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Blatter propõe regras e 'surfa' na tecnologia para seguir à frente da Fifa

9 set 2014 - 14h38
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O aumento do uso da tecnologia do futebol está servindo como bandeira eleitoral na cruzada de Joseph Blatter para um quinto mandato seguido como presidente da FIFA. Na conferência da Soccerex em Manchester, ele tirou o último coelho da cartola. Propôs que o técnicos possam contestar as decisões do juiz uma ou duas vezes em cada tempo.

A sugestão é surpreendente para quem sempre resistiu que a tecnologia invadisse o campo. Blatter foi contra o uso de câmeras para esclarecer se a bola entrou ou não até a Copa de 2010. Mudou de ideia ao condenar a injustiça de um gol ignorado de Lampard na derrota de 4 a 1 da Inglaterra para a Alemanha. A bola passou meio metro da linha mas o juiz não viu, cometendo um erro clamoroso.

De lá para cá, o “International Board”, que faz as regras do futebol, adotou a tecnologia que permite verificar se foi gol ou não em um segundo - utilizada pela primeira vez numa Copa do Mundo, no Brasil.

Sobram dúvidas se este novo experimento dos técnicos questionarem os juízes pode funcionar. O dirigente máximo da FIFA diz que quer fazer um teste no Mundial Sub-20 em 2015, na Nova Zelândia. Ele explica que o juiz vai checar e decidir depois de rever o lance com os técnicos nos monitores à beira do campo. Esclarece também que esta verificação só deve acontecer quando o jogo estiver parado.

Como impedir, porém, que um jogador force a interrupção do jogo? Que tipo de lance pode ser questionado? Alguns incidentes dependem de interpretação, não estão sujeitos a normas de precisão científica. Tirando a linha do gol e a linha do impedimento, não dá para medir, checar quantificar outros lances. Foi mão na bola ou bola na mão? Caiu ou foi derrubado? E como vão reagir os torcedores? Podem ficar enfurecidos com as mudanças de decisões do juiz. E a autoridade dele, não estaria correndo risco?

Dar uma ou duas chances de contestar decisões não vai acabar com a eterna controvérsia envolvendo arbitragem. Antes de se converter à tecnologia, Blatter argumentava que o erro faz parte do futebol que mantém as mesmas regras há mais de um século. O que a gente assiste no Maracanã, Camp Nou ou Wembley é na essência o mesmo esporte que você vê na praia ou numa várzea.

Aí está a magia do chamado "jogo bonito". Estas novidades tecnológicas vão acabar destruindo esta unidade, criando dois níveis de futebol: um com as regras normais e outro com a parafernália de um esporte que se transforma radicalmente em videogame.

O tira teima entre técnico e juiz parando o jogo uma ou duas vezes em cada tempo pode dar as televisões um tempinho extra para um anúncio – que seria pago a peso de ouro. Enquanto o juiz caminha para a beira do campo, um pequeno intervalo de 20, 30 segundos.

Na volta, a imagem inédita de um árbitro e os técnicos discutindo quem está certo quem está errado, em frente a um monitor de TV. De preferência, com o som da discussão bem alto. Bem vindo ao futebol de quatro tempos. Mais emoção, mais controvérsia e mais dinheiro. Talvez seja esta a grande vantagem. “Nossos comerciais por favor.”

Fonte: Lancepress! Lancepress!
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