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Amarelada na final, grama do Allianz tem promessa de melhora

Qualidade do palco da 1ª final foi colocada em xeque. Em alguns jogos é possível ver tufos soltos, e a bola correr de modo irregular

28 abr 2015 - 09h47
(atualizado às 09h53)
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Quem esteve no Allianz Parque no último domingo pôde notar algo curioso. Apesar de o moderno estádio não ter nem um ano de vida, o gramado apresentou pontos amarelados na partida contra o Santos, fruto do show do cantor Roberto Carlos uma semana antes. Mesmo com o campo não tendo apresentado prejuízo técnico na final do Campeonato Paulista, não foi a primeira vez que a condição do gramado chamou a atenção. Tufos de gramas soltos e irregularidades apareceram em outras partidas. De acordo com a World Sports, responsável pela grama do Allianz Parque, todas essas questões são fruto do pouco tempo que a grama teve que se desenvolver no estádio e é influenciada até pela própria arquitetura do estádio.

Mas, segundo a empresa, não há motivo para alarde. "(O Allianz Parque) É uma arena que é bem fechada, tem menos luz entrando no gramado, então ela tem uma condição mais complicada para a grama se manter. É questão de mais um pouquinho de tempo, de paciência", explica Fábio Câmara, engenheiro agrônomo e diretor técnico da World Sports.

Gramado do Allianz Parque não estava em perfeitas condições no clássico deste domingo
Gramado do Allianz Parque não estava em perfeitas condições no clássico deste domingo
Foto: Mauro Horita/Agif / Gazeta Press

De acordo com o engenheiro, a condição deve evoluir ao longo do Campeonato Brasileiro, que começa no dia 10 de maio. "A partir do meio de maio ele já vai estar bem bacana. Mais um 20, 25 dias e vai estar certinho", afirma.

Outro fator que influencia no pior estado do gramado palmeirense é o volume de shows. Paul McCartney e Roberto Carlos já se apresentaram no estádio, que se projeta como a principal casa para grandes eventos na cidade de São Paulo. Vale lembrar que os palcos para esses shows não são montados dentro do campo de jogo do Allianz Parque.

Visualmente, Allianz Parque ainda apresenta tufos soltos e pontos amarelados
Visualmente, Allianz Parque ainda apresenta tufos soltos e pontos amarelados
Foto: Leandro Martins / Futura Press

"Quanto menos o gramado é pisoteado, mais ele fica firme. Se ele não tivesse shows, o gramado ficava muito melhor, obviamente. Agora, as arenas têm que ter shows. Só com o futebol, é muito complicado você pagar o valor da conta, então é difícil falar que não pode ter os shows, que estraga o gramado. O show dificulta um pouco mais, mas não é por causa deles que um está melhor que o outro", afirma Câmara.

O acordo feito entre Palmeiras e WTorre, construtora do estádio, prevê que a empresa pode utilizar a casa palmeirense para shows. A maior parte da renda é da parceira, mas o clube tem direito a um percentual da renda. A situação do campo para a final do Paulista causou desconforto durante a semana de preparação, mas a diretoria do Palmeiras preferiu não entrar em polêmica com a parceira. O presidente Paulo Nobre argumentou que é o direito por contrato da WTorre poder usar a arena para eventos, e o clube não pode contestar isso.

Quantidade de shows no Allianz Parque também influencia no estado um pouco pior do gramado
Quantidade de shows no Allianz Parque também influencia no estado um pouco pior do gramado
Foto: Getty Images

"É importante falar que o gramado está visualmente inferior ao da Arena Corinthians, ou até do Pacaembu ou da Vila Belmiro, porém a superfície de bola para rolar e drenagem estão ok. O problema é muito mais visual, o pessoal vê e observa umas manchinhas, uns pontos amarelados. A diferença é visual ainda, mas qualidade de jogo, bola rolando, é igual", explica Câmara.

Apesar da defesa do engenheiro, a qualidade do gramado já foi colocada em xeque. Em algumas partidas é possível ver tufos do gramado soltos, e a bola correr de modo irregular. O gol do meia Robinho contra o São Paulo é provavelmente o mais bonito do estádio até o momento. Rogério Ceni não quis tirar os méritos do armador, mas disse que a sua saída de jogo errada, que iniciou o lance, foi por causa do gramado irregular.

"A bola quica na hora que eu vou chutar. O primeiro lance foi do gramado, do jogo. Ela quica, pega no tornozelo", afirmou o goleiro são-paulino.

Final do Paulista: veja o gol de Palmeiras 1 x 0 Santos:

Tais irregularidades chamam a atenção pelo fato de não acontecerem em outro estádio recente da cidade de São Paulo. Tais problemas não são mais vistos na Arena Corinthians. A World Sports também é responsável pelo gramado corintiano, e explica que o tempo maior dado para o gramado se desenvolver no estádio rival e a tecnologia única em Itaquera ajudaram a fazer a diferença.

"No Corinthians, ela (grama) teve um tempo maior de maturação. Lá também houve algumas especificações extras. Foi implementado um sistema de reforço, foi feita drenagem a vácuo. No Palmeiras, não tem nenhum dos dois. Porém, não justifica isso que ainda está acontecendo no Allianz Parque. O próprio Pacaembu, que a gente também cuida e também não tem essa tecnologia, já está consolidado", conta Fábio.

A Arena Corinthians foi inaugurada oficialmente em maio de 2014. Vale lembrar que, apesar de o gramado ter apresentado boas condições na estreia contra o Figueirense, causou incômodo meses antes, quando ainda tinha manchas amarelas durante a visita da Fifa, em janeiro do mesmo ano. Na Copa do Mundo, o técnico chileno Jorge Sampaoli fez duras críticas ao gramado e disse que a Fifa não deveria permitir que ele fosse utilizado para treinos e jogos.

Arena Corinthians tem mais tempo de maturação em seu gramado do que o estádio do Palmeiras
Arena Corinthians tem mais tempo de maturação em seu gramado do que o estádio do Palmeiras
Foto: Alexandre Schneider / Getty Images

Já o Allianz Parque teve a sua primeira partida oficial em novembro de 2014, com o gramado tendo sido instalado em julho. O clube e World Sports tiveram que esperar cinco meses para inicar o trabalho por causa das dificuldades para liberar as máquinas que fariam a iluminação artificial da grama.

Mas há a chance de que, mesmo quando toda a grama da casa palmeirense estiver perfeita, ela não seja tão bonita quanto nos lados de Itaquera, pelo menos do ponto de vista estético. Tudo porque o Corinthians investiu em um gramado no estilo europeu, desenvolvendo um sistema de resfriamento especial para aguentar o clima brasileiro.

"Essa grama é mais vistosa, tem uma tonalidade mais vibrante. Você pode até ver nos campos do Campeonato Inglês, do Campeonato Espanhol, que são países frios. É um outro tipo de grama, é um pouco mais rápida", diz Fábio.

Gramado da Arena Corinthians costuma fazer a bola correr mais rápido que a média no Brasil
Gramado da Arena Corinthians costuma fazer a bola correr mais rápido que a média no Brasil
Foto: Rubens Chiri/São Paulo FC / Divulgação
Fonte: EFuroni Conteúdo Editorial
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