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Pontos corridos ou mata-mata? Veja prós e contras e opine

Desde 2003 a Série A é disputada nos pontos corridos. Porém, maioria dos fãs de futebol tem saudade do torneio com semifinais e finais

10 mai 2015 - 07h52
(atualizado às 07h52)
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A polêmica em torno de uma possível volta do sistema mata-mata ao Campeonato Brasileiro, como chegou a cogitar neste ano o atual presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, reacendeu uma antiga discussão no futebol nacional. Afinal, qual é a melhor fórmula de disputa para a principal competição do País? Os pontos corridos, que tendem a premiar o time mais regular, planejado e completo, ou o mata-mata, que joga campanhas e favoritismos pela janela em jogos finais emocionantes?

Personalidades como o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, e o técnico do Palmeiras, Oswaldo de Oliveira, já se manifestaram contra o retorno do sistema eliminatório ao Campeonato Brasileiro. Mas pesquisas com torcedores apontam que a maioria dos fãs de futebol tem saudade do torneio com semifinais e finais. Veja pontos positivos de cada modelo de disputa, e comente: pontos corridos ou mata-mata?

PONTOS CORRIDOS

Rogério Ceni conquistou três títulos nacionais por pontos corridos
Rogério Ceni conquistou três títulos nacionais por pontos corridos
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press

1. Justiça ao time mais regular

Para ser campeão brasileiro hoje, não basta ter um bom time titular, uma torcida que apoia ou uma camisa pesada. É necessário algo que, há alguns anos, era visto como secundário: planejamento. Talvez com exceção do Flamengo de 2009, os campeões brasileiros da era dos pontos corridos (desde 2003) são os times que montaram um elenco mais amplo e uma estrutura mais sólida. Não é preciso vencer os rivais diretos na briga pelo título – o importante é manter a regularidade rodada a rodada, sem deixar o ritmo cair demais.

2. Média de público é bem superior

Ao contrário do que pode sugerir o senso comum, o Brasileiro de pontos corridos tem apresentado resultados de público superiores, na média, em relação às edições de mata-mata. Um exemplo: os três últimos campeonatos da "era mata-mata", 2000, 2001 e 2002, tiveram médias de 11.546, 11.400 e 12.886. Já no ano passado, esse número foi bem melhor: 16.555. O torcedor aprendeu a não comparecer apenas em finais.

Torcida do Palmeiras vem comparecendo ao Allianz Parque
Torcida do Palmeiras vem comparecendo ao Allianz Parque
Foto: Leonardo Benassatto / Futura Press

3. Permite um planejamento completo da temporada

Com os pontos corridos, cada clube sabe exatamente quando começa e quando termina o campeonato. Isso prioriza os clubes que fazem um planejamento a longo prazo, dosando os titulares em momentos cruciais da temporada e guardando energias para momentos mais duros do ano. Além disso, impede que times eliminados precocemente fiquem vários meses em inatividade, o que acarreta em prejuízo técnico e financeiro.

4. Todo jogo é importante e decisivo

Não existe jogo mais ou menos importante. Claro que um confronto direto com um adversário que briga pelo título ou contra o rebaixamento vai ganhar ares de decisão, mas, pensando racionalmente, todas as partidas valem os mesmos três pontos. Isso obriga o nível de concentração a estar sempre elevado e também favorece o nível técnico das partidas, já que poucos jogos são desinteressantes – normalmente, só nas rodadas finais alguns times ficam sem objetivos no campeonato.

5. Todos os outros torneios do Brasil já são mata-mata

O País não precisa de mais um torneio nos moldes do mata-mata. Para a emoção do imprevisível, já existem os Estaduais, a Copa do Brasil, a Libertadores e a Sul-Americana, todos com sistemas eliminatórios, finais e decisões memoráveis. O Campeonato Brasileiro tem como função apontar o melhor time do Brasil, e faz isso com o sistema que favorece a justiça e a regularidade ao longo do ano: os pontos corridos.

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MATA-MATA

Robinho liderou o Santos na conquista da última edição de Brasileiro em mata-mata
Robinho liderou o Santos na conquista da última edição de Brasileiro em mata-mata
Foto: Ivan Storti / Divulgação Santos FC

1. Fase decisiva é imprevisível e emocionante

É inegável que decidir um título ou uma classificação em um único jogo – às vezes, em um único lance – é extremamente emocionante, parte do que torna o futebol um esporte tão admirado. Um favorito pode ter um dia ruim, sofrer um gol bobo e cair diante de uma equipe bem inferior. Um jogador que nunca agradou pode entrar e ser decisivo na eliminação de um arquirrival. Para quem gosta de emoção na reta final de um campeonato, o mata-mata é garantia de sucesso.

2. Público lota estádio nas finais

É verdade que a média de público do mata-mata costuma ser inferior à dos pontos corridos, e que alguns jogos na primeira fase atraem praticamente nenhum interesse do público. Mas quando os jogos eliminatórios entram em cena, o cenário muda radicalmente: é certeza de estádio lotado e festa nas arquibancadas. A reta final de uma competição assim incendeia as torcidas envolvidas e assegura que não haja casa vazia na hora da decisão.

3. Diversidade de campeões tende a ser maior

Em um campeonato de pontos corridos, a tendência é que, ao longo dos anos, alguns times se consolidem na disputa pelas primeiras posições. É mais raro que uma surpresa apareça para ameaçar o pelotão de cima. Já no mata-mata, até uma equipe que se classifica em sétimo ou oitavo pode surpreender e chegar ao título – foi o caso do Santos de 2002, que revelou Diego e Robinho. Se você é contra hegemonias no futebol, o mata-mata é mais favorável para dar diversidade ao rol de campeões.

Atlético-MG de Lucas Pratto se acostumou a fazer o "impossível" no mata-mata
Atlético-MG de Lucas Pratto se acostumou a fazer o "impossível" no mata-mata
Foto: Bruno Cantini/ Atlético-MG / Divulgação

4. Cria partidas lendárias no imaginário do torcedor

Quando torcedores lembram de um jogo marcante, que ficou na história e na memória de uma geração, normalmente é uma partida decisiva, que definiu um título, uma classificação heroica ou uma eliminação de rival. Em um mata-mata, é mais fácil de identificar os momentos decisivos da competição – já nos pontos corridos, todo jogo vale a mesma coisa. Claro que algumas partidas também ficam na memória – como o Santos 4 x 5 Flamengo de 2011 –, mas os pontos corridos valorizam mais campanhas estáveis do que momentos de brilho.

5. Abriria mais espaço para outras competições

Uma competição mata-mata, com apenas um turno de disputa entre as equipes antes da fase eliminatória, reduziria o número de datas necessárias para se fazer o Campeonato Brasileiro – das atuais 38 datas, a quantia poderia cair para 25 ou 26. Isso abriria espaço no calendário para que outras competições não ficassem tão inchadas – uma boa para quem defende a manutenção dos Estaduais como grandes torneios, ou para quem acha que um tempo maior de descanso entre os jogos melhoraria a qualidade do espetáculo.

E aí? Qual sua opinião? Comente!

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Fonte: Terra
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