Bom Senso recusa greve e confia em lei com Dilma ou Aécio
O momento é de otimismo para os jogadores do Bom Senso FC. Apesar da dificuldade para conseguir mudanças no futebol brasileiro, o grupo entende que está perto de pequenos avanços. Seja com Dilma Rousseff ou Aécio Neves como presidente, é possível acreditar que a Lei de Responsabilidade Fiscal do esporte vai ser aprovada em breve, o que seria importante para controlar os gastos dos clubes brasileiros.
A ideia da Lei de Responsabilidade Fiscal é refinanciar as dívidas dos times brasileiros, que chegam a valores estratosféricos atualmente - alguns deles devem bilhões para a União. Porém, o Bom Senso exige uma série de contrapartidas para que os clubes sejam beneficiados com a lei.
Criado por jogadores, agora o movimento já tem diretores, que têm contribuído para as negociações. Ricardo Borges e Enrico Ambrogini estiveram na quinta-feira no Fórum Internacional Gols Pela Vida e explicaram o que tem atrapalhado a lei: eleições que pararam o Congresso e também a divergência sobre o gasto com a folha salarial dos atletas. "A situação é tão absurda que um grupo de atletas quer um teto salarial, mas os dirigentes não", comentou Ricardo.
Além disso, os dirigentes comentaram que o Bom Senso já pensou em fazer uma greve, mas desistiu da ideia, pelo menos enquanto a negociação sobre essa lei estiver acontecendo - afinal, eles têm sido ouvidos no Congresso e até já se reuniram com a presidente Dilma.
Veja a entrevista completa com Enrico para entender o momento atual do Bom Senso FC:
Terra: O futuro presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, disse que as datas Fifa continuarão ignoradas pelo menos até 2017. Como o Bom Senso viu essa declaração?
Enrico Ambrogini: Isso só prejudica o campeonato ou a Seleção. É isso que a gente não está entendendo. Seria mais fácil se a gente não se igualasse a Serra Leoa e Moçambique, como únicos campeonatos que não respeitam a data Fifa.
Terra: Essa declaração pode aumentar os protestos do Bom Senso?
Enrico Ambrogini: Os protestos aconteceram porque não éramos ouvidos. Agora, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, a gente está conseguindo sentar para conversar. A lei está sendo colocada com a visão do atleta. Então, como a gente está conseguindo evoluir, não tem nenhum protesto programado.
Terra: Ou seja, está descartada a possibilidade de greve?
Enrico Ambrogini: Se continuar como está, com essa postura de conversa, sem greve.
Terra: E o Bom Senso acredita que essa postura será mantida com qualquer presidente eleito neste domingo?
Enrico Ambrogini: A Dilma já mostrou apoio, sentou com a gente duas vezes. E no lado do Aécio, na parte do esporte, ele tem propostas que a gente quer. Se ele ganhar e cumprir, vai colocar bastante coisa que, na nossa visão, também é interessante. Mas ele não declarou publicamente se apoia ou não o Bom Senso. Então tem que ver se ele vai cumprir ou não. Mas o futebol está passando por mudanças e qualquer um que vencer vai querer fazer o melhor para a população no futebol.
Terra: Como está o contato do Bom Senso com jogadores que atuam fora do Brasil e estão na Seleção Brasileira?
Enrico Ambrogini: Nós entendemos que os selecionáveis têm dificuldades (para apoiar o Bom Senso) porque buscam vaga na Seleção, que é da CBF. O que a gente busca mostrar e eles têm que entender é que a CBF não é inimiga do Bom Senso. A gente está nesse momento de mostrar que o Bom Senso não é esse bicho de sete cabeças que fica brigando com todo mundo. A gente quer mostrar para esses jogadores que eles podem fazer a parte deles lá fora e brigar... não brigar, mas tentar lutar por um futebol melhor.
Terra: Como será o relacionamento do Bom Senso com o novo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero?
Enrico Ambrogini: Ouvi dizer que ele é uma pessoa muito aberta. As pessoas que conversam conosco têm acesso a ele. Hoje o nosso nomeado é o Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do Coritiba. Se ele perder a eleição no Coritiba, não sei como ficará. Mas se a gente tiver acesso ao Del Nero, pelo menos indiretamente, vai ser legal para nós.