/images.terra.com/2015/05/20/corinthians.png "Logo do Corinthians")
Ralf confessa incômodo com indefinição e grito de mercenário
Ralf está incomodado. No final da tarde desta quarta-feira, o meio-campista do Corinthians se posicionou ao lado do atacante Stiven Mendoza para conceder entrevista no CT Joaquim Grava e não se esquivou em quase dez perguntas sobre o futuro - o colombiano, ao contrário, passou a maior parte do tempo em silêncio. O volante falou que de fato a demora na renovação o incomoda, assim como ouvir os torcedores charmarem o elenco de "mercenário".
"Sinto um pouco de incômodo porque não há nada definido", avisou Ralf, recorrendo à história construída no Corinthians para chamar a atenção do contrato com validade até o final do ano. "Sou um dos que estão há mais tempo aqui, então queria uma definição o mais rapidamente possível. Com seis meses para o acordo acabar, você fica meio assim, balançado."
A impaciência de Ralf não significa que ele desconsidere o momento enfrentado pelo clube. O volante ressalvou algumas vezes que a diretoria está correta ao priorizar soluções para os casos dos atacantes Emerson, com contrato até 15 de julho, e Paolo Guerrero, cujo vínculo vencerá no dia 31 do mesmo mês. Ambos também possuem um passado vitorioso, porém dificilmente terão os compromissos prorrogados.
Ralf também não costuma reclamar publicamente de dívidas. O volante estava com nove meses de direitos de imagem vencidos - o Corinthians quitou cinco - e ainda acumula pendências referentes a premiações. "Nunca tinha passado por isso aqui. Mas a gente sabe que o Roberto (de Andrade, presidente) não está medindo esforços. Entendo que é difícil para ele passar noites em claro, sem dormir, e agradeço pela atenção", disse ele, sem qualquer ironia.
Os agentes do jogador ainda cobravam na Justiça uma dívida referenta a renovação de contrato ainda em 2012. O clube deve para eles cerca de R$ 3 milhões em um acordo feito após Ralf receber uma proposta da Fiorentina. O Corinthians, para manter o atleta, se compromeeteu a comprar a parte dos agentes. Eles teriam retirado recentemente a ação movida, ainda em janeiro, contra o clube. Em contato com a reportagem do Terra, o Corinthians disse que ainda não consta no processo eletrônico a tal desistência.
Apesar disso, há outra coisa que incomoda o jogador além da indefinição do contrato: ser acusado de corpo mole. Alguns torcedores protestaram na última sexta, acusando os atletas de serem mercenários, Ralf discorda. "A gente fica chateado de ser chamado de mercenário. O grupo é ótimo, mas quando a vitória não vem, fica fácil crucificar. A cobrança sempre vai existir, mas só não aceitamos ser chamados de mercenários. Aqui todo mundo é sério e pai de família", reclamou o jogador.
A crise financeira é justamente o principal empecilho para a permanência de Ralf. Se antes era visto como um jogador com potencial para o clube arrecadar dinheiro com uma transferência para o exterior, ele agora alcançará os 31 anos em 9 de junho e já virou merecedor de altos rendimentos no Corinthians.
"Não sei se posso falar que é o meu fim da linha no clube. Quero permanecer, conquistar mais títulos. É claro que, quando uma negociação se arrasta e não há um acerto, você deve pensar na carreira, na independência financeira. Não sei o dia de amanhã, só que estarei aqui até o fim do ano", comentou Ralf, ainda sem aventar, contudo, a possibilidade de assinar um pré-contrato com outro time.
Afinal, com mais de 300 jogos pelo Corinthians, o volante nem sequer consegue se imaginar sem um uniforme alvinegro. "Tudo o que conquistei foi aqui. Não me vejo em outra equipe do Brasil. Na Europa, muito menos", concluiu o incomodado Ralf.
Além dele, outros jogadores com bagagem no clube terão os acordos encerrados no fim do ano - o lateral esquerdo Fábio Santos e o meia Danilo. Já Cristian, que retornou para disputar posição com Ralf e não se firmou, só estará livre do vínculo em 31 de dezembro de 2017. Ele é um ano mais velho do que o primeiro volante titular corintiano.
Gazeta Esportiva
