PUBLICIDADE
Logo do Santos

Santos

Favoritar Time

Recuperado, Assunção nega adeus por família e desabafa: "não dou migué"

18 ago 2013 - 08h09
(atualizado às 08h19)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Da despedida do Palmeiras à chegada no Santos, Assunção só realizou oito partidas e esteve parte da temporada tratando de lesões</p>
Da despedida do Palmeiras à chegada no Santos, Assunção só realizou oito partidas e esteve parte da temporada tratando de lesões
Foto: Ricardo Saibun / Divulgação Santos FC

Marcos Assunção está recuperado da última lesão muscular que o afastou por mais algumas semanas dos treinamentos. A contusão até seria normal caso não fosse mais um da série problemas desde a apresentação para a terceira passagem pelo Santos, em 22 de janeiro. Aos 37 anos e presente em apenas oito jogos na temporada, o veterano jogador diz em entrevista ao Terra que, nem em seu momento mais pessimista, pensou que seria tão difícil o seu provável último ano como profissional.

Escanteado em um elenco recheado de meninos, o volante busca apoio diário na família - submetendo-se a viagens diárias de 1h30min à cidade de Caieiras - para não antecipar a aposentadoria, rebate os críticos dizendo que não é jogador de migué e ainda sonha com volta por cima.

"Não esperava que fosse ser tão difícil (a volta ao Santos)", confessou o veterano, que diz que busca na família a alegria perdida em campo. "Lá (em Caieiras) encontro a felicidade que muitas vezes não tenho por não ser relacionado, não atuar mais. Vejo o meu filho de quatro anos e isso me dá forças", explicou.

A resposta para a fama recente de jogador que faz migué vem, justamente, pelo fato de que desde a volta ao clube ter atuado em apenas 397 minutos. Pouco pela condição de "homem de confiança" de Muricy Ramalho na qual chegou.

Claudinei Oliveira desconversa sobre a situação de Léo:

"Não vou mentir: sinto dor. Tem treino que depois sinto dores no tornozelo que operei e quebrei em cinco partes em 2004. Algumas vezes o cansaço também é maior do que o normal quando era mais novo. Eu sinto, mas não é mais forte que a minha vontade de jogar", disse. "Só não saio de Caieiras e venho para Santos a passeio. Venho a trabalho, dou duro e chego na minha casa cansado. Isso é porque trabalho bem, é consequência de um trabalho duro. Trabalho de verdade, não dou migué".

No apoio a família, Assunção, o rei das bolas paradas, ainda espera ajudar os jovens do Santos, mas quer ir além: "voltar a ser importante".

Veja a primeira parte da entrevista com o volante Marcos Assunção:

Terra - Como está hoje? Sente-se totalmente recuperado da última lesão?

Marcos Assunção -

Hoje, já. Tive um problema no adutor, afinal são 20 anos de futebol e 20 anos fazendo o mesmo movimento para cobranças de faltas, escanteios e faltas laterais. O meu adutor está cansado, estou chegando ao fim da minha carreira. Agora, já estou bem e treinando com o time.

Terra - Apesar de tudo o que tem acontecido com você durante o ano, dava para esperar um ano tão ruim nessa volta? Previa dificuldades?

Marcos Assunção -

Não esperava que fosse ser tão difícil. Ano passado joguei no fim do ano com alguns problemas no joelho, mas vim para o Santos para recuperá-lo. Hoje, o meu joelho está totalmente recuperado. Sempre agradeço aos profissionais aqui, são pessoas que fazem um trabalho fora do campo de recuperação excelente. Cito o Avelino, Marco, Thiago, Rafael e outros profissionais. Falo os nomes, pois temos ficado muito tempo juntos. Não pensei que fosse ser tão difícil, que jogaria tão pouco, mesmo com as lesões. Respeitei as posições do Muricy Ramalho, os companheiros que estão atuando, pois o clube tem um grupo maravilhoso. Quem joga, ou não, mantém a amizade e o companheirismo. Isso é gostoso. Fico com raiva, chateado por não jogar? Sim, não sou um cara acomodado, nunca fui. Mas, acima de tudo, somos amigos e a única coisa que nos resta é continuar treinando. Jogador de futebol é pago para treinar e jogar, não ficar falando.

Terra - Você citou o Muricy. Como foi a sua relação com ele? Você chegou como homem de confiança dele, acredita que perdeu mais espaço desde a sua saída?

Marcos Assunção -

(Minha relação) foi muito boa, não tenho nada a falar dele. Realmente, foi ele quem me trouxe, mas mesmo com ele joguei pouco. São coisas que acontecem no futebol, pois muitas vezes o treinador pensa uma coisa, depois acaba executando outra. Ele me trouxe, mas quase não fui titular. Acho que o jogador precisa ter confiança e a partir disso você alcança tudo. Respeito muito o Claudinei, que é o treinador, o comandante que decide, escala e convoca, mas também gosto de ser respeitado. Não faço nada para deixar um companheiro chateado, pensando mal de mim ou que agi de má índole. Todos podem me julgar pelo lado profissional, mas não como pessoa. Sou o mais correto possível para entrar de cabeça erguida. Joguei pouco até agora, mas ando em Santos e as pessoas me respeitam.

