Flu vive crise política e deve ao seu patrocinador
Em campo, atuações desastrosas, eliminações precoces e uma torcida insatisfeita. Tudo isso é reflexo do que vive o Fluminense internamente. A política ferve nas Laranjeiras, o clube periga perder seu milionário patrocinador e o presidente Roberto Horcades vê, a cada dia, seu poder se enfraquecendo.
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Há uma semana, na eleição do Conselho Deliberativo para benemerência, dos pouco mais de 130 conselheiros, Horcades conseguiu o título de sócio benemérito, mas teve 42% de rejeição. Seu maior aliado, o vice-presidente geral, José de Souza, virou oposição. Ele e seu grupo - o mesmo que garantiu a reeleição do cartola - não o apóiam mais.
O quadro político do Fluminense atualmente é formado por correntes (situação, oposição, Ideal Tricolor, Flusócio e Vanguarda Tricolor) que não falam a mesma língua. Dono de uma dívida de R$ 320 milhões - de acordo com o último balanço - o clube periga ainda perder seu mecenas.
Celso Barros, presidente da Unimed, empresa médica que só este ano está gastando R$ 18 milhões com direito de imagem (salários dos principais jogadores), já acena com a possibilidade de não renovar em dezembro. Há, porém, uma delicada questão a ser equacionada: a Unimed usa seu braço financeiro, a Unicred, em operações como empréstimos bancários aos tricolores.
Estima-se que o Fluminense esteja devendo R$ 14 milhões à empresa. Parte deste valor diz respeito à dívida com o ex-goleiro Diego e com a Companhia Docas.
"Só no último ano, o Fluminense aumentou a sua dívida em R$ 40 milhões", entrega o vice geral José de Souza.
Além de administrar a crise interna política, a relação com o patrocinador também não é nada saudável. Facções do clube reprovam o modelo de gestão da Unimed. Insistem que o dinheiro deveria entrar na conta mensalmente - e não pagando salários de jogadores e técnicos.
No meio do fogo cruzado, entra a Traffic, parceira do clube na contratação de jogadores de menor investimento. Fernando Gonçalves, executivo da empresa, não tem boa relação com Celso Barros, que, por sua vez, não morre mais de amores por Horcades e vice-versa. Atualmente, Celso mantém relação estreita apenas com o vice de futebol Tote Menezes. Parte do racha político se deve ao modelo da parceria com a Unimed.
"Não aprovo essa parceria. Queremos dinheiro na mão para contratar quem a gente quiser, e não receber uma coisa pronta", disse José de Souza, insinuando que Celso Barros contrata quem ele quer e ainda por cima costuma opinar na escalação do time.