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Novato em alta no São Caetano, A. Carlos admite estar "perdido"

18 set 2009 - 16h59
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Logo depois de completar 40 anos, Antônio Carlos Zago assumiu finalmente a função que pretendia ocupar desde quando pensou em parar de jogador futebol. Treinador do São Caetano desde o início de junho, Zago tirou o time do Grande ABC da 16ª posição e o colocou na briga real pelo acesso à primeira divisão, o que não acontecia no Anacleto Campanella desde o rebaixamento em 2006.

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Antônio Carlos lidera o São Caetano que tenta retornar para a primeira divisão do Brasil
Antônio Carlos lidera o São Caetano que tenta retornar para a primeira divisão do Brasil
Foto: Reinaldo Marques / Terra

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Como quase todo iniciante em uma função, Antônio Carlos admite as dificuldades, inseguranças e situações novas que encontrou quando chegou ao São Caetano. Jogador do Santos em 2004, 2005 e 2007, diretor de futebol do Corinthians em 2008 e início de 2009, ele admite que o bom trânsito nos dois clubes tem ajudado a montar o elenco que pode levar seu time de volta para a Série A.

Antônio Carlos, que recebeu a reportagem do Terra para esta entrevista no Anacleto Campanella, explica ainda as principais influências em seu trabalho e como é trabalhar na atual realidade do São Caetano.

Confira a entrevista com Antônio Carlos na íntegra:

Terra - Você teve resultados ruins no início. Como foram as dificuldades nesse período?

AC - A primeira vez é difícil para todos. Foi pra mim quando comecei a jogar, depois ano passado como diretor, e agora, no início como treinador. No primeiro dia, fiquei meio sem jeito, apesar de toda a experiência que tenho no futebol. Me perguntava: "o que tô fazendo aqui?". Você fica perdido. Mas depois caminha normalmente, você fica mais à vontade na frente do grupo. O começo é complicado em tudo.

Terra - Você se sente feliz como treinador do São Caetano?

Antônio Carlos - Era o que eu queria. Depois que encerrei a carreira como jogador, tive o convite para trabalhar no Corinthians, mas queria mesmo ser treinador. Hoje, a equipe está a um passo do G-4. Espero que, no fim do ano, possamos festejar a volta do São Caetano para a Série A.

Terra - No Corinthians, você comandava o departamento de futebol. Essa experiência ajudou a entender melhor como fazer para liderar um grupo de jogadores?

AC - Sempre procurei tirar proveito da carreira de jogador, quis aprender muito, e lógico que a passagem como diretor no Corinthians me ajudou com relação a isso. Também a entender os bastidores, o que acontece fora das quatro linhas.

Terra - E valeu a pena?

AC - Foi uma experiência muito boa, um trabalho muito bom também. Mas hoje me sinto mais à vontade. Estou dentro de campo, onde passei 22 anos como jogador de futebol.

Terra - E como foi administrar essas dificuldades e os resultados ruins?

AC - Foi difícil pra mim, porque era minha primeira experiência como treinador e esperava começar com vitórias. Por outro lado, eu também sabia que no futebol nada é de uma hora pra outra e você tem que ter um tempo para que os jogadores possam entender teu esquema, possam te conhecer melhor. Tivemos a chegada de seis ou sete jogadores e tinha que ter um tempo até eles começarem a jogar. O mais importante é que a diretoria teve paciência. Com os jogadores à disposição, nos encontramos.

Terra - Hoje em dia a realidade do São Caetano é de um elenco modesto, sem muitos investimentos. Como tem sido trabalhar dentro desse contexto?

AC - Um bom time não se faz só com grandes jogadores. Quando cheguei aqui, contratamos seis ou sete jogadores escolhidos a dedo e que deram certo. O mais importante do São Caetano é que paga em dia e isso conta muito para os resultados aparecerem. É diferente de grandes clubes que passam 90 dias para você receber o salário de um mês.

Terra - E o que tem de vantagens e desvantagens?

