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Blatter deixa presidência da Fifa em meio a escândalo e convoca nova eleição

2 jun 2015 - 18h56
(atualizado às 21h09)
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Joseph Blatter chocou o mundo do futebol nesta terça-feira ao anunciar inesperadamente sua renúncia como presidente da Fifa, em meio a uma investigação de corrupção que mergulhou a entidade que controla o futebol mundial na pior crise de sua história.

Joseph Blatter, que anunciou saída da presidência da Fifa em Zurique 2/6/2015
Joseph Blatter, que anunciou saída da presidência da Fifa em Zurique 2/6/2015
Foto: Ruben Sprich / Reuters

Blatter, de 79 anos, anunciou a decisão em uma entrevista coletiva organizada às pressas em Zurique, seis dias após a polícia suíça invadir um hotel na cidade e prender vários dirigentes da Fifa e apenas quatro dias depois de ter sido reeleito para um quinto mandato como presidente.

Blatter afirmou que haverá uma eleição para escolher um novo presidente para a federação internacional o mais rápido possível. Mas uma autoridade da Fifa disse que o pleito provavelmente não vai acontecer antes de dezembro.

"A Fifa precisa de uma profunda reestruturação", declarou o suíço Blatter, que tem sido uma presença dominante na Fifa há décadas.

"Eu decidi concorrer novamente porque estava certo de que essa era a melhor opção para o futebol. Apesar de os membros da Fifa terem me dado um novo mandato, esse mandato não parece ter o apoio de todos no mundo. É por isso que irei convocar um congresso extraordinário a ser realizado o mais rápido possível, para a eleição de um presidente para me suceder."

A decisão de Blatter foi imediatamente saudada por seus maiores críticos. O chefe da federação europeia e favorito à sucessão de Blatter, o ex-astro do futebol francês Michel Platini, disse: "Foi uma decisão difícil, uma decisão corajosa, e a decisão certa."

O ex-jogador e atual senador Romário (PSB-RJ) considerou a renúncia do presidente da Fifa como a "melhor notícia dos últimos tempos", e pediu a saída também do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero.

"A renúncia de Joseph Blatter ao cargo de presidente da Fifa representa o início de uma nova era para o futebol mundial. Todos os gestores corruptos das confederações, mundo afora, sentirão sua queda como um tsunami", disse Romário em comunicado.

O presidente da Associação de Futebol da Inglaterra, Greg Dyke, afirmou que era "uma boa notícia para o futebol mundial". E questionou os motivos de Blatter: "Quem o derrubou? O que aconteceu entre então (eleição) e agora?"

A Fifa, comandada por Blatter desde 1998, foi abalada na última semana com o anúncio de uma investigação dos Estados Unidos sobre suposta irregularidade financeira generalizada que remonta há mais de duas décadas.

Autoridades suíças também fazem sua própria investigação sobre a concessão das Copas do Mundo de 2018 e 2022 para a Rússia e o Catar, respectivamente.

O ministro dos Esportes russo, Vitaly Mutko, disse que a decisão de Blatter foi "corajosa" e ajudará a evitar uma divisão na Fifa.

Embora Blatter não tenha sido mencionado nas investigações norte-americanas e suíças, houve vários pedidos para que ele deixasse o cargo, a maioria de nações ocidentais. Alguns dos principais patrocinadores também manifestaram dúvidas sobre o impacto do escândalo.

Após a renúncia, pelo menos dois deles, Coca-Copa e Adidas, comemoraram a decisão.

"A notícia de hoje marca um passo na direção correta, no caminho para a Fifa estabelecer e seguir padrões em conformidade com a transparência em tudo que eles fazem", afirmou a Adidas.

O Departamento de Justiça, o FBI e a Procuradoria dos EUA não fizeram nenhum comentário imediato.

O gabinete da Procuradoria-Geral da Suíça, que está investigando suposta má gestão criminosa e lavagem de dinheiro na Fifa, disse que a renúncia de Blatter não terá nenhum efeito sobre os seus trabalhos, e que Blatter não estava sendo investigado.

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