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Brasileiro Série D

Do inferno ao céu: entenda a transformação do Londrina

19 out 2014 - 08h15
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Conhecida como quarta força do Paraná, o Londrina está perto de conquistar o acesso na Série D do Campeonato Brasileiro. Neste domingo, diante da Anapolina, no Estádio do Café, a equipe paranaense pode até perder por um gol de diferença que conquista a vaga na Série C, que não disputa desde 2005. No primeiro jogo, venceu por 2 a 0, fora de casa.

Londrina está invicto na Série D e a uma fase de conseguir o acesso
Londrina está invicto na Série D e a uma fase de conseguir o acesso
Foto: Londrina Esporte Clube / Divulgação

A equipe comandada por Cláudio Tencati, que é o treinador há mais tempo no comando de uma equipe do futebol brasileiro, com 41 meses, soma agora 81,8% de aproveitamento – a melhor entre todas as divisões do Campeonato Brasileiro. A campanha de 11 partidas tem oito vitórias e três empates, estando invicto na competição.

Jogando dentro de casa, o Londrina teve quatro triunfos e um empate. É o time que mais venceu no torneio e ainda conta com a melhor defesa, com apenas quatro gols tomados. O ataque também funciona, com 19 gols, e é o segundo melhor.

Já nas arquibancadas, a média do time alviceleste é de 3.479 torcedores por jogo. No ranking, o Londrina aparece na sexta colocação. Os ingressos para os jogos da temporada têm dois valores: R$ 40,00 na parte descoberta e R$ 80,00 na área coberta.

Para entender todo esse sucesso, que ainda tem a conquista do Estadual neste ano contra o Maringá, é preciso voltar no tempo. Em um passado recente, o clube chegou a cair para a divisão de acesso do Campeonato Paranaense, subindo há três anos, e sequer conseguia vaga na Série D. O calendário se limitava ao primeiro semestre, enquanto as finanças despencavam.

As dívidas trabalhistas em 2009 eram de aproximadamente R$ 12 milhões. Até os dias atuais, todo valor que entra e sai da conta é analisado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Atualmente, a dívida caiu pela metade e está perto dos R$ 6 milhões.

<p>Joel foi um dos destaques da equipe e acabou sendo vendido ao Coritiba</p>
Joel foi um dos destaques da equipe e acabou sendo vendido ao Coritiba
Foto: Celio Messias / Gazeta Press

Para isso, o Londrina adotou uma parceria em 2011 que mudou a cara do clube e contou com a ajuda de Barbosa Neto, prefeito cassado na cidade. A SM Sports, empresa de assessoria e consultoria esportiva, fruto da parceria de Sérgio Malucelli com o empresário Juan Figger, fechou contrato com o time até 2020, onde todo valor que entra nos cofres é dividido.

Os salários são pagos pelo parceiro e não existe problema de atraso. Tudo está rigorosamente em dia. Além disso, o clube utiliza a ótima estrutura do centro de treinamento da SM Sports na cidade e da ajuda do parceiro para buscar patrocinadores – sete hoje em dia.

“O Londrina era um gigante adormecido. Viemos com uma estrutura boa, o nome do Londrina ajudou bastante e isso tudo deu força. A parceria está dando certo”, afirma Malucelli. “Era o único caminho do clube. Não tínhamos mais condições de tocar o futebol e o Londrina devia muito”, completa Felipe Prochet, presidente do clube.

Antes de chegar à maior força do interior, a empresa já tinha feito essa mesma parceria com o Iraty, que chegou a ficar em terceiro no Estadual, além de disputar a Série D e Copa do Brasil. A saída aconteceu no ano que assumiu o Londrina e, desde lá, o clube despenca e já chegou a cogitar fechar as portas.

Para ter recursos, a fórmula é antiga. “Se não vender jogador, não sobrevive”, afirma Malucelli. Alguns casos reforçam essa ideia. O atacante Arthur passou pelo Paraná, Coritiba e, no momento, está no Flamengo. O volante Bruno Henrique, titular entre 2012 e 2013, foi para o Corinthians pelo valor de R$ 1,5 milhão por 50% dos direitos econômicos. O meia-atacante Weverton, revelação de 2013, seguiu para o América-MG. O ala esquerdo Wendell, que ficou três anos no Londrina, rendeu 2,2 milhões de euros na venda ao Bayer Leverkusen neste ano. Agora, o camaronês Joel. Artilheiro do título estadual de 2014,o atacante faz escala no Coritiba antes de ir para a Alemanha em 2015.

Nova determinação da Fifa

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, anunciou no mês passado, em Zurique, que será proibida a participação de investidores nos direitos econômicos de jogadores de futebol. O período de transição ocorre até março e o prazo para o mercado se adaptar ao novo sistema vai variar entre três e quatro anos, ou seja, de seis a oito janelas de transferências.

<p>Londrina deu trabalho para o Santos na Copa do Brasil deste ano</p>
Londrina deu trabalho para o Santos na Copa do Brasil deste ano
Foto: Celio Messias / Gazeta Press

Esse investimento de terceiros em direitos econômicos de atletas é vetado em alguns países europeus, como são os casos de França e Inglaterra. Na Alemanha, por exemplo, existe uma limitação na participação nos fundos. Espanha e Portugal, por outro lado, não possuem essa restrição. Os portugueses têm 36% de seu mercado controlado por grupos.

No Brasil, entretanto, ainda não há algo que detalhe exatamente esse percentual fatiado entre grupos e clubes de futebol, mas especula-se que chegue a 80%. A causa é vista por bons olhos por Sérgio Malucelli, presidente da SM Sports. O dirigente pede para a Fifa olhar para a questão dos empresários. Malucelli, que também é deste ramo, critica o modo como alguns profissionais agem com os clubes.

“É uma boa medida, mas não é a mais importante. O empresário também precisa ter algo regulamentado, na procuração do atleta. Acredito que isso vai beneficiar os clubes, porque ele precisa ser mais independente e uma grande parcela está nas mãos de empresários. Os problemas financeiros que clubes enfrentam, muitas vezes, são justamente nesta negociação com esses profissionais, que abusam do preço do passe e dos altos salários. Difícil ter meio termo. Essa determinação vai melhorar esse aspecto, mas é preciso fazer mais e focar no trabalho dos empresários e agentes”, analisou.

Fonte: Terra
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