Entrevista: Cafu, o último grande lateral-direito?
Chega a ser irônico: enquanto boa parte dos clubes brasileiros vivem problemas na lateral-direita, o maior especialista da função está há um ano sem jogar. Cafu, 38 anos, desde que deixou o Milan, atravessou dificuldades pessoais sérias, ao mesmo tempo em que viu seu nome envolvido em especulações com Santos, Barueri, Santo André, Palmeiras e Juventude.
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Nessa entrevista exclusiva ao Terra, o homem que jogou as últimas quatro Copas do Mundo e detém o recorde geral de atuações, 148, com a camisa da Seleção Brasileira, conta que ainda não está completamente certo sobre a volta aos gramados e também cita quais foram os clubes que, efetivamente, o procuraram para um acerto.
"Quando cheguei ao Santos, a informação que tive é de que sondaram o Cafu e a negociação não deu certo. Ele mesmo é que não aceitou porque tinha outras coisas a fazer, mas acho que ele tem espaço no futebol brasileiro. É um exemplo de profissional, de perseverança, e por onde passou foi um vencedor. Fisicamente bem, sempre vai ter espaço no mercado", elogia Vágner Mancini, treinador santista.
Confira a entrevista com Cafu na íntegra:
Terra - Quem realmente te procurou para acertar?
Cafu - Só recebi propostas mesmo de Santos e Barueri.
Terra - E por que você acertou? Foi por não acreditar nos projetos ou por outros motivos?
Cafu - É claro que quero jogar em equipes competitivas, mas foi por problemas familiares realmente que não acertei. Não tinha condições de jogar. (NR: em um ano, o jogador perdeu os pais e a avó)
Terra - Daria preferência para algum clube em especial?
Cafu - Para um clube em si, não, mas queria continuar morando em São Paulo.
Terra- Mas, superados os problemas extra-campo, você já definiu se volta a jogar? Como está sua cabeça?
Cafu - Para falar a verdade, não decidi. Tenho algumas decisões a serem tomadas e, realmente, estou naquele vai não vai, se volto a jogar ou não. Mas minha cabeça está ótima.
Terra - A parte física nunca foi problema para você. Como está agora?
Cafu - Só vou ver quando entrar em campo (risos).
Terra - Então está na hora de voltar, não é?
Cafu - Se voltar agora, estou em condições ideais. Não tenho dúvidas de que posso corresponder em alto nível.
Terra - Vários clubes brasileiros têm problemas na sua posição. Como vê isso?
Cafu - Não acho que seja tanto. Uns clubes têm jogadores em formação, outros são mais experientes, mas não seria uma crise.
Terra - E quem você gosta de ver jogar entre os laterais-direitos?
Cafu - Gosto muito de assistir, analisar os jogadores. Acho que o lateral é muito pouco valorizado, porque é uma das funções que mais exigem em campo. Agora, se eu falar um nome, estaria sendo injusto com outros (risos).
Terra - Você foi recusado em quase uma dúzia de peneiras até se tornar jogador do São Paulo. Compara os dois momentos de alguma forma? A Copa de 2006 te prejudicou?
Cafu - Acho que não, nem tem comparação. Hoje estou muito mais confortável. E a Copa, dizer que me prejudicou ou prejudicou alguém é um exagero. Dei seqüência depois, fui campeão no Milan.