Na década de 60, "sequestro" trouxe grande ídolo ao Corinthians
"No Corinthians eu jogo até de graça". A frase, cunhada pelo lateral direito Zé Maria em 1970 ficou marcada, para sempre, na carreira do jogador, convocado para as Copas do Mundo daquele ano e também de 74. Antes mesmo de estrear com a camisa corintiana, com isso, ele já conquistava os torcedores. Guardadas às devidas proporções, foi "sequestrado" como Matías De Federico, reforço argentino que chegou com pompa vindo do Huracán.
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Com os mesmos 20 anos que De Federico tem, Zé Maria, em 1969, protagonizou uma grande disputa entre Corinthians e Portuguesa, seu clube naquela ocasião. No fim, como no caso do argentino, prevaleceu a vontade do jogador, que se tornaria o Super Zé, principal lateral direito da história corintiana.
"Foi mais ou menos parecido com esse caso, porque eu estava sem contrato na época, em 1969. Meu pai era o meu procurador e havia apalavrado que a Portuguesa me venderia quando tivesse oportunidade", explica Zé Maria, em contato com o Terra. "Meu pai ficou ali brigando e quando voltei da Copa do Mundo, em 1970, ele falou que o Corinthians estava disposto a qualquer negócio".
Como os dois clubes não entravam em um acordo, Zé Maria, que quando criança prometeu ao pai, corintiano, que conquistaria um título no Parque São Jorge, não titubeou: fez as malas e foi treinar com o Corinthians, antes mesmo de o negócio entre os clubes ser concretizado.
"Foi mais uma briga entre meu e os dirigentes da Portuguesa. No fim, a gente acertou com o presidente da Federação Paulista e o Corinthians pagou uma quantia, que depois foi reconsiderada e precisou aumentar", conta Zé, que fez de tudo para atuar com a camisa corintiana.
A chance da vida de Zé Maria
"Era a grande oportunidade da minha vida. Se não fosse aquela época, não sei se iria depois. Os clubes tinham bom relacionamento e já tinham outros jogadores indo para o Corinthians, que na época tinha um super time", explica.
Zé Maria, naturalmente, não se arrepende do pulso firme que teve na época. "Foi a melhor decisão da minha vida. Satisfiz meu pai e sou muito grato a ele por tudo que me ajudou. Era o time que eu gostava desde criança".
Ao contrário da legislação vigente há 11 anos com a criação da Lei Pelé, antigamente um jogador sem contrato não deixava de pertencer ao clube de origem, que mantinha o que ficou historicamente conhecido como o "passe" do atleta. Por isso, Zé Maria, mesmo ao fim de seu acordo com a Portuguesa, não pôde se transferir diretamente ao Corinthians em 1970.
Três vezes campeão paulista no Parque São Jorge, inclusive em 1977, com o fim do jejum, o Super Zé, também conhecido como Cavalo de Aço por seu vigor físico fora do comum, disputou 599 partidas com a camisa corintiana, acumulando 284 vitórias, 183 empates e 132 derrotas, marcando 17 gols - segundo dados do Almaque do Corinthians, de Celso Unzelte.
Respeitado, Zé Maria ainda acumulou as funções de técnico e jogador, em 1983. Na temporada seguinte, aos 35 anos, pendurou as chuteiras depois de rápida aparição pela Inter de Limeira.
Há 10 anos, Zé trabalha com o esporte na Fundação CASA, a antiga Febem, tentando levar a prática esportiva para a recuperação de jovens infratores. "É um trabalho muito gratificante", diz o ídolo corintiano.