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Rádio esportivo paranaense completa 80 anos de transmissão

2 set 2014 - 13h29
(atualizado às 19h12)
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Antiga Baixada foi palco da primeira transmissão esportiva no Estado
Antiga Baixada foi palco da primeira transmissão esportiva no Estado
Foto: Atlético-PR / Divulgação

A história da primeira transmissão esportiva paranaense completa 80 anos nesta terça-feira. Três anos após ter a primeira narração no país, o clássico mais tradicional do Estado, entre Coritiba e Atlético-PR, marca essa data histórica no futebol paranaense.

A inauguração do rádio, no Brasil, foi decretada oficialmente no dia 07 de setembro de 1922, como parte das comemorações do Centenário da Independência. Para que acontecesse a primeira narração esportiva, passaram-se oito anos, quando o locutor Nicolau Tuma, da Rádio Sociedade Educadora Paulista, realizou a transmissão.

Poucos relatos comprovam o início da transmissão esportiva no país. A principal vem de Edileuza Soares, autora do “A bola no ar”, que descreve como aconteceu esse fato inédito. “A transmissão coube ao locutor Nicolau Tuma, da Rádio Sociedade Educadora Paulista (primeira emissora de São Paulo, fundada em 1923), durante o VIII Campeonato Brasileiro de Futebol, em 1931. Jogaram as seleções de São Paulo e Paraná, no campo da Chácara da Floresta, no bairro da Ponte Grande, em São Paulo. Nesse dia, foi criada uma técnica para a transmissão direta de futebol”, relata no livro.

Gagliano Neto, sete anos depois, também deixou seu nome marcado na história, quando narrou a primeira partida de futebol para todo o país, em uma união de quatro emissoras – duas de São Paulo e duas do Rio de Janeiro. A transmissão aconteceu na Copa do Mundo de 1938, sediada na França, que reuniu as principais seleções do planeta e teve a Itália conquistando o bicampeonato.

As narrações, tanto de Tuma quanto de Neto, fizeram parte do amplo crescimento do meio radiofônico brasileiro, estendo a área esportiva, que teve o período conhecido como a “época de ouro” do rádio.

Atletiba histórico marca primeira narração

Na capital paranaense, há divergências de quando, de fato, aconteceu a primeira transmissão esportiva. Maí Nascimento Mendonça acreditava que esse acontecimento foi em 1933. Já Ubiratan Lustosa apostava que, três anos antes, era a data. Entretanto, no seu livro “O Rádio no Paraná”, o escritor admitiu que relatos de amigos convenceram-no de que 1934 ficou marcado por essa marca histórica.

Quem teve a ideia de realizar essa transmissão foi a Rádio Clube (PRB2) – a primeira emissora do Paraná e a terceira do Brasil. O clássico “Atletiba” aconteceu no dia 2 de setembro de 1934, pela 20ª edição do certame estadual, no Estádio da Baixada, no bairro Água Verde, onde está localizada atualmente a centenária Arena da Baixada, palco de quatro jogos da Copa do Mundo de 2014.

Os locutores do confronto foram Jacinto Cunha e Jofre Cabral, que se revezavam na transmissão do jogo. O estádio rubro-negro não tinha a estrutura necessária para essa novidade da comunicação. Portanto, o “jeitinho brasileiro” era necessário para que o equipamento técnico permitisse uma transmissão externa que durou mais de duas horas.

Cunha e Cabral precisaram improvisar um palanque que os permitissem ter uma visão ampla do campo da partida e, assim, identificarem os jogadores e suas jogadas. Para quem não pode estar no estádio atleticano, a irradiação foi retransmitida em alto-falantes instalados nos pontos de Curitiba, especialmente na Praça Tiradentes, que permitiu que os torcedores que não foram ao local pudessem acompanhar o clássico paranaense em uma nova sensação de comunicação.

O radialista e jornalista, Josias Lacour, aproveitou essa data histórica e escreveu o livro “80 anos de gol, a história do rádio esportivo no Paraná”, que terá lançamento no dia 30 deste mês, no Palacete dos Leões. “O projeto surgiu há dois anos. Comecei a pesquisar com autores, bibliotecas, notícias de jornais antigos e escrevi esse livro de mais de 350 páginas que relata esse feito histórico no Paraná”, conta.

O “tubo” e a modernização

Um ponto muito questionado nos dias atuais se deve às rádios que realizam a transmissão de partidas sem estar no local, conhecido como “tubo”. Na maioria das vezes, apenas o repórter é enviado ao palco do jogo, enquanto no narrador assiste e narra acompanhando pela televisão – o que pode prejudicar caso caia o sinal e seja preciso uma improvisação.

“Isso se fazia também no passado por não ter linha suficiente. Era sorteado. Mas existem várias histórias reais de profissionais que fizeram narrações sem estar nos locais e que, depois, viram que o fato era outro do que foi passado na hora. Por isso, sou a favor de fazer transmissão in loco sempre”, completa Lacour.

Já para Carneiro Neto, esse tipo de atuação é normal e econômica. “A primeira vez que vi esse formato foi na Copa do Mundo da Espanha, em 1982. É uma prática. A televisão acaba facilitando e economizando, o que fica viável para as rádios que não tem tanto suporte financeiro. Acredito que seja bom até pela falta de espaço adequado dos estádios”, acredita, citando a Vila Capanema e Couto Pereira com estruturas deficitárias para a imprensa.

Outra questão relembrada pelo radialista é pela cobrança da transmissão esportiva, que é adotado apenas para as televisões. O presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, já sinalizou para uma possível cobrança em futuro próximo tanto por parte da TV quanto da rádio – algo praticado por algumas equipes na Europa.

“Com certeza (é uma tendência). Se começarem a cobrar, e acho que vão, pois o metro quadrado destas novas arenas é caro e é preciso viabilizá-las. As rádios que não se estruturarem vão acabar sumindo e perder espaço mesmo. No fim, o futebol vai virar tudo no tal padrão Fifa”, aposta Carneiro Neto.

Fonte: PGTM Comunicação - Especial para o Terra PGTM Comunicação - Especial para o Terra
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