PUBLICIDADE
Logo do Grêmio

Grêmio

Favoritar Time

Rospide exalta vitórias com Grêmio e quer reconhecimento

16 mai 2009 - 11h02
(atualizado às 12h38)
Compartilhar

Uma vida toda dedicada ao futebol e, mais precisamente, às cores gremistas. Assim pode ser definida a de Marcelo Rospide, treinador interino do Grêmio em sete partidas e que, neste sábado, contra o Atlético-MG, se despede do cargo que será ocupado por Paulo Autuori.

» Treinadores tampões, interinos se destacam em 2009

» Grêmio corre para manter meia Souza

» Conmebol divulga datas e horários da Libertadores

» Opine: ser interino é uma boa?

Em seis jogos já disputados com o Grêmio, Rospide venceu cinco e empatou um. Autuori, a ser apresentado na segunda-feira no Estádio Olímpico, receberá a equipe nas quartas-de-final da Copa Libertadores, afastando o princípio de crise que rondava o clube depois da terceira derrota em Gre-Nais de 2009 e a demissão de Celso Roth.

Em entrevista exclusiva ao Terra, Rospide conta mais sobre sua história no futebol, as expectativas criadas com o comando do Grêmio e também cita detalhes que mudaram em relação ao trabalho de Roth.

Terra - Conte um pouco mais para nós a respeito de sua trajetória no futebol.

Marcelo Rospide - Sou muito identificado com o Grêmio e tenho uma trajetória de 26 anos aqui. Entrei garotinho em escolinhas e já jogava em equipes competitivas das categorias de base. Fui atleta amador do clube, joguei juvenil e, no júnior, encerrei a minha carreira.

Então comecei a estudar, fiz dois anos de filosofia e passei para educação física. Foi quando entrei como estagiário do clube, em 93, nas escolinhas. Virei técnico já ali e, sucessivamente, fui auxiliar dos juniores, técnico do juvenil, técnico dos juniores, dos aspirantes e, em 2005, fui promovido a auxiliar técnico e observador com o Mano (Menezes) chegando para a Série B. Em 2009, o Roth me colocou como auxiliar principal.

É uma história, né? De 38 anos de vida, são 26 no clube e tive mais de 25 títulos.

Terra - Então você sequer chegou aos profissionais como jogador?

Marcelo Rospide - Não. Parei de jogar em 90 e ainda tentei em outros clubes, fui para o Rio de Janeiro para tentar jogar no América e também em Caxias, com o Juventude. Eu tinha também a opção de estudar e trabalhar e foi o que preferi, porque o futebol era uma aposta.

Nessa época, não tinha empresário, a gente mesmo é que corria atrás e optei por estudar e seguir uma carreira de treinador. Construí isso em 15 anos. Tive testes nos clubes e poderia ficar, mas optei por voltar para Porto Alegre.

Terra - Em qual posição você jogava?

Rospide - Eu jogava de centro-médio, estilo cabeça-de-área mesmo. Camisa 5.

Terra - Então vamos falar mais do momento. Qual foi a sua maior dificuldade agora comandando o Grêmio?

Rospide - A primeira dificuldade foi de, no momento de transição, com a saída do Celso, remobilizar o grupo e manter o foco na Libertadores, que é nossa competição principal. Existia uma instabilidade pela saída do treinador, uma ansiedade, uma expectativa deles com o meu trabalho.

Mas por outro lado, o grupo se mostrou extremamente profissional, teve um caráter fantástico e aceitou meu comando. Como se diz, fechou comigo, entendendo a importância da situação. A partir dessa relação, o trabalho se desenvolveu com mais facilidade.

Além dessa coisa, a responsabilidade de entregar o time classificado na primeira fase e depois nas oitavas. Qualquer coisa que saísse errada, a responsabilidade ia ser minha. Iam creditar isso à inexperiência e incompetência, mas graças a Deus deu certo e a gente soube conduzir da melhor forma. Tivemos uma campanha de 13 gols pró e um gol sofrido.

Terra - Você não mudou praticamente nada do que o Roth fazia em termos de escalação. Tinha alguma coisa errada no time?

Rospide - A questão foi bem de resultado e o que mudou, mesmo, foi a fixação do Maxi como atacante. Com o Celso era o Alex (Mineiro) que atuava. Na verdade, o que muda é a forma de conduzir o trabalho e o planejamento todo foi de minha responsabilidade. Não é só escalar, é preparar a equipe e a montagem se diferenciou, apesar de a equipe ter a mesma formação. Eu coloco a equipe de outra forma.

