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Filho de Zé Maria dá suporte à comissão do Corinthians em caça ao título

17 out 2011 - 07h32
(atualizado às 08h36)
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"Clebinho, o Fabrício treinou", avisou ao auxiliar técnico Cleber Xavier um dos responsáveis pela área de tecnologia esportiva do Corinthians, na sexta-feira, dois dias antes do confronto com o Cruzeiro, em Sete Lagoas. É assim, munindo a comissão de Tite com informações a respeito do próximo adversário e da atuação passada do próprio time, que trabalha a equipe liderada por Fernando Alves, filho do ex-lateral corintiano Zé Maria, em uma sala de 16m² arranjada dentro do setor administrativo do CT Joaquim Grava.

Após ficar longo tempo se recuperando de contusões e ter estreado no Corinthians somente no último final de semana, o atacante Adriano deu susto nesta quinta-feira no CT Dr. Joaquim Grava
Após ficar longo tempo se recuperando de contusões e ter estreado no Corinthians somente no último final de semana, o atacante Adriano deu susto nesta quinta-feira no CT Dr. Joaquim Grava
Foto: Roberto Vazquez / Futura Press

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No local, cinco pessoas atuam diariamente - de segunda a segunda, e às vezes noite afora - fazendo projeções dos pontos necessários para conquistar o título do Campeonato Brasileiro e gravando vídeos de todos os jogos da competição. A ilha de edição improvisada conta com uma série de receptores com sinal de pay-per-view, monitores e DVDs empilhados em armários. Num dos computadores, ficam a planilha intitulada "Corrida rumo ao título" (em que se aponta o futuro campeão brasileiro de 2011 com 71 pontos ganhos em 38 jogos) e dezenas de gigabytes de imagens das rodadas disputadas até agora.

"A gente acompanha a projeção que os matemáticos fazem, mas nós temos um controle interno também. Procuramos analisar o histórico dos outros campeonatos, de acordo com o desenrolar do atual", explica Fernando, funcionário do clube desde 1999 e na função atual desde 2005 - apesar da formação em administração, ele compensa com prática e estudos na área.

"Neste ano, a gente tende a ter um achatamento na parte de cima da tabela. Provavelmente, a média de pontos (por rodada) do campeão será menor, e para a classificação à Copa Libertadores será maior. Mas isso não é algo definitivo, portanto trabalhamos sempre com margem de erro".

Na tarde de sexta-feira, enquanto ele justificava a previsão e respondia a outras perguntas, outro funcionário, sentado à mesa ao lado, acompanhava as principais notícias do Cruzeiro através da Internet e adiantava material a ser entregue a Tite na manhã do dia seguinte - como a indefinição do técnico rival Vagner Mancini entre o volante Fabrício (recém-recuperado de lesão) e o meia Roger.

"Nós buscamos análise quantitativa e qualitativa, baseada em padrões, características, pontos fracos e fortes, e sincronizamos esse conteúdo com a comissão técnica. O Tite então direciona o enfoque, tanto de correções do nosso time quanto do que se sabe do adversário. Ou seja, ele vai desenhando o que precisa ser mais aprofundado nos treinamentos", diz Fernando.

"Observo desempenho e posicionamento dos atletas, e essas informações me servem pra confirmar. Quando não fecha, tem alguma coisa errada, e aí gente dá uma olhada de novo para que eu tenha condição de conduzir o trabalho. Sendo mais específico: se eu acho que o Ralf jogou bem, vou lá ver o número de desarmes dele, o número de passes certos e errados. Além de confirmar esses dados, esse trabalho serve para olhar o nosso posicionamento e do adversário. Consigo ver, no fluxograma, as jogadas que acontecem, de quem para quem saem os passes. É do Ralf para o Paulinho, do Paulinho para o Willian. Ele consegue pegar isso do vídeo e passar a uma amostragem."

De muitas horas de jogos do Cruzeiro gravadas, ele e sua equipe dariam ao treinador uma pré-seleção de 15 minutos. Após ter conversa com ele e seus assistentes, o compacto utilizado na preleção fica geralmente com oito minutos, no máximo.

"Várias questões são colocadas no primeiro vídeo, mas elas não necessariamente precisam ser mostradas aos jogadores, até para não ficar tão longo, o que poderia prejudicar no objetivo final. Caso contrário, eles podem perder a concentração durante a palestra do Tite. As observações têm que ser pontuais", emenda.

Em algumas situações específicas, determinados jogadores corintianos ganham seu próprio kit de estudos para o período em que estiverem em viagem ou na concentração do hotel. "Se um jogador do outro clube é destacado, nós criamos um vídeo só dele e passamos para o atleta do nosso time que provavelmente vai atuar no mesmo setor que ele. No último jogo do Botafogo antes de enfrentar o Corinthians, eles começaram com o Herrera, e a equipe não esteve tão bem. No intervalo, entrou o Felipe Menezes para atuar por dentro, e o Elkeson foi para a ponta direita, onde estava o Herrera", exemplifica.

A noção tática não é herança genética, garante Fernando. Membro do departamento de futebol do Corinthians atualmente, mas com passagem pelas divisões de base do clube na infância, até os 14 anos, ele nunca levou jeito com a bola como o o pai, campeão paulista quatro vezes com a camisa alvinegra.

O próprio filho de Zé Maria reconhece que, para jogar futebol, puxou à mãe. Contudo, se não pôde auxiliar a equipe em campo, ele tem dado contribuição importante para colocá-la, até o momento, à frente na corrida pelo título nacional.

No domingo, por exemplo, Tite não foi pego de surpresa ao ver Fabrício em vez de Roger, e o Corinthians conquistou a vitória por 1 a 0 com gol de Paulinho, volante que costuma aproveitar buracos da retarguarda rival.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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