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Adriano põe regalias em xeque no futebol carioca

11 jun 2009 - 09h54
(atualizado às 10h32)
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Os recentes sumiços do atacante Adriano, do Flamengo, trouxeram à tona a velha discussão acerca dos mimos excessivos aos jogadores de futebol. Não o jogador considerado comum. E sim o diferenciado. O futebol brasileiro, aliás, é pródigo em alimentar regalias como as vividas pelo atacante no clube rubro-negro e por Romário nos tempos de Fluminense e Vasco.

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O pensamento é claro - por mais estranho que possa parecer. O craque faz o quer - desde que jogue - e o clube aceita acreditando que a contrapartida desse acordo sejam os gols que o restante do grupo não é capaz de fazer. O tema, no entanto, levanta discussão. Se Cuca, técnico do Flamengo, teve a autoridade desrespeitada, a diretoria fez vista grossa. Mas fica a pergunta: é ou não nocivo ao futebol determinado jogador ter tratamento diferenciado?

"A falta de profissionalismo é gritante hoje", criticou o ex-jogador e técnico Carlos Alberto Torres. "Joguei 12 anos com Pelé e posso dizer de cadeira: Pelé sempre foi exemplo. Naquela época, já tinha os compromissos dele, e assim mesmo nunca deixou de treinar, nunca chegou atrasado", diz.

Capitão do Brasil tricampeão mundial, em 1970, no México, Torres lamenta que as regalias sejam cada vez maiores no futebol brasileiro.

"É uma vergonha. A Europa dá um banho na nossa estrutura. Tenho certeza que esses mesmos caras que passam a mão na cabeça dos jogadores não aceitam que um funcionário da sua empresa cometa uma indisciplina parecida", observou o ex-jogador, que na Gávea conviveu com as regalias de Edílson e Petkovic em 2001.

Ontem, Kleber Leite, vice de futebol do Flamengo, minimizou o episódio. Alegou que Adriano deu suas justificativas pela ausência nos dois turnos de treino de terça-feira. No meio do fogo cruzado, o treinador fica sem saber o que fazer.

"O Cuca tem que deixar isso na mão da diretoria. Deve se preocupar apenas com o treino. Tem muito diretor para ver isso", comenta Torres.

Antônio Lopes, em quase 30 anos de carreira, trabalhou com craques como Roberto Dinamite, Zico, Edmundo, Romário e Donizete. Qualquer regalia a um destes jogadores, limitava-se, garante o treinador, do campo para fora.

"Comigo ninguém tinha tratamento melhor que o outro. Eu exigia que todos treinassem. Quando pisavam na bola, pedia que mexessem no bolso deles. Aí o jogador aprendia", lembra Lopes, completando: "O técnico deve, sim, tomar a frente da situação. Não deve permitir regalias para ninguém.

No Fluminense, entre 2002 e 2003, Romário fazia o que bem entendia, as regalias estavam no contrato. Praticamente, só aparecia no dia do jogo.

Castor dava dinheiro

No tempo do bicheiro Castor de Andrade, no Bangu, seus pupilos eram tratados a pão-de-ló. Quando Marinho, craque do time, perdia dinheiro no carteado, Castor o remunerava com o mesmo valor temendo que o ex-ponta não rendesse. Com o tempo, passou a dar dinheiro a todos os jogadores que gostavam do carteado.

"Assim, quando alguém perdia, perdia o dinheiro do Castor", entrega Mário Marques, hoje treinador dos juniores do Fluminense e ex-jogador do Bangu.

Em poucas semanas de Gávea, Adriano já faltou a treinamentos e provocou crise com Cuca
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Foto: Reinaldo Marques / Terra
Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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