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Terra na Copa

Paulo André e Raí contestam Marin por mudanças; entenda críticas dos atletas

31 ago 2013 - 07h42
(atualizado às 12h14)
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Presidente da CBF rebate pergunta de Paulo André:

Na última sexta-feira, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, compareceu ao 3º Fórum Nacional de Esporte, no qual participou de um debate sobre a Copa do Mundo e o legado do evento para o futebol brasileiro. Após fazer o discurso inicial carregado de lados positivos da instituição que comanda, o mandatário da entidade que rege o principal esporte nacional foi colocado contra a parede por Raí e Paulo André – ambos não perdoaram o dirigente e chegaram até a levantar a voz no debate.

Entre os pontos tocados por ambos os jogadores, que representaram os atletas no evento organizado pelo Lide, grupo de líderes empresariais, estão a capacitação de gestores, a inferioridade da organização e da qualidade dos clubes brasileiros em relação à Europa, a possibilidade da criação de uma nova liga de clubes nacionais, uma regulamentação das categorias de base do futebol brasileiro e a reeleição ilimitada na CBF.  Na maioria das questões, o dirigente foi evasivo e passou a responsabilidade para outros.

Saiba abaixo quais foram as críticas direcionadas a Marin, a resposta do dirigente e entenda as questões:

1) A diferença de clubes brasileiros para europeus, perguntada por Paulo André

O corintiano Paulo Andé lembrou o fraco desempenho de Santos e São Paulo em excursões para o exterior para saber se a CBF tem projetos para melhorar o futebol brasileiro em comparação ao europeu, crítica feita por muitos.

Pergunta: “Sabemos que a vitória brasileira foi incrível na Copa das Confederações, resgatou a fé dos brasileiros, mas também fez com que esquecêssemos a crise existencial do Campeonato Brasileiro. Vimos dois clubes que foram ao exterior recentemente e houve uma discrepância do futebol. Não vemos ações por parte da CBF para fomentar gerentes e gestores para que se massifique isso. Quais são os projetos?”

Violência em estádios da Copa preocupa presidente da CBF:

Resposta de Marín: “Temos que levar em conta a grandeza territorial do Brasil. Não podemos pensar como a Europa. Nós não podemos fazer nosso calendário de acordo com o europeu. O futebol brasileiro continua muito respeitado lá fora.”

2) Criação de gestores especializados no futebol, perguntada por Paulo André

O zagueiro Paulo André não ficou satisfeito com a primeira resposta do presidente da CBF e rebateu o dirigente. Ambos trocaram réplicas e tréplicas um pouco mais exaltadas por algum tempo até que João Dória Jr., presidente do Lide, interrompeu e passou a palavra para outra pessoa. A criação de gestores é cobrada por muitos especialistas do futebol e o defensor corintiano pediu que se criem cursos, ao invés da interferência dentro dos clubes alegada por Marin.

Pergunta: “É público e notório, todos nós sabemos das necessidades do futebol brasileiro se desenvolver, evoluir, alcançar o século 21. Quero saber de novo qual é o projeto, adianta subsidiar a Série D e não fomentar os gestores dessas regiões para que se desenvolva o produto local?”

Resposta de Marin: “Ao subsidiar a Série D, damos empregos, uma equipe tem inúmeros profissionais. Não só jogadores como massagistas, preparadores. Damos oportunidade para um universo muito grande de pessoas. Não podemos interferir dentro dos clubes, nos dirigentes”.

3) Criação de liga de clubes profissionais, perguntada por Raí

Até há dois anos, o Brasil tinha o Clube dos 13, que reunia os principais clubes do Brasil para tomada de decisões esportivas e dos bastidores, como a divisão dos direitos de TV. A entidade acabou com um racha liderado pelo presidente corintiano Andrés Sanchez – o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, na época, não deu apoio à organização dos clubes. Raí interpelou sobre a criação de uma nova liga, mas o presidente se mostrou reticente e evasivo.

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Pergunta: “O que você acha da fomentação de uma liga profissional, seria a favor?”

Resposta de Marin: “Em relação à liga, ninguém é contra, mas acho que já houve uma tentativa e não foi possível. Pelo menos chegou ao meu conhecimento que a liga para funcionar teria que ter em contrapartidas pagamentos para funcionários, a meu ver seria um gasto desnecessário, pois tem a CBF para isso. A CBF tem portas abertas, se presidente de clube ou federação quer dar sugestões, terá um diálogo aberto. Não vejo a necessidade, mas se alguém quiser criar, a gente respeita.”

4) Organização das categorias de base do futebol brasileiro, perguntada por Raí

Com exceção de alguns clubes, como São Paulo, Inter e Cruzeiro, as categorias de base do futebol brasileiro, com milhares de times por todo o País, sofrem críticas de falta de estrutura e dificuldades para manter os atletas ativos e sustentados. Raí defendeu a criação de uma regulamentação ou manual por parte da CBF, mas viu o presidente novamente alegar que não pode se intrometer nos clubes.

Pergunta:  “Queria deixar uma sugestão que a CBF monte um manual explicando tudo para cada garoto, que regulamente para ter condições dignas de moradia, criar regras para que possa morar no clube e ter uma condição humana digna. Que a CBF, junto com Ministério Público, Conselho da Criança e do Adolescente, tome a frente disso que com certeza vai mudar as condições. Que tenha ao menos um diálogo.”

Resposta de Marin: “O poder da CBF vai até certo ponto. Vou levar em consideração sua sugestão, mas dentro do possível. Isso depende muito mais dos dirigentes do nosso futebol, dos próprios clubes, do que da CBF.”

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5) Reeleição na CBF, perguntada por Paulo André

Por ser uma entidade privada, a CBF regulamenta seu próprio estatuto e regras – não é regida como órgãos públicos, que limitam o número de reeleições. A instituição que comanda o futebol brasileiro tem eleições ilimitadas, pergunta levantada por Paulo André que gerou aplausos dos líderes empresarias presentes ao Fórum. Na resposta, Marin mostrou que é a favor de reeleição ilimitada na CBF se o dirigente for bom.

Pergunta: “A gente sabe que a CBF não recebe dinheiro público, mas há uma MP que pode ser aprovada (o jogador se refere à MP 615, que limita o número de reeleições em entidades esportivas que recebem dinheiro público). O senhor é a favor ou não de limitar o número de reeleições ds CBF mesmo não recebendo dinheiro público?”

Resposta de Marin: “Eu não vou responder fazendo qualquer pré-julgamento de dirigente esportivo, acho que aquilo que é bom deve continuar. Entre uma tentativa de você ficar com aquele que já provou que é bom, prefiro isso que o ruim ou duvidoso. Em relação a mim, estou à vontade para falar porque quando terminar o mandato não serei candidato a reeleição.”

Fonte: Terra
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