Ronaldinho faz 1 ano de Atlético-MG e comanda revolução no clube
O dia 4 de junho ficará definitivamente marcado na história do Atlético-MG. Foi justamente neste dia, há um ano, que um dos melhores jogadores do Brasil vestiu pela primeira vez a camisa do clube e mudou o rumo da história.
O meia Ronaldinho chegou ao Atlético-MG abatido, apagado e sem esperanças em uma agremiação que vivia os mesmos problemas, sem títulos há mais de 40 anos e pouco respeitada pelos adversários.
Hoje, no entanto, o cenário é diferente: o craque é reconhecido, novamente, como um dos melhores do país, cotado para a seleção e coloca novamente o time alvinegro em destaque, inclusive para o mundo.
Como tudo aconteceu
A chegada de Ronaldinho foi discreta. Em uma rápida rescisão com o Flamengo, clube que defendeu em 2011 e inicio de 2012, o atleta pintou no Atlético. O presidente do Atlético-MG, Alexandre kalil, estava no Rio de Janeiro quando teve um contato de Cuca, que já tinha conversado com Assis, irmão e procurador do jogador, e tentaria uma contratação.
Entre o término de relação com o rubro-negro e a apresentação no Atlético-MG foram apenas quatro dias.
Quando ninguém esperava, a diretoria do Atlético agiu de forma rápida e no dia 4 de junho helicópteros de empresas de televisão sobrevoavam a Cidade do Galo, centro de treinamento do clube, informando o acerto do atleta. Diferente do Flamengo, onde foi apresentado com muita festa, no alvinegro mineiro, o gaúcho chegou, colocou uniforme de treino e se juntou ao grupo. Após os trabalhos em campo ele vestiu oficialmente a camisa e escolheu que seu número seria o 49 – em homenagem a Dona Minguelina, sua mãe.
Logo no primeiro jogo com a camisa preto e branca a esperança pintou em cada torcedor. Ronaldinho entrou em campo contra o Palmeiras e nesta partida mostrou que o ano seria bom. Neste jogo fez passes precisos, se movimentou bem, colocou companheiros na cara do gol – sua especialidade -, e ajudou na vitória diante do time alviverde.
A primeira vez que encontrou com a torcida percebeu que o casamento daria certo. Com gritos de “Ronaldinho é o terror”, a massa colocou o meia para frente e ele gostou. Ronaldinho terminou a temporada de 2012 pelo Atlético-MG com 9 gols, vários deles com a assinatura do craque.
Destaque para o tento diante do Cruzeiro, maior rival do time em Minas Gerais, onde o gaúcho driblou três atletas antes de marcar um gol épico, lembrando seu tempo de Barcelona.
Criticado por vários torcedores e parte da imprensa esportiva, Ronaldinho mostrou seu potencial e seu poder de dar a volta por cima.
Terminou a temporada premiado, inclusive com a bola de ouro da Revista Placar. Além disso, ajudou o Atlético a voltar a disputar uma Copa Libertadores, competição que o clube não chegava há 13 anos, colocou o Atlético-MG como segundo melhor do Campeonato Brasileiro e valorizou seus companheiros – como por exemplo o jovem Bernard, hoje atleta de seleção e pretendido por times europeus.
Com Ronaldinho em campo, o Atlético tem saldo positivo: são 49 jogos, 28 vitórias, 13 empates e apenas oito derrotas. Além do destaque dentro de campo a vida fora dele também mudou.
Atualmente o Atlético tem repercussão internacional e vê sua marca se expandir mais. No inicio do ano o clube tinha propostas para fazer a pré-temporada em outro país. Nas viagens internacionais pela Libertadores, o cenário é sempre parecido: aeroportos lotados e fãs esperando o craque desembarcar.
E ainda conseguiu um bom contrato com fornecedor de material esportivo. O clube fechou com a Lupo por R$25 milhões por duas temporadas, segundo o presidente do Atlético-MG, um dos maiores. A animação do torcedor é tanta que a empresa passa dificuldade para produzir a demanda necessária.
Seu companheiro de elenco, Alecssandro, admite que sempre admirou o futebol de Ronaldinho. “Sou fã dele. É um cara admirável. Ele se encaixou muito bem no Atlético e deu um casamento perfeito com o clube e a torcida. É um cara simples, me chama de mano e é um irmão que ganhei. Às vezes ele não sabe a dimensão do que é ser o ‘Ronaldinho Gaúcho’. Enfim, é um cara que aprendi a gostar. Ele me disse outro dia que está muito contente aqui”, afirmou.
Para o preparador físico, Carlinhos Neves, a contratação deu certo por dois fatores principais. “Duas coisas importantes aconteceram: ele se adaptou rápido as regras do clube e o clube se adaptou ao jeito dele.
Ele tem um histórico bom, quase não teve problema de lesão, tem um quadro favorável a seu favor”, finalizou.
Momento Difícil
Durante a passagem pelo Atlético, Ronaldinho viveu um momento muito complicado dentro do clube. Ao ver sua mãe com um câncer, o atleta quase parou de jogar futebol. Porém, a força vinda das arquibancadas fez com que o jogador repensasse a situação. Durante uma partida do Campeonato Brasileiro, uma torcida organizada do Atlético preparou um cartaz coma foto do atleta com sua mãe e o texto: “Fé em Deus”.
“Aquilo me emocionou. Eles me deram força e me abraçaram. Naquele momento eu pensei: ‘agora eu vou com eles até o final’”, concluiu.