Terra - Nessas mudanças, o que você ressaltaria?

Rospide - Destacaria uma compactação defensiva forte e uma transição mais rápida entre defesa e ataque. E o que houve na Libertadores foi o aumento do nosso número de gols.

Terra - Você concordou com a saída dele?

Rospide - Na verdade, acho que não está em questão concordar ou não. O futebol é movido pelo resultado e o Celso vinha invicto na Libertadores e ia bem, mas no Gaúcho não teve êxito. Não ganhamos três Gre-Nais e isso gerou uma crise. A decisão é da diretoria, mas se criou um ambiente e a relação da torcida não era boa. Nada a ver com parte técnica ou tática, algo mais pessoal.

Terra - Você ganhou muita projeção pelas vitórias com o Grêmio. Quais são teus planos para o futuro?

Rospide - No momento, o que planejo é uma valorização da direção no sentido de que eu permaneça no clube ajudando o Paulo (Autuori). A partir daí, aguardar, porque tenho um prazo razoável para ficar no Grêmio. Nesse momento, algumas portas começaram a se abrir e estamos no mercado. Vamos aguardar o que é melhor.

Terra - Teve esperança de ser efetivado? Como lidar com essa expectativa?

Rospide - Já tínhamos mais ou menos as definições da direção como certas, embora os resultados muitas vezes conduzam a opinião pública para outro lado. Se perguntaram se precisaria mesmo de outro técnico, mas a direção realmente queria o Paulo. Vi como oportunidade de mostrar meu trabalho e tinha comigo, fazer esses jogos, conseguir os resultados, e esperar o reconhecimento das pessoas e da direção.

Não tive esperança de ser o treinador. Conheço bem o mercado do futebol, não é tão simples. O Grêmio exige um treinador de mais nome e quem sabe eu posso ser em outro momento.

Terra - O que está esperando do trabalho com o Autuori? Já falou com ele?

Rospide - Não tivemos contato ainda, mas a expectativa é a melhor possível. Pelas informações que temos e pelo que conhecemos do trabalho dele, é um cara vencedor, agregador. É bem quisto por onde passa e tem um amplo conhecimento tático e técnico. Terra - Você sabia que, nos títulos de Libertadores com São Paulo e Cruzeiro, ele também pegou o time no meio do torneio? É um bom presságio pra vocês?

Rospide- O momento para ele é bom (risos). As coisas estão bem encaminhadas, é só ele fazer os ajustes que julgar benéficos.

Terra - Você foi muito criticado no domingo pelo jogo contra o Santos. Isso te chateou?

Rospide - Não chatearam. Em primeiro lugar, como profissional, tenho que ter convicção e não ficar alheio às outras opiniões. Acho que o Grêmio fez um bom jogo, aberto, e teve chances para os dois lados. Tivemos o jogo na mão, porque conseguimos o gol da forma como eu pensava e o Santos dificilmente empataria com bola rolando. Fez o gol com o talento do Molina.

Foi um jogo muito equilibrado e o Santos é candidato a buscar o título, com certeza. Então vi as vaias como naturais.

Terra - Mas afinal, qual era teu objetivo em tirar o Jonas, atacante, e colocar o Túlio, que é volante?

Rospide - Naquele momento, entendia que estávamos perdendo o meio-campo e não conseguíamos marcar o Germano e o Roberto Brum, os volantes deles. Eu precisava adiantar a marcação e coloquei o Túlio para ajudar o Tcheco e liberar o Souza. Ganhamos a meia cancha e seguimos criando. O time teve até outra chance de gol no final.

Terra - Foram cinco jogos de Libertadores e cinco vitórias. Como se sente com esses números?

Rospide - Me sinto bastante satisfeito com o resultado do trabalho e isso para mim vem comprovar o tempo que me preparei para chegar onde cheguei. E consegui ter uma resposta positiva. É um sentimento de satisfação, sair da Libertadores com cinco vitórias em cinco jogos.

Rospide: em seis jogos, cinco vitórias e um empate no comando do Grêmio
Rospide: em seis jogos, cinco vitórias e um empate no comando do Grêmio
Foto: AFP
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade