Após embargo de liminar, sócios do Bahia aprovam estatuto
Este sábado, 17, tem tudo para entrar na história do Bahia. Quase 4 mil novos e antigos sócios do clube se dirigiram à Arena Fonte Nova para uma assembleia geral que teria como objetivo votar um novo estatuto para a instituição e que definiu os parâmetros para a eleição de um novo presidente. O fato é inédito desde que o clube foi fundado, em 1931.
A votação foi realizada até as 15h, horário de fechamento das urnas. O pleito dos novos sócios e dos antigos acontece em urnas separadas, acatando pedido da Justiça, e era preciso que 2/3 dos sócios na assembleia votem a favor da mudança. Havia 8.600 sócios cadastrados para votação, mas apenas 3.020 compareceram. Dentre esses, mais de 99% aprovaram o novo estatuto: o "sim" levou ao todo 3089, enquanto apenas seis sócios votaram contra a mudança. Outros 25 votos foram contabilizados como nulos.
Como a grande maioria dos presentes à Fonte Nova se encaminhou para as urnas que receberiam votos favoráveis à mudança, já era possível dizer, mesmo antes da apuração dos votos, que o novo estatuto será aprovado.
Liminar chegou a impedir assembleia, mas foi derrubada
A votação do novo estatuto chegou a ser impedida por algumas horas, por uma liminar expedida às 5 horas, que acatou o pedido do conselheiro destituído André Americano, aliado do presidente afastado Marcelo Guimarães Filho. Porém, por volta das 11h50, advogados do grupo interventor conseguiram derrubar a medida e a assembleia pode ser realizada.
Na Fonte Nova, o clima era de festa. Os mais de 8 mil torcedores que compareceram ao estádio, aguardaram o início da votação nas arquibancadas. Entoavam gritos de guerra cantados durante partidas do clube e também levavam cartazes e faixas que clamavam pela democratização do clube.
Pouco antes, por volta das 11h20, o interventor do clube, Carlos Rátis, subiu a um palanque para avisar que o grupo interventor estava trabalhando para embargar a liminar. Enquanto o hino do Bahia tocava, foi ovacionado com aplausos e gritos de apoio da torcida, que chamava o seu nome. Claramente emocionado, o interventor fez um discurso, no qual explicou também de que forma aconteceria a assembleia, caso a Justiça permitisse.
“Estamos fazendo este trabalho para vocês, patrimônio maior do clube. Estamos fazendo o máximo para realizar eleições democráticas e essas eleições exigiram então a mudança do estatuto. Nas eleições de 2011, é importante frisar, o número de eleitores era menor do que o número de eleitos. É para isso que a comissão de intervenção foi designada. O presidente tem que ser eleito, o vice e o conselho deliberativo tem que ser eleito pelos seus sócios”, disse o interventor.
Rátis enfatizou, ainda, que não seria candidato de nenhuma chapa no processo – o interventor será, na verdade, um dos membros da comissão eleitoral que irá fiscalizar as eleições. "Não somos candidatos a nada. Queremos apenas abrir o clube para os senhores. Isso é democratizar o Esporte Clube Bahia”, afirmou.
Confira as alterações que foram aprovadas pelos sócios do Bahia
1 ) Mandato-tampão: presidente eleito durante a intervenção comandaria o clube até dezembro de 2014 e não teria o direito se reeleger.
2) Eleição direta: sócios elegem diretamente o presidente, que teria de se dedicar integralmente ao cargo e teria salário estipulado pelo Conselho Deliberativo.
3) Ficha-limpa: ninguém poderia ser candidato à presidência ou a cargo de conselheiro se tiver condenação judicial.
4) Redução do Conselho de 300 para 100 componentes: sua eleição seria proporcional aos votos recebidos por cada chapa.
5) Maioridade eleitoral: a idade mínima para votar seria reduzida de 18 para 16 anos. A idade mínima para associação também seria reduzida de 18 para zero ano.