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Blatter quer Mundial-2022 disputado no inverno

18 jul 2013 - 15h13
(atualizado às 15h42)
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O debate sobre a realização da Copa do Mundo de 2002 no inverno (boreal) mudou de tom desde que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, se posicionou contra os riscos ligados ao grande calor no Catar no verão.

O discurso do chefe da entidade que rege o futebol mundial, na última quarta-feira na Áustria, foi incisivo: "É evidente que não podemos jogar sob este calor de verão, temos que pensar na saúde dos jogadores". Esta foi a primeira vez que Blatter saiu do muro, já que antes repetia que o pedido de organizar o Mundial no inverno deveria ser uma iniciativa do país sede. No Catar, as temperaturas em junho podem chegar aos 50 graus.

"O Comitê executivo tem que ser corajoso e mostrar às federações que algo precisa que ser feito", enfatizou Blatter. O Comitê executivo é o governo do futebol mundial e tem como obrigação determinar as datas, locais e formatos das competições. As mudanças, porém, terão que ser votadas no Congresso da entidade, o próximo sendo realizado em 3 e 4 de outubro, na sede da Fifa, em Zurique.

O Comitê organizador do Catar não se pronunciou nesta quinta-feira, mas seus membros, em comunicado, explicaram em março ter submetido "a candidatura do país para acolher a Copa do Mundo de 2022 no verão", mas se diziam "prontos para acolher a Copa do Mundo no verão ou no inverno". O Comitê fez questão de informar também que a tecnologia que permite a climatização dos estádios "funciona e já vem sendo utilizada no estádio Al Saad desde 2008", em Doha. "É possível esfriar um estádio, mas não um país inteiro", lembrou Blatter. O Catar prevê um investimento de 200 bilhões de dólares nos próximos 10 anos em infraestrutura para seu Mundial.

- Platini advogou pela organização do Mundial no inverno

Ao contrário de Blatter, o presidente da Uefa, o francês Michel Platini, nunca titubeou: "Eu votei no Catar para a Copa de 2022 para desenvolver o futebol no país, mas acredito que tenha que ser disputado em janeiro. O calendário não é um problema. Uma Copa do Mundo precisa ser jogada na hora certa. Senão, em razão das condições climáticas, alguns países não terão a oportunidade de organizá-la". Blatter admitiu na última quarta-feira que ele acabara de voltar do Oriente Médio, onde visitou a Jordânia, a Palestina e Israel e pôde sentir "o calor que assola a região no verão", sendo que no Catar ainda é pior. Pelo visto, o lobbying de Platini junto com as federações europeias deu certo.

O presidente da Federação alemã, Wolfgang Niersbach, gostou do que ouviu de Blatter. "Eu nunca tinha visto Blatter ser tão claro sobre este assunto, e acho que ele tem toda razão". O presidente do Bayern de Munique, Karl-Heinz Rummenigge, que também preside a Associação Europeia de Clubes (ECA), já havia se mostrado favorável à mudança. "A família do futebol está unida: a Copa do Mundo de 2022 será disputada em janeiro, fevereiro, outubro ou novembro e vejo isso como um ponto positivo para a Bundesliga". O dirigente alemão acredita que a Europa deveria aproveitar melhor os meses de maio a agosto, quando a maioria dos campeonatos do continentes já terminou e o clima é o mais propício à prática do futebol.

A Inglaterra, que era contra a realização do Mundial no inverno, parece ter revisto sua posição. "No momento, isto teria grandes implicações para a Europa e, neste instante, nossa resposta seria não. Mas se encontrarmos um jeito de dar uma parada maior no inverno, então acredito que o bom senso prevalecerá e chegaremos a um acordo", explicou em março o presidente da Premier League, Dave Richards.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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