AC - Aqui você tem essa tranquilidade e ao mesmo tempo não tem a pressão dos grandes clubes e dos grandes centros. Não temos muitos torcedores, o que por um lado é bom e por outro é ruim, já que jogador gosta de jogar para uma grande plateia.

Terra - As histórias recentes em Santos e Corinthians te ajudaram a buscar jogadores? Dos dois clubes vieram alguns dos seus reforços.

AC - Sim. E por eu ter parado há dois anos, conheço vários jogadores e tenho ótimo relacionamento nos clubes em que trabalhei.

Terra - Com quem isso ajudou, por exemplo?

AC - É o caso do Adriano, que conheço desde 2004 e vem jogando bem no São Caetano. Ele merece oportunidade em um grande clube como o Santos no próximo ano.

Tem ainda o Eduardo Ramos, que conheci no Corinthians e lá não jogou em sua posição, como tem jogado nesse ano. O Careca, que foi centroavante do Corinthians ano passado na Série B.

Isso ajuda, é o relacionamento que você faz no decorrer da carreira. Ajuda bastante para os jogadores terem confiança na pessoa com quem vão trabalhar.

Terra - No Corinthians também foi parecido?

AC - É diferente quando você tem proximidade. O grupo que montamos no Corinthians foi na base da amizade, porque os jogadores me conheciam, sabiam da minha pessoa, da minha capacidade e do projeto que tínhamos.

Terra - Qual a validade do teu contrato? E o plano, é ficar no São Caetano para 2010?

AC - Até o fim do ano. No futebol, você tem que trabalhar com um futuro próximo. Se eu colocar o São Caetano na Série A novamente, a intenção é permanecer ano que vem, até pelo relacionamento que tenho com o pessoal. Depende muito do resultado.

Terra - Arrumar a defesa é teu ponto forte como treinador?

AC - Por conhecer mais a posição, lógico que dá para acertar o time no setor defensivo para depois o ataque. Nos defendemos bem, mas jogamos com praticamente três jogadores no ataque, o que é difícil ver hoje. A experiência que tive na minha carreira, com grandes treinadores, jogando na Europa e vendo grandes defensores jogando, tem me ajudado.

Terra - Tem um pouquinho de Fabio Capello no teu trabalho?

AC - Tem! (risos). E o Telê, né? Foi o treinador mais importante na minha carreira, por ser no início, porque tinha paciência e procurava orientar e aconselhar os jogadores. Depois, dos outros que trabalhei, o Capello foi um dos melhores que tive na minha carreira.

Terra - Rapidamente, qual o momento mais difícil da tua carreira?

AC - Talvez tenha sido aquele com o Jeovânio no Juventude. Foi um erro que eu cometi, me pegaram também como exemplo.

Terra - Melhor time em que você jogou?

AC - A Roma de 2000/01. Era um espetáculo, com um ótimo jogador em cada posição. O Palmeiras também em 93 e 94 tinha um timaço, mas fico com o do Roma.

Terra - E que você viu jogar?

AC - A Seleção de 82. Infelizmente não conseguiram um Mundial, mas para mim foi o melhor time e seleção que vi jogar.

Terra - Um jogo que te marcou?

AC - Foi aquele 4 a 0 em cima do Corinthians na final do Paulista de 1993. Sofremos uma pressão muito grande naquele ano, porque o Palmeiras não conquistava um título havia 17 anos.

Terra - Um atacante duro de marcar?

AC - O Ronaldo é muito difícil de marcar. Joguei contra o Weah, do Milan, também muito difícil, e o Del Piero. Tinha o Romário também, se você dava um segundo de descuido, ele fazia o gol. Acho que Romário e Ronaldo foram os piores de jogar contra.

Terra - Para nós fecharmos, Aldair foi o melhor parceiro?

AC - Sim. E tenho amizade mesmo, coisa de irmão.

Antônio Carlos foi zagueiro de São Paulo, Albacete, Palmeiras, Kashiwa Reysol, Corinthians, Roma, Besiktas, Santos e Juventude.

Fonte: Redação Terra
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