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Fundação Livestrong supera dúvidas após queda de Lance Armstrong

25 dez 2013 - 07h11
(atualizado às 10h17)
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A fundação Livestrong para doentes de câncer sofreu em 2013 as consequências das mentiras de seu criador, o ciclista Lance Armstrong, cujos fraudulentos sucessos esportivos foram fundamentais para popularizar tal organização, vítima de sua queda em desgraça.

Após anos de especulações sobre doping e contínuas negações por parte de Armstrong, o atleta terminou por admitir em janeiro, já encurralado pelas autoridades, que ganhou trapaceando os sete Tour de France.

<p>Lance Armstrong admitiu trapaça em janeiro deste ano e impactou fundação ligada a seu nome</p>
Lance Armstrong admitiu trapaça em janeiro deste ano e impactou fundação ligada a seu nome
Foto: Getty Images

A notícia derrubou do pedestal um herói esportivo e foi uma decepção especialmente aos que trabalhavam na fundação. Armstrong era um exemplo, um sobrevivente de câncer que chegou a ser o melhor ciclista de todos os tempos.

"Me senti desiludida. Foi difícil passar por essa etapa", confessou Sarah Gómez, porta-voz da Livestrong, que lembra com clareza aqueles momentos críticos nos quais receberam várias ligações de pessoas interessadas pelo que estava ocorrendo e preocupadas com o futuro da fundação.

A família inclusive chegou a temer pelo emprego, segundo admitiu, mas a Livestrong tinha assegurada a existência graças aos fundos acumulados desde que foi criada em 1997 e, sobretudo, pela arrecadação que gerava a identificação com o ciclista.

"Têm reservas para mais de dois anos", confirmou o presidente da CharityWatch, Daniel Borochoff, que fundou essa entidade dedicada a avaliar o desempenho das organizações beneficentes dos Estados Unidos.

A Livestrong, que apoia pessoas que têm algum tumor, conta com uma das qualificações mais altas no ranking da CharityWatch (A-), que não levou em conta em sua análise o escândalo de Armstrong, cujo impacto na fundação foi mais emocional e econômico que operacional, e aconteceu paulatinamente.

"Seguimos oferecendo os mesmos programas e serviços ou mais que no ano passado. Sim, sentimos uma baixa nas doações individuais, mas também é preciso ver o contexto econômico no qual está o país", comentou Sarah.

Em agosto de 2012 a Agência Americana Antidoping (USADA) decidiu desqualificar Armstrong de todas as competições nas quais participou desde agosto de 1998, ano no qual retornou ao ciclismo após superar um câncer de testículos diagnosticado em 1996. A USADA tinha provas contundentes contra o atleta, as mesmas que empregou a União Ciclística Internacional (UCI) para definitivamente anular seus triunfos em 22 de outubro de 2012.

No dia 17 de outubro do ano pasado, Armstrong renunciava ao cargo de presidente da fundação que desde o dia 30 desse mês deixava de chamar-se The Lance Armstrong Foundation para ganhar a denominação promocional, Livestrong, como nome próprio.

Em novembro, o ciclista deixava de fazer parte da junta diretiva e a fundação começava a pedalar por conta. Em 14 de janeiro deste ano, Armstrong confessou o uso de substâncias ilegais para melhorar o rendimento esportivo em entrevista à apresentadora Oprah Winfrey que seria transmitida dias depois.

As palavras do ciclista fizeram com que doadores decidissem romper laços com a Livestrong, entre eles a Nike, que desde 2004 era o principal distribuidor dos conhecidos braceletes amarelos dessa fundação. Junto a empresa esportiva, a Livestrong vendeu mais de 87 milhões de braceletes e arrecadou para a causa US$ 100 milhões (R$ 235 milhões).

Além disso, alguns famosos, como Ben Stiller e Robin Williams, se distanciaram da fundação, mas Sarah Gómez garante que não ficaram sozinhos. "Houve gente que não nos conhecia e entrou em contato. Se interessaram pelo que fazemos", declarou a porta-voz, fazendo menção ao ditado que "qualquer publicidade é boa publicidade".

Entre 2012 e 2011, a Livestrong viu reduzidos os ingressos por contribuições e royalties em 32% e 34%, respectivamente. Borochoff prevê que essa queda será ainda maior em 2013. Ainda assim, Sarah olha com esperança para o futuro, não em vão, afinal para ela seu trabalho é vocacional: "Estudei psicologia para ajudar pessoas em tempo de crise e isso não mudou". Em 2014 o bracelete amarelo da Livestrong completará dez anos e "é algo que é preciso celebrar", concluiu.

EFE   
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