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Retiro de Muricy tem mais de 2 meses com muito futebol e pouca reflexão

6 ago 2013 - 10h22
(atualizado às 10h28)
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<p>Muricy visitou o Terra na segunda-feira</p>
Muricy visitou o Terra na segunda-feira
Foto: Marcelo Pereira / Terra

Longe do futebol e das câmeras, Muricy Ramalho é uma pessoa diferente. "Estou invicto há mais de dois meses", brinca, sobre o período desempregado, quando chega ao Terra para uma entrevista exclusiva na tarde de segunda-feira. Salvo seus refúgios em Ibiúna-SP, onde tem um sítio, o controle remoto de casa é só futebol. Domingo, por exemplo, alternou entre Botafogo x Vasco e Portuguesa x Vitória. "Era para a Portuguesa ter goleado. Futebol é assim mesmo", diz à sua maneira. 

Confira entrevista com Muricy Ramalho na íntegra:

Muricy, no fim das contas, continua o mesmo. Celebra a tranquilidade de casa, mas nem cogita ser mais tranquilo quando for chamado por algum clube. Nos dois últimos anos, foi internado por problemas de saúde, o mais recente em abril. "Eu sou assim mesmo, não tem jeito. Na beira do gramado estou mais calmo e nas entrevistas também", conta.

> Renúncia à base foi determinante para demissão de Muricy Ramalho

Reflexões e reciclagens não são uma característica de Muricy que permanece com suas convicções. "Eu sou assim mesmo", como disse, ancorado em quatro títulos do Campeonato Brasileiro e uma Copa Libertadores, entre outros. Durante seu período sem clube, Flamengo, Vasco, Fluminense, São Paulo e Grêmio trocaram de treinadores. Nenhuma das equipes procurou Muricy até onde consta. Nada que, segundo ele, tenha merecido uma reflexão. 

"Custo benefício, meu filho"

Muricy explica cai-cai de técnicos: "falta convicção":

"Convite eu tenho, mas trabalhar por trabalhar? Não vou fazer isso. Se você olhar bem, para onde vou, escolho bem", afirma com menção à saída do Fluminense para o Santos quando diz ter dispensado o "maior contrato da vida". "As pessoas têm que saber que o cara ganhar bem não é crime. Às vezes o cara ganha bem e é pouco. É o custo benefício, meu filho? Pus jogadores para jogar que valia zero. Coloquei e saiu por R$ 30 milhões. Aí eu sou barato", repete um de seus mantras.

Mas foi justamente não lançar jogadores, principalmente, que o Santos optou por demití-lo em 31 de maio. Muricy Ramalho tinha em mãos a safra campeã da Copa São Paulo, mas praticamente não escalava nenhum deles. Depois de sua saída, nomes questionados como Miralles, Patito Rodríguez, Marcos Assunção, Henrique e  Guilherme Santos, por exemplo, perderam espaço. Gustavo Henrique, Leandrinho, Pedro Castro, Léo Cittadini, Neílton e Giva viraram opção. 

Muricy afirma ter lançado "mais de 20 jogadores", mas há um dado que diz o contrário. Em seus dois anos na Vila Belmiro, só um prata da casa saiu da base para o time principal e teve mais de 20 partidas: Victor Andrade, com quem o treinador se desentendeu e, neste ano, só utilizou três vezes. O tema irrita o treinador, que não concorda com os números e tampouco as críticas.

Muricy Ramalho sobre fama de chato: "não escolho palavras":

"Não tem autoanálise. Vocês da imprensa, quando falarem, têm que buscar lá. Põe lá no Google. Como que não põe para jogar? No São Paulo quem colocou o Breno e o Jean fui eu. O Oscar fui eu". Oscar? Sob o comando de Muricy, ele jogou em três partidas. Na primeira, agosto de 2008, 90 minutos. Nas duas seguintes, mais de um semestre depois, ele somou 15 minutos. "O Felipe Anderson foi o cara que mais jogou no Brasileiro comigo", cita sobre o meia lançado ainda por Marcelo Martelotte e que ficou marcado pelas broncas públicas que recebia.

Uma das razões para o São Paulo não ter procurado Muricy é justamente a postura em relação aos jogadores jovens. Que já tinha em 2008 e, como ele próprio disse, "não tem autoanálise". "O Corinthians foi campeão mundial com quantos jogadores da base? Que time põe nove da base em campo?", questiona Muricy Ramalho que, em 2011, perdeu por 4 a 0 para o Barcelona que tinha nove jogadores da base em campo. "Todo mundo aprendeu muito naquele dia", costuma dizer.

<p>Para Muricy, Tite é o melhor treinador do Brasil</p>
Para Muricy, Tite é o melhor treinador do Brasil
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Antes de deixar o Santos, no jogo que marcou a despedida de Neymar, Muricy ainda promoveu a estreia de Gabriel Barbosa, o Gabigol, entre os profissionais. Com 16 anos. O treinador aposta suas fichas no jogador. Cita, além da técnica e do chute de canhota, sua capacidade de ouvir os mais velhos. "Os moleques hoje são muito folgados. Chegam e não cumprimentam ninguém. Eu mandava todos, todos os dias, cumprimentarem o Edu Dracena. 'Vai lá e aperta a mão do capitão'", explica. 

Uma análise sobre a situação dos treinadores dos 12 maiores clubes do País indica que Muricy deve ter dificuldades para se recolocar no mercado interno nestes últimos quatro meses de temporada. Mais provável é voltar em 2014. Criterioso, ele diz não ter pressa e vai seguir em casa, com muito futebol pela televisão. Vai admirar o futebol de Seedorf e o trabalho de Tite, eleitos por ele os melhores do País. Sem autoanálise. 

Fonte: Terra
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