Terra - E o que ainda te motiva a tentar buscar mais desse "respeito"? Digo, por que ainda não se aposentar em meio a essas dificuldades?

Marcos Assunção -

Moro em Caieiras, de onde venho todo os dias para treinar. A partir do momento que não tiver mais a alegria de vir, é a hora de parar. Ainda tenho isso, gosto de ver os meus companheiros jogando, sinto muita falta disso até porque no clube em que eu estava (Palmeiras) era um cara muito respeitado e tinha muita confiança nas coisas que fazia. Só que a partir do momento que as coisas vão se tornando adversas parece que a confiança some. Isso volta a partir do momento que você começa a ajudar. Quero voltar a ser alguém importante para o time. Fazer meus gols de falta, dar assistências e ajudar no que puder em campo.

Terra - Não pensa em parar agora, então?

Marcos Assunção

Não é o fim de carreira que eu pensava. Imaginava parar jogando e ajudando a equipe onde estivesse, mas até o fim do ano tem muitas coisas para pensar e repensar. A decisão de parar é muito importante. É a mesma de quando você começa, quando determina que quer ser jogador. Parar é até mais difícil, pois não vou viver aquilo que vivi durante esses 20 anos. Tenho que ver se há outra possibilidade, mas não é esse final que quero para a minha carreira. Vou continuar trabalhando.

Terra - Você citou morar em Caieiras. Por que não em Santos? Não pode ter te atrapalhado nessa passagem atual?

Marcos Assunção -

Tenho dois filhos, ambos estudam lá. É o lugar onde nasci, cresci, que está a minha família, os meus amigos e que me sinto feliz nos momentos difíceis que vivo. Lá (em Caieiras) encontro a felicidade que muitas vezes não tenho por não ser relacionado, não atuar mais. Vejo o meu filho de quatro anos e isso me dá forças. Não moramos aqui porque eles estavam matriculados na escola, a minha filha de nove anos também não queria sair, tem amizades com colegas de classe. Acho que, acima de tudo, temos que buscar conforto para a família. Por isso eu vou e volto, para deixá-los confortáveis, dar a eles um conforto maior. Fiquei dez anos fora.

Terra - E eles te pedem para parar de jogar?

Marcos Assunção -

Ainda, não. O meu filho tem quatro anos e se eu não for jogador vou frustrá-lo. Tudo é bola para ele. Quando falo que vou trazê-lo para ver um treino ele nem dorme à noite. E isso me dá forças para continuar, embora seja muito difícil. Ver o meu filho com um sorriso no rosto e alegria para falar de futebol. Ainda não conversamos sobre parar por isso. Penso em jogar, pois ainda tenho alegria. Vi declarações do Marcos e Ronaldo que falaram que estavam perdendo para a dor. Não vou mentir: sinto dor. Tem treino que depois sinto dores no tornozelo que operei e quebrei em cinco partes em 2004. Algumas vezes o cansaço também é maior do que o normal quando era mais novo. Eu sinto, mas não é mais forte que a minha vontade de jogar. Não estou perdendo para as dores. É normal com 37 anos sentir mais do que quando era jovem, mas a minha vontade é maior.

Terra - Com tudo isso, dá para concluir que teria sido melhor ter ficado no Palmeiras? Você se arrepende da sua saída em janeiro?

Marcos Assunção -

Sou santista desde pequeno graças ao meu falecido tio. Tenho familiares santistas, então não me arrependo de nada. Na nossa vida a gente faz planos para que as coisas possam ocorrer da melhor maneira possível. Tenho um amor enorme pelo Santos e pela torcida. Saí do Palmeiras por algumas coisas que aconteceram, não foi por dinheiro. Sou uma pessoa de boa índole e caráter. Procuro ser honesto com todos, mas naquela ocasião não vi isso da parte de alguns dirigentes. A minha palavra vale mais do que qualquer papel assinado. Gosto de respeito e, partir do momento que a palavra não tem valor, não estou sendo respeitado. Deixei de assinar um bom contrato lá atrás, quando ganhamos a Copa do Brasil, mas depois recuaram. Mas isso é passado, foi há oito meses. Levantei a taça da Copa do Brasil como capitão, algo que não havia feito por clube nenhum. Para mim foi muito importante a passagem

Terra - E no Santos, como se vê em meio a esse processo de renovação liderado pela promoção dos jovens? Ainda acredita que receberá oportunidades?

Marcos Assunção -

Todos são excelentes jogadores, uma molecada boa no campo e fora dele. No que puder ajudá-los, ajudarei. Quero que vençam como venci. Me sinto um vencedor por ter ficado dez anos da minha carreira fora do País e ter conseguido tudo aquilo que almejei antes de começar a carreira como jogador de futebol. Cheguei onde poucos conseguiram, até na Seleção. Eles são bons jogadores e, acima de tudo, moleques que querem vencer. Vejo que estão se esforçando e, graças a Deus, me escutam. Converso com todos e sei o que precisam, pois passei por muitas coisas no futebol. O importante é ter a cabeça boa. Se vou jogar? Não sei, mas jogando, ou não, vou ajudar. Somos um grupo, tem que pensar no clube.

Fonte: K.R.C.DE MELO & CIA. LTDA – ME K.R.C.DE MELO & CIA. LTDA – ME
Compartilhar
Publicidade
Publicidade