M. Assunção vê jovens em provação após 8 a 0 e já elege "sucessor"

O experiente volante Marcos Assunção acredita que a nova geração de meninos do Santos passa por uma provação desde a histórica goleada por 8 a 0 sofrida para o Barcelona, no último dia 2. O meio-campista, que ficou fora da viagem devido a tratamento de lesão muscular, pede, no entanto, para que "não remoam" o tropeço e confessou ainda que vislumbra  um potencial futuro batedor de faltas no meia Pedro Castro, a quem tem aconselhado no clube.

"Todos sabiam que seria muito difícil jogar contra o Barcelona. Foi uma noite ruim, eles estavam muito motivados com a chegada do Neymar. Foi uma noite ruim nossa e muito boa deles. Sabíamos das dificuldades, mas quem esperava um 8 a 0? Ninguém. São coisas que ficam marcadas, mas empatamos com o Corinthians quase vencendo-os e o Brasileiro segue, não quero que remoam pensando naquilo que passou. Agora, eles vão ter que provar que podem continuar jogando no Santos, no Brasil e na Europa. É assim que funciona, a cada dia precisam demonstrar", disse Assunção, em entrevista ao Terra.

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Desde a volta ao País, o Santos não perdeu mais, mas também não ganhou. Empatou por 1 a 1 contra o Corinthians, por 0 a 0 diante do Cruzeiro e novamente por 1 a 1 na partida em que enfrentou o Vasco. O veterano confessou que tem aconselhado o capitão santista na conquista da última Copa São Paulo para que busque um "diferencial" aperfeiçoando as cobranças de falta, sua principal especialidade durante toda a carreira.

"Converso bastante com o Pedro Castro, é um garoto bom, que tem a cabeça boa e bate bem na bola. Falei para ele que tudo na vida é treinamento e que para ser um jogador diferenciado, ainda mais no meio de campo, precisa ter algo além da marcação. Fazer gols de falta é um diferencial. Nós que estamos ali precisamos aparecer, sermos destaques. Ele é um menino que está querendo isso e já está batendo bem na bola. Estou incentivando para que siga treinando, não tem outro caminho sem ser esse", explicou.

Desde que chegou ao Santos, Assunção não conseguiu marcar gols com a sua jogada mais característica, mas deu uma assistência, para o gol de Durval diante do Joinville-SC, pelo primeiro jogo da segunda fase da Copa do Brasil. Pelo Palmeiras, o camisa 20 marcou 23 gols de falta, um olímpico e um de pênalti. Com a bola rolando foram seis. A sua última partida foi em 12 de junho, diante do Atlético-MG, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro.

Veja a segunda parte da entrevista com o volante Marcos Assunção:

Terra - Se você estivesse em campo nessa partida diante do Barça e pudesse falar algo, o que falaria? Era possível ter evitado o estrago?

Marcos Assunção - Muitas vezes o falar não quer dizer nada. Tínhamos que ter entrado e jogado, mas naquele dia e naquela noite não deu certo. Eles (meninos) querem ser grandes jogadores, mas ainda são garotos. A vida segue, a vida tem que sequir para grandes jogadores e o clube. A cada dia e treino vão precisar mostrar que estão aqui porque são bons.

Terra - Você citou que sente muitas dores, tem treinado com limitações? Sente, por exemplo, dificuldades para correr, executar lançamentos?

Marcos Assunção - Nada, consigo fazer tudo. A lesão do adutor está curada. Tenho que voltar devagar, claro, não dá para querer sair chutando várias bolas. Mas é assim mesmo, quando você volta de lesão precisa saber que é pouco a pouco. É assim comigo, voltarei devagar.

Terra - E já prepara um sucessor para as faltas? Você diz que conversa muito com os meninos. Tem alguém com potencial?

Marcos Assunção - Converso bastante com o Pedro Castro. É um garoto bom, que tem a cabeça boa e bate bem na bola. Falei para ele que tudo na vida é treinamento e que para ser um jogador diferenciado, ainda mais no meio de campo, precisa ter algo além da marcação. Fazer gols de falta é um diferencial. Nós que estamos ali precisamos aparecer, sermos destaques. Ele é um menino que está querendo isso e já está batendo bem na bola. Estou incentivando para que siga treinando, não tem outro caminho sem ser esse.

Terra - Voltando para a sua carreira e pensando que esse pode ser o último ano. Falta alguma coisa?

Marcos Assunção - Não tem nada, não, fiz tudo. Aliás, acho que faltou só uma Copa do Mundo, mas de resto sou muito feliz. Eu sou um abençoado, pois na minha vida no futebol consegui tudo o que queria. Saí de uma família pobre, dei uma boa vida para meus familiares e atingi tudo aquilo que almejei. Foram mais alegrias, certamente.

Terra - E no Santos? Acha que consegue reverter esse quadro com pouco mais de meio Campeonato Brasileiro para jogar?

Marcos Assunção - Trabalho todos os dias para isso. Termina o treino e chego cansado em casa. Só não saio de Caieiras e venho para Santos a passeio. Venho a trabalho, dou duro e chego na minha casa cansado. Isso é porque trabalho bem, é consequência de um trabalho duro. Trabalho de verdade, não dou migué. Dou o mesmo duro de quando eu tinha 17 anos e é isso que me faz vir para cá trabalhar. É isso que ainda me deixa satisfeito. Para sair de Caieiras e dar migué prefiro ficar em casa.

Terra - Pensando que o fim da carreira seja esse ano mesmo. O que fará depois? Vai tentar a carreira de técnico? E o que ficou combinado com os dirigentes do Santos, conversará com eles só no fim do ano?

Marcos Assunção - Não penso em ser técnico. Depois de parar não vou nem querer saber de bola, vou ficar em Caieiras sossegado. Vou jogar só fim de semana com os meus amigos do bairro. Não sei, posso estar falando besteira, mas após um três ou quatro anos espero estar envolvido na bola novamente. O que quero fazer depois de parar é descansar um pouco, desfrutar dos filhos. Fazer o que não pude fazer com a família. Sobre o Santos não tem nada combinado. Vamos deixar acontecer até lá.