonato Brasileiro, viu a direção alvinegra perder a paciência e demiti-lo com a equipe na zona de rebaixamento. No mesmo ano, o técnico comandou o Flamengo e salvou o time da degola.

Em 2011, ainda no Flamengo, teve o seu melhor trabalho na década: foi campeão carioca, acumulou 26 jogos de invencibilidade (maior marca do clube) e levou uma equipe com Thiago Neves e Ronaldinho à Libertadores da América após a quarta colocação do Brasileiro. O ano de 2012 seria só sucesso, certo? Errado. Luxemburgo foi mandado embora ainda em fevereiro, após desentendimento com Michel Levy, vice-presidente de finanças do Flamengo, e com o próprio Ronaldinho, que reclamava de salários atrasados.

A nova chance para Luxemburgo aconteceu poucos dias depois, no Grêmio. E foi no clube gaúcho que teve um fracasso daqueles. Tudo bem, ele até foi bem no Campeonato Brasileiro de 2012, terminando na terceira colocação, mas acumulou insucessos em torneios de mata-mata e, mesmo com um time estrelado em mãos, não ergueu nenhuma taça. A diretoria o demitiu em 2013 alegando que o Grêmio necessitava de um "fato novo" após eliminação nas oitavas de final da Libertadores.

Foi aí que o técnico fechou com o Fluminense e aceitou um contrato de apenas seis meses de vínculo - algo que, anos antes, nunca lhe seria oferecido. No time das Laranjeiras, teve trabalho irregular e, depois de somar nove jogos sem vitórias e de afirmar que “trocaria todos os seus títulos para manter o clube na primeira divisão”, foi demitido. O time tricolor só não caiu sob o comando de Dorival Junior, meses depois, porque o tribunal rebaixou a Portuguesa.

E eis que Luxemburgo voltou ao Flamengo em julho de 2014. Ele salvou o time do descenso após pegá-lo na lanterna do Brasileiro, terminou a temporada na 10ª posição, mas não resistiu depois de sequer chegar à final do Carioca de 2015 e de ficar sem vencer nas três primeiras rodadas da nova competição nacional. Luxemburgo foi muito questionado nos últimos meses e sua apatia fora de campo gerou estranheza entre os dirigentes.

Mais um trabalho sem sucesso. Mais uma demissão na conta. O técnico que, há alguns anos, era o sonho de consumo de qualquer torcida, hoje virou até motivo de críticas e piadas nas redes sociais. Vanderlei Luxemburgo definitivamente não é mais o mesmo dos anos 1990 e 2000. Talvez seja exatamente isto o que ele precise entender para voltar a ver o futebol lhe sorrir.